Novos começos

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"Sou dura comigo, coloquei meu coração em uma prateleira
Porque eu esqueço que eu preciso de amor
Deixo todas as memórias
No escuro
Porque eu sei que posso fazer isso todos os dias"

Sasuke não era bom com palavras, e isso não era nenhuma novidade. Não se lembrava direito se quando era criança falava tanto, talvez sim. Ele começou a diminuir o valor das palavras depois que sua família havia morrido. Afinal, o que seria mais importante do que comunicação? Se nem aquilo havia bastado para evitar um massacre, o que seria? Por isso, guardava grande parte dos seus pensamentos para si, e nunca pensava muito no que dizer, pois não na maioria das vezes não queria dizer algo.
Mas naquele momento, pareceu importante.

-Faça com que ela fique acordada.- disse Sai virando a cabeça para olhar  Sakura, que estava nos braços do Uchiha. O garoto pálido guiava o caminho em cima do pássaro de tinta que havia invocado com um jutsu.

Sasuke não era do tipo de pedir ajuda e nem nada, mas como a situação era urgente, engoliu o seu orgulho.
-Como faço isso?- tentou não deixar o nervosismo evidente no tom de voz.

-Faça com que ela pense, fale um pouco. Algo com que o cérebro dela fique acordado.

Sasuke olhou para Sakura que ainda estava de olhos fechados, com uma expressão de dor. A mão dela ainda estava agarrada em sua camisa. O sangramento havia diminuído, mas não significava que o machucado estava bonito.

-Sakura.-chamou. Não sabia se ela tinha escutado, porque se tinha, não havia demonstrado reação. Devia estar doendo muito mesmo. Mas continuou falando mesmo assim.

-Não durma.

Sai se virou e levantou as sobrancelhas como se dissesse "É sério? Isso é o melhor que pode fazer?". E Sasuke bufou.

Com os lábios, sem fazer nenhum som, Sai completou dizendo "Qualquer coisa".

Então Sasuke usou a primeira coisa que lhe veio a mente.
-Minha comida favorita é tomate. E a sua?

-Shiratama Anmitsu- mas quem respondeu não foi Sakura, foi Sai. Sasuke apenas o fuzilou com os olhos. Sai voltou sua atenção para a frente depois de sibilar um "Desculpe, foi automático".

Mas os olhos do Uchiha se suavizaram quando ele escutou uma risada fraca vindo da garota.

-Ele está certo, gosto de doces.- os olhos dela estavam sonolentos.

-Eu sei- Sasuke disse antes de pensar. Não conseguiu segurar uma careta.- Não sou muito fã.

-Eu sei- ela disse o imitando. A mão dela ainda segurava a camisa dele. Isso o aliviou um pouco, se ela ainda tinha alguma força, tinha que ser um bom sinal.

Sasuke mordeu a bochecha, nervoso. Tinha que fazer com que ela continuasse falando.

-Está doendo muito?- tentou preencher o silêncio mas quase deu um tapa em sua própria testa. O ombro dela estava quase aberto, obvio que estava doendo.

-Apenas um pouco.- disse ela soltando uma risada nasal. Significava que estava doendo para caramba.

-Por favor, não feche os olhos. Sabe que Naruto me mataria se eu deixasse você morrer.- tentou amenizar o clima.

-Não vou morrer Sasuke- ela tentou passar confiança mas tudo foi por água abaixo quando sua garganta vacilou.- Apenas me mantenha entretida.

-Como posso fazer isso?

-Me fala qualquer coisa. Algo sobre você.

Sasuke sentia que, ao mesmo tempo que conhecia Sakura, não a conhecia. Ele sabia quem ela era, e de algumas manias, mas não sabia muito sobre coisas básicas, como qual era sua cor favorita ou suas preferências. E pensou que talvez ela sentisse o mesmo em relação a ele.
Ele não queria que ela falasse muito para não esforçar, então preencheu o silêncio com a sua voz.

Onde as Cerejeiras Florescem (Meu Sonho Meu Pesadelo) Onde histórias criam vida. Descubra agora