Capítulo 17

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Bakugou bocejou, rolando na cama de solteiro que agora pareceu muito espaçosa. Na noite anterior, ele e Eijirou dormiram juntos, se apertando no colchão pequeno. Foi um momento extremamente gay de sua vida e ele queria muito fingir que se arrependia, ou que foi algo só de ontem e agora ele voltaria a ser tão mal humorado quanto antes.

Mas não conseguia.

Acordar sozinho na cama pequena já era solitário, e ele estava fazendo planos para comprar uma cama de casal e pensando qual quarto era mais espaçoso para ficarem os dois juntos num só.

Talvez pudessem transformar o quarto que sobrasse num escritório para estudarem? Colocar espelhos nas paredes e fazer uma sala de dança e malhação para Eijirou? Talvez comprar um projetor e organizar uma salinha de cinema para eles em casa?

Quem Bakugou queria enganar se fingindo de durão? Ele era o maior boiolinha da história!

A sua boa vontade e felicidade foi logo abalada quando escutou um som alto tocando na sala. Kirishima não tinha deixado-o sozinho na cama uma hora dessas da manhã pra começar a dançar na sala, tinha?

Bakugou bufou, sabendo que era bem típico do outro acordar cedinho de manhã, alongar e começar a dançar em dias completamente aleatórios. O ritmo agitado da música que tocava só confirmava sua suspeita.

Depois de alguns minutos, no entanto, Bakugou reconheceu o toque e a letra. No mesmo instante se sentiu velho. Mas, no fim das contas, ele e Eijirou eram mesmo velhinhas que gostavam de Floribella. Ele logo acompanhou a letra ritmada, murmurando baixinho:

— Pobre dos ricos que tanto tem, mas pra que serve tanto dinheiro? Pois faltam os sonhos, falta vontade, falta o tempo e a liberdade.

No fim, aquela música até que combinava com eles mesmo. Com preguiça, mas determinado e com fome, Bakugou levantou para fazer algo do café da manhã, sabendo que Kirishima acabaria o treino com muita fome.

Assim que viu Bakugou na sala, Eijirou o olhou, sorrindo um sorriso mais belo que o sol ao amanhecer e brilhando em suor.

— Bom dia, Eijirou. — Katsuki falou, tentando uma voz neutra e engolindo seu sorriso.

— Bom dia, Katsuki. — Kirishima falou, rindo abertamente.

Bakugou revirou os olhos, indo para a cozinha, contudo, parou no meio do caminho ao ouvir o outro chama-lo.

— Que é?

— Calma, tem uma música que eu queria cantar pra ti nesse álbum. — Eijirou chamou, apontando para que sentasse no sofá.

Bakugou revirou os olhos e preparou os ouvidos para ouvir a voz desafinada e fora de tom de Kirishima assassinar alguma música do álbum de Floribella.

Pegando o controle remoto da TV para fingir de microfone, o ruivo selecionou a música no celular e aumentou o volume conectado ao som.

Ele ouviu os primeiros acordes de Desde que te vi e gargalhou, se deliciando na ironia da letra.

Um dia nós dois juramos / Amizade até o fim / Hoje venho confessar / Tudo que eu sinto por ti

Bakugou mordeu o lábio, ultrajado que uma música tão clichê, antiga e melosa pudesse resumir tão bem a relação deles. Mas, pensando bem, a história deles era bem clichê, antiga e melosa, não era?

Todo dia me pergunto / O que dizer ao coração / Que se sente abandonado / Derretido por amor / Sem rumo estou perdida / Não posso mais disfarçar / O que eu sinto, amigo meu / Hoje sinto que eu preciso te contar

Katsuki riu de Eijirou tentando fazer as notas altas que nem existiam na música original e falhando, entregando um agudo assassino que deixaria o loiro surdo mais cedo ou mais tarde.

(Não que ele se importasse muito agora).

Desde que te vi / Tudo é diferente para mim / Porque seu coração vive dentro de mim / Desde que te vi / Soube que era feito para mim / Minha vida mudou / Quero sempre estar com você

Agora, o ruivo cantava sem palhaçadas, olhando direto nos olhos de seu namorado. Mas Bakugou se recusava a se sentir emocionado com uma música dessas.

Eu não quero mais segredos / Eu não posso mais fingir / Sem o seu amor / Me vejo presa nessa solidão / Fiz de tudo pra não te amar / Mas me perdi nessa paixão / Já tentei te esquecer / Mas é teu meu coração

A única coisa mais ultrajante do que escutar uma música dessas sendo cantada para ele era se identificar com a letra. Bakugou suspirou, vendo que o único jeito de calar Eijirou de uma vez era levantar e beijá-lo, e assim o fez.

Foi estranho abraçar o corpo suado e seminu, mas Bakugou não recuou. O beijo era leve, sutil, carinhoso, com uma delicadeza que mais ninguém imaginaria nele. Uma delicadeza que ele reservava para Eijirou.

— Para de cantar essas músicas de viado e vai treinar enquanto eu faço o café. — Bakugou resmungou, tentando voltar ao normal.

— Preferia que eu cantasse Miau Miau? Ce é um gatinho mesmo, afinal.

Katsuki grunhiu, revirando os olhos.

— Por favor, sem cantar. — E saiu da sala, indo pra cozinha.

— Bakugooooou!

— Que é, cacete?

— Faz panqueca? Por favorzinho!

— Deixa de ser abusado e aprende a fazer teu café sozinho. — Bakugou gritou de volta. — Quer o cu e ainda quer raspado. — O loiro murmurou baixinho, enquanto separava os ingredientes da panqueca com rapidez.


NOTAS: OIii! Por um milagre consegui cumprir a promessa de postar cap hoje! Não to com mais nenhum pronto então ainda não posso prometer nada. Devo att lá pro dia 20, mas sem certezas. Enquanto isso, And they were quarantined deve acabar agora em dezembro! Quem ainda não lê chega lá. Stupid Love tem mais um cap pronto também, quem shippa ShinKami pode chegar lá pra ler :)

Pra quem leu, espero conseguir postar a continuação de O cão é muito bem articulado esse ano ainda, já comecei a escrever, mas como viram são muitos projetos kkkkk paciência amores <3 

BrofriendsOnde histórias criam vida. Descubra agora