Capítulo VI - "Pela toca do coelho"

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Aos alunos do 7ºF

19h, dia 18 de novembro.

- Pessoal, queria aproveitar esta reunião para propor um projeto ambicioso! - Caio declarou assertivo! - Nossos professores estão sumidos há quase uma semana. A última pista descoberta pelo 7ºB, pelo Igor, não foi suficientemente elucidativa. De fato, os versos daquela música apontam para professora Marisol, mas, além disso, não temos mais nada.

- O que você sugere? - Giullia Toledo queria ação. Como crianças de 12, 13 anos de idade poderiam ajudar nas investigações sobre o desaparecimento de um grupo de adultos, um caso de polícia de repercussão internacional?

- É verdade, Caio! O que podemos fazer em uma situação em que os melhores investigadores do país ainda não ofereceram nenhuma solução? - Ana Clara fez coro à amiga.

Caio fitou as garotas com olhar tranquilo, ganhando tempo para maturar a resposta mais persuasiva. Já tinha tudo meticulosamente arquitetado. Ao longo do ano, escavou com cuidado e sensibilidade cada uma das aulas de cada um dos professores.

- Caião, não me leve a mal... - começou também Luca Redondo -, mas os questionamentos das meninas são precisos. Não temos chance alguma de resolver esse quebra-cabeça. Ontem, na janta, conversando com meus pais, chegamos à conclusão que algo muito sério, e talvez catastrófico, tenha acontecido.

Matheus Fleury que, apesar de reservado, sempre tinha boas soluções também aparentava cansaço e desilusão. "Não há o que fazer" pensou. "Esperemos pelo pior".

Quem analisasse aqueles alunos falando, naquela videochamada, veria um cenário de terra arrasada. Mesmo as fotos dos estudantes de câmeras fechadas, produzidas meses antes daquele dia, aparentavam apatia.

Caio Pezzuol, por sua vez, era o monolito de 2001 - uma odisseia no espaço. Era a imagem antitética.

- Bem... - começou em tom tímido, mas crescentemente incisivo - Sabe o que observei ao longo de todo ano letivo? Os professores não nos ensinaram apenas Inglês, Arte, Ciências, História... Vou dar um exemplo: quando a professora Ju falou sobre Renascimento, ela queria inculcar na gente apenas verdades absolutas?

Silêncio.

- Não! As aulas sempre foram disruptivas. A ideia sempre foi fazer a gente pensar a partir das evidências. Minha impressão é que, em última instância, as conclusões, em todas as aulas, sempre eram amadurecidas por nós!

A maioria dos alunos ainda era tensão e reticência, mas, aqui e acolá, alguns rostos discretamente já se iluminavam. Caio assumia o tom de voz de um estadista, na iminência de emancipar seu povo!

- O que estou tentando dizer é que nossas aulas não nos conduziram para respostas fáceis. Analisem o que a prô Fátima falou sobre o Roger de Um barril de risadas, um vale de lágrimas... "para entrar, é preciso sair, para entender, é preciso desentender"...!

A essa altura, nos intervalos da fala do garoto, dava para sentir o silêncio como uma entidade fisicamente presente.

- Em 2020, aprendemos a aprender!

As palavras de Caio alargavam brutal e definitivamente o universo do 7ºF!

"...Aprendemos a aprender!"

Depois de alguns segundos de digestão, que serviram para colocar a turma inteira na mesma frequência, em outras palavras, na transição para um estado de êxtase, Rafaela Romera arriscou-se:

- Mas e agora? Qual seria o próximo passo?

Quieto, mas atento, Pedro de Bonis começava a se imaginar como um dos Karas de Pedro Bandeira, prestes a se deparar com o Doutor Q.I., mas plenamente preparado.

- Você me diz, Rafa! O que devemos fazer? - Caio respondeu à garota.

Em um primeiro momento, Rafa pareceu surpresa com a devolução da sua própria pergunta. Logo em seguida, contudo, percebeu o movimento do menino. Refletiu por alguns segundos e disparou:

- Não podemos esperar nossos professores para procurar nossos professores. Aprendemos a aprender. A solução também pode partir da gente!

Curiosamente a tensão anterior dava lugar à euforia. Era possível também perceber alguns olhares mais emotivos.

- Comecemos pela tal Super Live de amanhã! Todos juntos vamos comparecer para ver o que vai acontecer.

Caio assentiu com a cabeça e encontrou no olhar dos outros alunos posturas de concordância. O 7ºF parecia pronto. Lembrou-se do momento, no primeiro volume da famosa trilogia de Tolkien, em que se formava a sociedade do anel! Pensou feliz:

"O 7ºF está acabando, mas grandes momentos ainda estão por vir!"

O raptoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin