Boa convivência

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O som irritante do relógio fazia um tick-tack após o outro, mas o tempo parecia passar arrastado para o ômega loiro, que em plena madrugada ainda se contorcia de dor, amaldiçoando e jurando inúmeras juras de morte ao seu tão estimado inimigo, de profundos olhos verdes e corpo tão pecaminosamente sexy como o do próprio diabo. A necessidade de sentir prazer, de se satisfazer ia e vinha, ora atacando com tudo, ora deixando o outro em paz, mas a dor era constante, não dava nem por um segundo trégua ao lindo ômega cujo corpo tremia e escorria suor aos montes.

"Maldito seja! Maldito seja!" Amaldiçoou ao sentir uma pontada extremamente forte.

Draco lá no fundo sabia que não era culpa de Harry a dor que sentia, ou pelo menos não de todo, mas quando estamos com dor isso não é realmente relevante, só queremos alguém em quem botar a culpa, mesmo que isso não vá resolver nada. O loiro soltou um pequeno grunhido ao se virar na cama, numa tentativa falha de tentar achar uma posição mais confortável, no final ele nem mesmo entendia porque ainda estava tentando não gritar, chorar ou gemer alto, tudo isso para manter a postura de um Malfoy e seu orgulho intacto!? Mas o que algum dos dois poderia ajudar nesse momento? Embora gritar tão pouco ajudaria em algo também...

O som pesado de batidas na maciça porta de madeira ecoou pelo cômodo, deixando o loiro completamente paralisado  e por um momento Draco poderia jurar que o mundo inteiro parou. Não tinha forças para falar algo e muito menos para ir até a porta ver quem era e o que queria consigo, então tentou ficar em silêncio, se esforçando ao máximo para isso, embora soubesse que de nada adiantaria, afinal, qualquer um poderia sentir o cheiro cítrico de limão que emanava de si e preenchia todo o quarto, como se quisesse reinvindicar aquele território como seu.

-Draco, sou eu! Abra a porta- Pediu a voz baixa, firme e familiar que só poderia pertencer a Snape, fazendo o sonserino se contorcer ainda mais, ao ter a tentativa de se levantar frustada pelo aumento da dor.

-Não...consigo- Murmurou o menino em resposta, escutando um alto suspiro e o barulho da porta sendo destrancada e aberta-...Como?- questionou o menor ainda sem forças ao ver a figura imponente de seu padrinho passar pela porta e ir em direção a si.

-Como professor responsável pela Sonserina, recebi uma chave reserva do quarto dos dois monitores- Esclareceu, sem alterar a feição ao ver o estado vergonhoso e lastimável em que o loiro se encontrava.- Pansy me informou que você estava novamente brigando com o Potter quando o cio de ambos começou. Ele é seu companheiro destinado?- Perguntou o moreno levemente desgostoso ao dar mais alguns passos em direção ao outro, se aproximando ainda mais da figura encolhida na cama, medindo a temperatura elevada de seu corpo e verificando como um todo a situação em que o ômega se encontrava. Não era a primeira vez que tinha que ajudar um dos alunos nesse estado, porém nunca esperou ver o afilhado nessas circunstâncias.

-Sim...- Respondeu inegavelmente envergonhado, mesmo com a dor forte o menino ainda se lembrava de que nem ele, nem seu padrinho ou sua família tinham um bom histórico com Potter. Não seria um exagero dizer que ele já poderia até imaginar a catástrofe que estava por vir.

-Então todas aquelas briguinhas infantis entre vocês dois foram só para chamar a atenção um do outro? Não me admira- comentou o alfa com a voz soando levemente indignada e se Draco não estivesse com tanta dor teria discutido com ele.

 "As minhas brigas com o Potter são sérias!", " Eu não tenho culpa se ele sempre me irrita!" e "Só espero que ele não fale isso para ninguém, eu com certeza viraria motivo de piada para todos" pensou o mais novo, apertando mais forte os braços contra o corpo ao sentir outra pontada no baixo ventre.

-Padri-nho...- Murmurou de forma entrecortada o ômega, num pedido para que o maior fizesse qualquer coisa para aliviar aquilo. Por causa da dor até mesmo as palavras de seu padrinho haviam se tornado levemente desconexas e irritantes. Ele só queria que aquilo parasse e confessava que o cheiro do outro tinha aliviado levemente a dor, pois mesmo sendo o odor de um alfa surtia o mesmo efeito calmante que o cheiro dos pais ou de um parceiro tem, e Severus com certeza era como um pai para si.

Antes que o fim chegue (Drarry - Omegaverse)Onde histórias criam vida. Descubra agora