34: Escolha

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— Hyungwon! Hyungwon, venha aqui agora! — Falou uma voz feminina.

O Chae se encolheu mais em seu esconderijo, abraçado a um ursinho de pelúcia. O quarto estava escuro e era extremamente empoeirado debaixo da cama. A voz feminina se aproximou e a porta foi aberta. Hyungwon só conseguia enxergar, pelo vão entre a cama e o chão, os pés de sua mãe.

— Chae Hyungwon, apareça enquanto eu ainda estou de bom humor. — Falava quase rosnando.

O garoto tinha os ombros rígidos em tensão e quase não respirava para não omitir som. Os pés passearam pelo quarto, abriram o roupeiro, passaram para a cortina na janela. Ela estava o procurando. Depois de pouco tempo chamando seu nome, ela se virou para ir embora, passando pela cama. Quando já estava na porta, Hyungwon não conseguiu se segurar e espirrou pela extrema poeira e imediatamente cobriu a boca com as mãozinhas. A mulher parou de andar, mas em seguida sumiu da vista do Chae. Ele suspirou aliviado, mas antes que pudesse curtir o momento de calmaria, o cobertor que cobria parte da cama e lhe proporcionava um melhor esconderijo, foi puxado para cima e o rosto de sua mãe apareceu no vão, o encarando com um sorriso.

— Te achei!

— Omma. — Choramingou.

— Está na hora do banho, Hyungwon. — E então estendeu a mão para lhe alcançar. Hyungwon se virou com seu ursinho e engatinhou para longe, mas seu tornozelo foi enlaçado pelas mãos ossudas da mãe e puxado. — Vamos meu amor, sua tia está esperando.

O menino tentou se segurar em alguma coisa, mas não havia nada além de pó e roupas sujas lá embaixo. Seu tornozelo foi puxado até seu corpo estar todo fora do esconderijo sujo. O Chae cravava as curtas unhas no chão, mão só resultava em feridas enquanto era arrastado para fora do quarto. Estava no segundo andar e quando olhou para onde sua mãe estava o levando, viu as escadas. Ele se agarrou na borda no corrimão, mas a mulher que lhe puxava sem dó era muito mais forte que ele, uma criança de cinco anos. Em resposta a seu esforço, ela apenas segurou seu outro tornozelo, o deixando de barriga para cima, e continuou o puxando, fazendo-o bater as costas, cabeça e nuca nos degraus. O menino já estava tonto, mas logo se viu no andar de baixo. Seu braço foi agarrado com força e ele foi forçado a ficar de pé. Se debatendo inutilmente para tentar se soltar, foi direcionado até o banheiro e jogado para dentro dele. Caiu de joelhos e mãos no chão, vendo os pés de sua tia que fumava um cigarro sentada na tampa da privada. Olhou para trás com olhos marejados e viu sua mãe na porta.

— Tire a roupa.

— Omma. — Choramingou arrastado. Era só o que ele sabia dizer, mas ela não ouvia seu choro.

A mulher sorriu de canto e deu um passo à frente, fechando a porta do banheiro atrás de si.

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Em um solavanco o Chae abriu os olhos com um engasgo de susto.

— Hyungwon! — Shownu, que estava sentado em uma cadeira perto da cama, parecendo recém ter acordado, ou forçando para não dormir, correu e se sentou ao seu lado. — Você está bem? Como está se sentindo? — Segurou sua mão.

Hyungwon puxou a mão depressa, assustado. O pesadelo ainda em sua cabeça. Shownu lhe olhava confuso, mas logo o mais novo se recompôs e umedeceu os lábios, sem conseguir olhar nos olhos do maior a sua frente. — E-Estou bem.

— Está mesmo? — Inclinou a cabeça um pouco para baixo, tentando olhar para seu rosto que estava abaixado. — Você está soando, ainda está com fe... — Foi cortado no meio da fala enquanto levava uma mão perto de sua testa, quando Hyungwon se afastou bruscamente.

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