Jooheon passou os dias se ocupando com suas tarefas, que não eram poucas. Quanto mais tempo ocupado, menos pensava em Changkyun, o que funcionava relativamente bem. Passou boa parte do tempo na mansão, ajudando nos concertos, e também na empresa POSCO, já que as coisas lá também estavam um caos. Além disso a Yamaguchi e a Sumiyoshi pediam esclarecimento sobre o ocorrido na Towa e sobre o estado de seus Kobuns.
— Esse buraco na parede no depósito de armas realmente levou mais tempo do que o previsto para ser concertado. — Satoru falou com uma planilha em mãos, olhando para a parede recém rebocada ao lado do filho.
Jooheon estava de braços cruzados. — É de se esperar depois de explodirmos aquelas granadas.
Satoru virou a folha. — Ainda não descobri como os chineses presos escaparam, se fizeram isso sozinhos ou BongIn deu um jeito de levar eles juntos, mas é estranho esse comportamento.
— No meio de toda aquela confusão não me surpreende eles terem escapado. — disse escondendo os fatos. Seu pai não precisava saber que Changkyun os soltou.
— É, infelizmente. — e suspirou fechando as folhas da planilha. — Era a única coisa que tínhamos que podíamos usar.
O Lee continuou com sua meia verdade. — Teremos outras oportunidades, além disso eles não pareciam saber nada. Kihyun teria descoberto.
— Odeio admitir, mas Kakuji tem pessoas capacitadas.
O estado da Towa ainda estava decadente, mas todos os membros trabalhavam incessantemente para terminar a reforma. Jooheon evitava ir para a Inagawa, mas acabou não tendo muita escolha. Soube que Hyungwon estava bem e ficou aliviado, mas voltou porque Minkyun o informou de uma festa, o que parecia muito propício a dar confusão. Ele não estava afim de ir, mas imaginou que não veria Changkyun por lá, embora parte sua torcesse para estar errado. Ele não ficou muito na festa em si, passou lá e viu que estava tudo tranquilo até o momento, então foi para o andar de cima e ficou por lá. Ele conhecia a Inagawa parcialmente, de quando a frequentava antigamente, mas nunca esteve naquela casa e nem sabia de quem era, mesmo assim não se importou em entrar em um dos quartos dela. A janela já estava aberta e o Nomura se sentou nela, conseguindo ver parte da festa rolando no quintal, mas se concentrou mais no céu. Não estava de fato olhando para a lua, afinal seus pensamentos estavam bem longe dela. Agora que parou, era inevitável pensar em quem tentava evirar. Em Changkyun.
Por vezes ele se perguntou se tinha tomado a decisão certa, se estava sendo muito radical ou se apenas não tenha sido compreensível o bastante, mas ele não se afastou apenas porque estava magoado ou porque não se sentia parte da vida de Chang, ele se afastou porque acreditava que o mais novo estaria melhor sem ele. Talvez se o kobun não estivesse por perto, Changkyun não se sentiria tão confuso, tão culpado, tão dividido. Ele também estaria em menos perigo, sem precisar ficar na Towa sendo filho de Kakuji. Ele não precisaria escolher entre Jooheon e seu único laço sanguíneo restante e também não se sentiria preso à máfia pelo relacionamento que tinham. Um dia poderia voltar a ter a vida normal que tanto queria, ou ao menos chegaria o mais perto possível dela.
Mesmo com todos esses pensamentos que confirmavam sua escolha sendo a certa, ele não deixava de pensar no Lim e no tempo que passaram juntos. A primeira vez que se viram em uma cafeteria qualquer, nunca imaginou que algo tão clichê aconteceria, como esbarrar acidentalmente com a pessoa que se apaixonaria. Jooheon não acreditava em destino, mas era simplesmente o que aquilo parecia. Talvez ele estivesse sendo afobado, afinal conhecia o Im a alguns meses, menos de um ano, mas mesmo assim já estava ligado demais a ele, mais do que qualquer outro relacionamento que já tivera, até mesmo dos mais longos. Mesmo em consideravelmente pouco tempo, eles já tinham vivido muitas coisas juntos, passaram de duas pessoas que não se davam muito bem, para uma amizade suspeita, e então paixão. Passaram por dramas, por lutas, sequestros, desentendimentos, por ciúmes e reconciliação. Já salvaram a vida um do outro e enfrentaram seu maior inimigo juntos. Riram, choraram, amaram, tudo isso condensado em um nó bem apertado, preenchendo a mente do Nomura e também seu coração. Ele tentava pensar que era só mais um relacionamento, estava triste agora, mas ia superar, tudo voltaria ao normal e ele seria o velho Jooheon sem um proposito para lutar, que se metia em confusões e era inegavelmente arrogante. Mas ele tinha mudado, sabendo ou não, já não era mais o mesmo e o que sentia por Changkyun parecia dependência, parecia fraqueza. Jooheon falava para si mesmo que aquilo não era nada, era só um caso que acabou mal, apenas outra pessoa em sua vida que viria e iria embora, junto com seus sentimentos por ele, mas só de pensar em não ter Changkyun do seu lado, não ver seu sorriso, não sentir seu abraço, não ter mais sua mão para segurar, tudo isso o deixava melancólico e quase sufocado.
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Black X White
Fiksi PenggemarLim Changkyun é um médico cirurgião jovem e talentoso, levava uma vida monótona até o dia em que um de seus pacientes, em quem acabara de realizar uma cirurgia a menos de duas horas, acordou subitamente, causando escândalo no hospital e, minutos mai...