Araguaia

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/surto e afins da mulher de quarentena/



/surto e afins da mulher de quarentena/



Camila suava na testa e pescoço enquanto guardava as celas dos cavalos. O Sol se punha ao longe, mas uma fresta ainda iluminava a sala, que foi interrompida quando Sara apareceu na porta.

- Oi donzela. - Camila cumprimentou.

- Oi princesa. Tudo bem por aqui?

Camila sorriu sacana. – É o patrão que tá perguntando?

Sara riu alto e se aproximou pra abraçar a amiga.

- Você vai hoje comigo né? - a loira perguntou observando Camila terminar de trancar o galpão.

- Lógico. Sinceramente eu amo esse lugar, mas faz muito tempo que eu só vejo outra coisa.

Sara sorriu compreensiva. – Eu imagino e até sinto o mesmo. Não aguento mais minha mãe, juro.

Camila maneou a cabeça em reprovação. – Fala assim porque tem mãe. Se tivesse longe do pai e nem conhecesse a mãe não falaria assim.

- Talvez. Mas não vejo a hora de sair daqui.

Camila e Sara sorriram cúmplices, pois mesmo em situações diferentes, tinham sentimentos parecidos.

-/-

A noite caiu e logo Camila e Sara saíram no Jipe da loira em direção à cidade. Quando chegaram à festa, Camila e Sara seguiram para o bar, eram muitas novidades de cidade grande pra cabeça de cidade pequena de Camila.

Sara conduziu a amiga na pista de dança e em todas as bebidas, marcando mais uma noite em que as duas se divertiam juntas, sem precisar de mais ninguém.

O Sol surgia no horizonte e Camila fumava um cigarro do lado de fora da festa. Sara tinha deixado a morena ali pra ir beijar alguém e a outra ficara ali esperando. Camila observava o sol surgir quando seu celular tocou.

Ela estranhou ao ver o nome do pai no visor.

- Alejandro?

- Camila? Finalmente! Mandei mil mensagens, onde estava?

- Dormindo, provavelmente. Já viu o horário?

- Eu sei muito bem que horas são, Camila, e sei que você não costuma estar dormindo nesses horários.

- Ok... e me ligou só pra criticar minha rotina de sono?

- Preciso te contar uma história.

Camila riu.

- Você tá brincando comigo?

- Não. Você sabe muito bem que nossa família vem de um vilarejo na beira do rio Araguaia.

- Incrível. Muito interessante. – ela ironizou.

- A sua avó, minha mãe, ainda mora lá...

- Não consigo ver motivo...

- E me ligaram avisando que ela está em seu leito de morte. Sua avó provavelmente vai falecer entre amanhã e depois.

- É de tédio?

- Por favor, Camila...

Seu pai ainda continuava falando, mas Camila viu Sara saindo da festa e parou de escutar. Ela chamou a amiga com a mão.

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