➵ 13 | dama de preto

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Dulce Maria

Trocamos as janelas no dia seguinte e eu tratei de correr atrás de um seguro para o apartamento. Não podia mais correr o risco de perder o único imóvel que eu tinha. Eu e Maite conversamos sobre o carro novo e ela insistiu que iria querer pagar uma parte da entrada já que ela também usaria. E depois de tanta discussão, resolvemos fazer a manutenção da picape e deixar o carro novo para depois.

— Aquela coisa em que vocês andam está caindo aos pedaços. — Christian disse enquanto nós nos servíamos no café da manhã da sexta-feira. — Não pode estacionar a sua picape no meio dos carros chiques da mansão Von Uckermann.

— E o que sugere que eu faça? — perguntei.

— Pegue um metrô. Considerando o fluxo do trânsito de Nova York, principalmente numa sexta à noite, o metrô é muito mais prático do que um carro.

— Dulce detesta transporte público. — May explicou.

— Dulce, nós somos a classe média. Não tem essa de gostar ou não gostar.

— Tem muita gente, eu fico cansada em ter que sentir tantas energias ao mesmo tempo. É sufocante.

— Ponha os pés no chão e a cabeça no lugar. — ele era muito cético, eu entendia isso.

— Eu acho que a gente te deu intimidade demais. — May disse.

— Você um pouco mais que eu. — sussurrei ao lado dela e levei uma cotovelada.

— O que disse? — Christian perguntou.

— Eu...

— Ela disse que vai alugar um carro. — May me interrompeu.

Christian sorriu sugestivamente intercalando o olhar entre nós duas. Ele era inteligente, percebia tudo o que acontecia.

À tarde, eu fui escolher o meu carro alugado e usei uma parte do dinheiro dado por Christopher para aquilo. É claro que eu iria aproveitar para dirigir um carro realmente bom pelo menos uma vez na vida. Não era super chique, mas era de se admirar.

Amber havia me dito que eu poderia vestir o que me deixasse mais confortável, não existia um traje específico para esses eventos. Mesmo assim, eu preferi ser um pouco mais ousada e escolhi um vestido preto que se colava ao meu corpo e ia até a metade das minhas coxas. Usei o único batom vermelho que tinha e fiz um delineado preto em meus olhos.

Em meu pescoço, eu coloquei um colar de turmalina negra, algo para afastar as pessoas com energia pesada que pudessem estar por lá. O Cristal era preto e discreto, aparentando ser apenas um acessório comum que qualquer pessoa usaria.

Calcei meus saltos pretos que já estavam guardados há um tempo, digamos que desde que me casei há dois anos. Achei que nunca mais fosse usá-los, mas cá estava eu indo para um lugar no qual com certeza eu não me encaixava. A verdade era que eu não sabia ao certo o porquê de ter aceitado o convite, talvez eu estivesse agido com base na minha curiosidade.

Quando saí do quarto, Maite e Christian estavam vendo televisão na sala. Ele assobiou alto quando me viu e May abriu um largo sorriso ao me analisar de cima a baixo.

— Vai chamar muita atenção. — ela disse.

— Sério? Você acha que eu deveria vestir algo mais normal?

— Não! Você está um arraso! — ela me garantiu.

— Se arranjar algum rico que queira te bancar, não se esqueça que precisa de um carro novo. — Christian brincou.

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