➵ 27 | vidas perfeitas

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Christopher Von Uckermann

Os olhos claros de Amber brilhavam sob as lágrimas que agora inundavam o seu rosto. Eu me sentia um monstro por fazê-la sentir isso e nada seria capaz de me redimir. Deixei que ela chorasse o tempo que fosse necessário. Seu rosto ficando cada vez mais vermelho e os soluços preenchendo o silêncio daquela sala de interrogatório.

Devo admitir que estava sendo desesperador não ter uma resposta da parte dela depois de ouvir a minha versão dos fatos. Tudo o que Amber fazia era chorar como se o mundo estivesse acabando e de fato o seu mundo estava.

— Raio de sol... — tentei tocar em sua mão, mas ela a afastou com tanta brusquidão que eu tive vontade de me encolher. — Eu sinto muito. — consegui dizer. — Por favor... diga alguma coisa.

— Por que? — a pergunta saiu trêmula e arrastada, misturada ao desespero. — Por que mentiu pra mim?

— Pra te proteger.

— Me proteger do quê? — gritou ficando de pé e começando a andar de um lado a outro da sala. — Eu não estou brava por ter ficado comigo, eu realmente não iria querer viver em um orfanato. Estou brava por ter escondido a verdade de mim!

— O que eu deveria dizer? Que a minha filha biológica morreu e que eu roubei você do hospital porque a minha esposa estava ficando louca?

— Eu não sei... eu não sei... — cobriu o rosto com as mãos e tornou a soluçar.

— Por favor, raio de sol, se sente. Você precisa se acalmar. — ela respirou fundo e tornou a sentar na cadeira de frente para a minha.

— Foi por isso que me acordou no meio da noite para uma viagem de emergência? Você ia fugir comigo?

— Outro crime. É, eu ia. — admiti. — Eles já sabiam sobre o que fiz, já tinham as provas e estavam vindo me prender e tirar você de mim. Eu não queria perder você. Eu não quero perder você.

— Por que, depois de tantos anos, alguém cavaria nesse assunto? Você disse que eu era órfã.

— Sim. Seus primeiros pais adotivos morreram no acidente de carro. Mas os seus pais biológicos ainda estão vivos e eles estão procurando você há um tempo.

— As duas pessoas que me abandonaram? — Amber enxugou o rosto e franziu a testa com uma expressão de raiva. — E eles se acham no direito de curtirem suas vidas sem mim e depois virem até aqui reclamar a paternidade e a maternidade?

— Amber, não seja dura com eles. Precisa ouvi-los antes de tomar conclusões precipitadas. Ouviu a minha versão dos fatos, ouça a deles também.

— Por que está defendendo eles? Eles vão nos afastar! — colocou suas mãos sobre as minhas. — O que fez foi bem estranho, eu tenho que admitir. Mas você é o meu pai. Você me alimentou, me deu educação, proteção e o amor mais puro que alguém pode sentir. Ninguém tem mais direito de ficar comigo do que você.

— É muito bom ouvir isso. — suspirei. — Achei que fosse me odiar quando eu contasse. Mas ainda assim, eu quero que os escute. Você é justa, não é?

— Bem... — desviou o olhar.

— Amber. — falei com repreensão.

— Sim, papai. Eu sou justa.

— Com licença. — Billy entrou na sala com um semblante bem sério. — Acabou o tempo. Tem que me acompanhar agora, Amber.

— Deixa eu adivinhar... — ela ficou de pé. — Vou conhecer os meus pais biológicos agora? — suspirou de maneira tediosa.

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