➵ 43 | estrela cadente

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Dulce Maria

Christopher ficou comigo no hospital até eu resolver ir para casa. Ele segurou minha mão todo o tempo e eu me senti muito melhor com o apoio dele. Antes de saírmos do hospital, passamos no refeitório onde o meu pai estava. Ele havia acabado de comer e caminhava na nossa direção. Franziu a testa assim que notou que eu estava acompanhada.

— Oi, pai, eu já estou indo embora. — avisei. — E... — olhei para Christopher de relance. Ele parecia bem tranquilo. — Esse é o Christopher.

— Ah. — meu pai arqueou as sobrancelhas e analisou Christopher. — Obrigado por vir. — estendeu a mão para ele e enfim abriu um sorriso gentil.

— Imagina. — Christopher o cumprimentou com um aperto de mãos firme. — A minha prioridade é apoiar a Dulce.

— Fico muito feliz com isso. — meu pai olhou para mim. — Eu ligo caso alguma coisa mude.

— Ok.

Eu e Christopher saímos do hospital e fomos para a casa dos meus pais a pé. Como a cidade era pequena, era possível ir para muitos lugares caminhando e essa era uma das coisas de que mais senti falta.

— Você não andava muito de carro quando morava aqui, não é? — ele perguntou.

— Não. Só quando íamos para o campo e quando eu ia ao colégio.

— Agora entendi o motivo de você ter escolhido aquela ratoeira humana como transporte. — riu. — Não entende nada de carros.

— Ei! — dei uma empurrãozinho nele com o ombro e ri também. — A vermelhinha se esforçava.

— Claro. — assentiu. Ficamos um tempo em silêncio. Os ventos da tarde estavam bem frescos e o céu acima de nós era o mais azul possível. — O céu daqui é... uau! — suspirou.

— Você precisa ver à noite. É incrível ver o céu sem todas aquelas luzes da cidade e toda aquela poluição.

— Vou adorar ver o céu com você. — apertou de leve a minha mão. — Como você está se sentindo com tudo isso?

— Com medo. — admiti. — Quero ser forte e me manter de pé pelo meu pai, mas está sendo tão difícil...

— Não precisa ser fácil e não tem problema desmoronar um pouco. Eu aprendi da pior forma que reprimir as nossas dores só nos arrasta mais fundo no abismo. — agora foi a minha vez de apertar a mão dele.

Passamos pela cerca da casa e caminhamos pela estrada de pedras até a varanda. Destranquei a porta e quando coloquei o primeiro pé para dentro, Christopher me puxou e colou seus lábios nos meus, segurando o meu rosto com carinho, beijando-me com muita delicadeza. Também segurei o seu rosto e devolvi aquele beijo com o mesmo grau de sentimento.

Senti meus olhos lacrimejarem e me permiti chorar. Não sei bem o motivo naquele choro, ou o porquê de meus sentimentos ficarem tão intensos. Talvez fosse a junção do problema da minha mãe com o problema da Amber e por fim a minha gravidez, que com toda certeza já estava desestabilizando os meus hormônios.

— Ei, ei... — Christopher parou o beijo, deixou nossas testas coladas e começou a enxugar o meu rosto. — Vai dar tudo certo, meu amor. Você é a mulher mais forte, mais decidida e mais positiva que eu conheço. Nada nesse mundo vai derrubar você, ouviu? Nada.

Não fui capaz de dizer nada e apenas continuei a chorar. Ele beijou minha testa e me abraçou apertado, acariciando minhas costas com as mãos e me ninando de uma maneira que me aliviou muito. Não sei por quanto tempo ficamos naquele abraço, mas chegou um momento em que eu naturalmente parei de chorar e nós ficamos apenas ali, agarrados um no outro.

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