➵ 35 | família unida

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Dulce Maria

As semanas estavam passando bem rápido. Amber estava aprendendo a se adaptar ao apartamento e todos os luxos que ela não teria ali, além do fato de ela estar me chamando regularmente de mãe. Maite estava tão apaixonada por sua geladeira nova que Christian até brincava que seria trocado por um eletrodoméstico. Christopher vinha nos visitar nas madrugadas de sábado e domingo e eu permitia que Amber ficasse acordada até tarde naqueles dias.

Começamos a frequentar ainda mais o apartamento de Anahi, um lugar longe dos perigos que me afastavam de Christopher. O ambiente virou o nosso esconderijo, o lugar para onde íamos quando queríamos ter um momento mais íntimo juntos.

Billy também se aproximava cada vez mais e me avisou de estar negociando a compra de um apartamento a algumas quadras do prédio onde eu morava. E agora que eu e ele estávamos oficialmente dividindo a guarda de Amber, ela teria que passar alguns dias da semana com ele. Segundo ela, seria como uma tortura infernal em vida. Ela realmente detestava tudo o que se referia ao Billy. Eu ainda não tinha coragem de contar para ela que ele havia me abandonado na gravidez, mas estava convencida de que faria aquilo em algum momento. A verdade sempre é o melhor caminho.

Era domingo de manhã. Foi a primeira vez que trouxemos Amber para o apartamento junto conosco. Pretendíamos passar o dia juntos no condomínio, curtinho a piscina e assistindo a filmes na televisão. Enquanto eu estava auxiliando Amber no piano, Christopher falava ao telefone com alguém do outro lado da sala. Ele estava sério e preocupado.

— Você é muito talentosa. Eu demorei anos pra aprender essa sonata. — falei quando Amber terminou de tocar.

— Parece que a genética do talento se intensificou quando chegou em mim. — riu.

— Parece que sim. — sorri. Christopher se aproximou de nós e respirou fundo ao parar perto do piano.

— Eu conversei com a Bela ontem à noite. Queria contar pra vocês pessoalmente.

— Conversou com a Bela? — Amber estranhou. — Como assim?

— Dulce, será que você pode fazer parte dessa conversa? — ele pediu. — Eu não consigo fazer isso sozinho. De novo não.

— Tudo bem. Eu estou aqui. — abracei Amber de lado e ela olhou para mim com a testa franzida.

— Mamãe, o que aconteceu?

— Bem... — desviei o olhar para Christopher.

— O pai da Bela faleceu quando ela era bebê.

— O que? — Amber arregalou os olhos. — Então ele não a abandonou?

— Não.

— E sabiam disso? Por que você e a tia Belinda deixaram ela acreditar que havia sido abandonada?

— Porque era mais fácil do que a verdade. — ele deu a volta e sentou no banco ao lado dela. — Belinda brigou na justiça com o pai da Bela por muito tempo. Ele queria a guarda só para ele e eu não o julgo. Se eu tivesse um filho com uma mulher como ela, jamais permitiria que ela se aproximasse dele. O pai da Bela estava quase ganhando a guarda e em uma noite ele foi até a casa da Belinda e exigiu ver a filha. Eles brigaram, a Belinda saiu do controle e o esfaqueou.

— Meu Deus! — a respiração de Amber ficou pesada. — Você contou para a Bela?

— Contei.

— Ela deve estar arrasada! — Amber estava tão preocupada com a amiga que nem se interessou em ouvir a outra parte da história. — Eu preciso ligar pra ela, saber se ela quer conversar. — Amber levantou e foi até o sofá onde seu celular estava jogado.

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