➵ 36 | bolo de cenoura

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Dulce Maria

— Amber, se acalma! Vai ficar tudo bem! — eu gritava enquanto ela esperneava pela casa jogando objetos em direção a Billy, que estava ali para jantar conosco.

Passei a noite anterior tentando acalma-la depois de explicar com detalhes como eu descobri a gravidez e todos os motivos que me obrigaram a abdicar dela. Amber entendeu o meu lado, chorou aos soluços e me pediu desculpas por ter me tratado mal anteriormente. Também chorei por ver que ela me entendia.

Mas ao contrário de mim, tudo o que Billy recebeu foi ódio e rancor.

E mesmo depois de ter me prometido ouvir o lado dele, Amber começou a gritar assim que ele atravessou a porta da frente. Ela lhe disse coisas terríveis, falou palavrões que eu nunca ouvi saindo da boca dela antes e toda vez que ele tentava se aproximar, ela jogava algum objeto da decoração da sala.

— Por que fez isso, Dulce? Por que tinha que contar? — Billy perguntou olhando para mim em desespero.

— Eu não planejei fazer isso tão rápido e sem a sua presença, mas ela acabou descobrindo sozinha. — expliquei.

— Então você pretendia mesmo contar algum dia? — ficou indignado. — Você me prometeu!

— Não foi nenhuma promessa. — fiquei séria. — Naquele momento eu apenas não tinha entendido que deixar tudo claro seria a melhor opção. Ela merece saber tudo.

— Isso muda tudo para pior! — gritou.

— Não grita com a minha mãe! — Amber berrou, pegando o meu potinho cigano de prosperidade.

— Amber, larga isso! — Billy disse com firmeza.

— Querida, eu sei que está com raiva, mas quebrar um pote da prosperidade traz muito azar. — falei calmamente.

— E jogar um pote de vidro em alguém não traz nada ruim, Dulce? — Billy franziu a testa.

— É, claro. Esse é o ponto. — voltei a olhar para ela. — Você vai acabar machucando alguém.

— Talvez eu queira machucar alguém.

— Você precisa ter mais respeito com o seu pai. — Billy retrucou.

— Pai? — ela soltou uma gargalhada. — Agora você quer ser pai? Eu precisei de você quando eu era um bebê, a minha mãe precisou de você! Tarde demais pra decidir ser pai, Billy! Eu já tenho um pai!

— Você foi só uma substituta pra ele, um estepe. Por toda a sua existência, ele fingiu que você era a verdadeira Amber Von Uckermann, mas você não é. Precisa começar a admitir para si mesma que Christopher enxerga em você alguém que já morreu há anos.

— Cala a boca! — ela gritou e arremessou o pote na direção dele, que só não foi acertado porque abaixou bem na hora.

Coloquei as mãos sobre a cabeça vendo todos os grãos e ervas espalhados pelo chão da sala.

— Agora danou-se. — resmunguei.

— Fica longe de mim! — Amber começou a chorar. — Você não sabe nada sobre o meu pai! Ele me ama, ok? Ele me ama de verdade! — ela correu até o quarto e bateu a porta com muita força.

— Não acredito que disse aquelas coisas horríveis para ela. — cruzei os braços e olhei para ele com reprovação.

— Não era isso que você queria, Dulce? Deixar as coisas claras? Dizer sempre a verdade? Eu só falei a verdade. O Christopher é um maluco que perdeu um bebê e resolveu colocar outro no lugar para fingir que nada aconteceu. Até ontem ela nem tinha documentação legítima, usava os documentos de uma garotinha que já morreu.

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