➵ 28 | doida e especial

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Christopher Von Uckermann

Quando eu finalmente fui mandado para uma cela, mal consegui fechar os olhos e tirei um cochilo breve, que cessou assim que os raios de sol se fizeram presentes. Eu sabia que a equipe de advogados do meu pai estava chegando como um exército com vários acordos, propostas e meios de me convencer a falar os podres da Belinda caso seu pai não concordasse em me ceder o perdão.

Minha única preocupação no momento era saber onde e com quem minha filha havia passado a noite. O guarda que cuidava das celas estava cochilando em sua mesa, então eu soltei um assobio alto que o fez dar um pulo de susto. O homem se segurou na borda da mesa antes que sua cadeira tombasse.

— Com licença, você sabe o que fizeram com a minha filha? — perguntei naturalmente.

— Sua filha? — olhou-me com desdém, claramente ainda irritado por ter sido acordado tão bruscamente. — Uma assistente social a levou ainda de madrugada.

— O que? Mas ela não vai ficar com a mãe dela?

— No momento, ninguém tem a guarda da menina. Os pais biológicos irão tratar disso depois do exame de DNA que será feito hoje. Eles só precisam provar que são pais e pronto, podem pedir a guarda.

— Ok. Obrigado.

— Às ordens, senhor Von Uckermann. — foi dizendo enquanto voltava a fechar os olhos.

Meu sobrenome tinha peso ali. Por ser da elite, os policiais estavam me tratando muito bem, de uma maneira até bajuladora, eu diria. Com exceção de Billy, que com certeza tentaria me dar uma surra se ninguém estivesse olhando. Ele me encarava como se eu tivesse roubado Amber dele, quando todos sabíamos muito bem que ele abandonou a Dulce ainda grávida. Eu jamais faria algo assim.

Eles me trouxeram um café da manhã deprimente. Não que eu exigisse demais, mas o café mal estava quente, tinha um gosto muito fraco e aquelas bolachas de água e sal provavelmente haviam ficado guardadas por dias.

— Será que eu posso fazer uma ligação? — perguntei ao guarda, o acordando novamente.

— Foi preso ontem e só agora quer fazer uma ligação? Francamente...

— Eu só quero pedir que a minha irmã me traga um café da manhã decente.

— O senhor quer caviar? — debochou.

— Não. E não indico que um dia prove isso. Ovas de peixe são horríveis. — respondi no mesmo tom.

Ele soltou uma risada sem tanta vontade e então ficou de pé, destrancou a minha cela e me acompanhou até um corredor com um telefone de parede. Tirei o telefone do gancho e quando ergui o dedo para discar o número de casa, pensei em ligar para outra pessoa.

Se eu quisesse manter Dulce perto de mim, teria que ser sincero com ela, ter a sua confiança. No momento, eu podia ter certeza de que ela não me via com bons olhos, então eu deveria mudar essa imagem. Ela sempre foi curiosa sobre quem eu era e o que já fiz de tão horrível, então eu arriscaria dizer a verdade sobre o que eu ainda escondia.

Disquei o número de celular de Dulce, o qual eu havia decorado com facilidade e então aguardei.

Alô? — a voz dela me fez sorrir involuntariamente.

— Oi, Dulce. Sou eu.

Christopher. Oi. Está tudo bem?

Sim. Eu usei a única ligação de que tenho direito pra te ligar. Eu quero te ver. Você pode vir aqui?

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