As Eras do amor.

50 anos de sombras

Vitória de Santo Antão, 31 de março de 2014.

    Quando Maria Elsa abre o Diário de Pernambuco, se depara com um texto de meia página do jornal sobre os desaparecidos políticos do estado, dentre eles: Segismundo Oliveira, um texto escrito por Rosa Svetlana Ferreira, Josefo lhe arranca o jornal bruscamente.

- Quem lhe deu autorização para ler o jornal? Pergunta ele gritando.

- Você não vai me alienar para sempre.

- Até quando você perceber que se envolver com esse comunistinha do MST só lhe fez mal.

- Não vou discutir sentimentos com você, em quase 30 anos de casamento, eu te amei. Confessa ela em tom sincero.

Juçaral.

    Matias estava um tanto desconcertado por não estar ao lado de seus companheiros de luta em um dia como aquele, mas aquela população o necessitava mais.

Vitória.

    George Washington estava no alpendre da casa, reflexivo e não parava de pensar na moça do posto de gasolina, Maria Elsa vê o sobrinho e vai falar com ele.

- Tia, a senhora já gostou de alguém? Pergunta ele curioso.

- Já, todas as pessoas amam alguém de alguma forma.

- Eu tô gostando de alguém. Confessa ele.

- E?

- Não sei como falar com ela.

- O pior que pode acontecer é você tomar um fora dela.

Usina de açúcar Burgos.

    Josefo e Nicole entram triunfalmente na usina Burgos, aonde todos os funcionários sentiram o sangue gelar nas veias, aquele homem de aspecto asqueroso lhes causava horror.

- A partir de hoje teremos uma gestão terrivelmente capitalista. Diz ele com seu riso de deboche.

- A senhora Elsa não vai vir? Pergunta um dos funcionários.

- A senhora Maria Elsa não se importa com vocês, apenas com os rendimentos de sua produção responde ele de forma arrogante.

    50 anos nos separam de um regime ditatorial que foi extremamente brutal com seus opositores, aos bravos guerreiros que não fogem a luta: o meu agradecimento, por sonharem com um país onde seu modelo de governo é democrático; por nunca desistirem da luta, por resistir sempre.

    Nesse espaço de tempo, vivemos em um regime democrático, já conquistamos tantas coisas e temos de manter os nossos direitos.

Rosa Svetlana Ferreira.