Rosa explicou o mundo pra mim.

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Vitória, casa de Rosa Svetlana.

Rosa estava com preguiça naquela manhã, havia finalizado a coluna semanal sobre política, abriu outras pendências no notebook, quando o celular toca.

-Rosa Svetlana. Quem deseja falar?

-Dona Rosa, eu tô ligando pra lhe dizer que Dona Elsa tá lá no sítio em Juçaral e que se a senhora quiser ir falar com ela é só ir lá e marcar uma hora.

- Obrigada... Luzia né?

- Sim senhora, de nada.

No dia em que foi procurar Maria Elsa na casa que ficava na praça da matriz, ela havia deixado um cartão com Luzia que era empregada na casa.

Josefo estava furioso pelo fato de Maria Elsa ter ido embora para Juçaral, pois essa situação lhe parecia sair do controle, ela era dele, lhe pertencia, assim como a usina, ele se senta na mesa para tomar café junto com o sobrinho.

-Maria Elsa deixou a gente, George, depois de mais de 20 anos de casamento...

- Zero novidade, agora o que a fez finalmente lhe deixar?

- Você não vê, George Washington? Ela não gosta mais da gente.

- De você, ela nunca gostou. Diz ele saindo da mesa.

Josefo mal sabia que naquela manhã, Maria Elsa estava na usina, por anos ela foi afastada daquele local, tinha em mente várias ideias para dinamizar a produção de açúcar e de não explorar mais a mão de obra dos trabalhadores.

-Dona Maria Elza?

- Por que a surpresa? Pergunta ela ao empregado.

- O senhor Josefo...

- Eu sou a herdeira desta usina. Afirma ela.

Após um dia inteiro de trabalho na usina, ela percebeu que muito deveria ser feito, começando pela inclusão dos trabalhadores no regime de CLT, algo que lhes havia sido negado durante muito tempo, depois seria diversificar a produção do açúcar de forma sustentável.

Maria Elsa foi para casa sentindo uma força que ela mesma desconhecia dentro de si, Luzia a estava esperando para avisar que a jornalista iria lhe visitar aquela noite, logo após o jantar; depois de um banho reparador, Maria Elsa pôs um leve vestido que combinava com o calor que fazia naquela época do ano, terminado a refeição, ela recebe Rosa que montava seu equipamento de trabalho na sala da casa.

Quando a entrevista terminou, as duas tomavam um café com biscoitos e conversavam.

-Você é tão jovem! Quando nasceu? Pergunta Maria Elsa com curiosidade.

- Em 1985, no dia 02 de outubro, mas só fui adotada em dezembro de 1986. Confessa Rosa.

- Você é daqui de Pernambuco mesmo?

- Sim senhora. Diz ela sorrindo.

Maria Elsa derrubou a xícara no chão nesse momento e o objeto quebrou no atrito com o solo.

- A senhora está bem? Dona Elsa. Pergunta Rosa preocupada.

- Foi um desequilíbrio passageiro, eu tive um dia muito cheio e necessito me recolher, espero que você compreenda, boa noite.

- Depois continuamos, mas já tenho material suficiente para editar, boa noite. Diz Rosa sorrindo.

Naquele momento algo dentro de Maria Elsa lhe fazia ter certeza de haver reencontrado sua filha.

As Eras do amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora