As Eras do amor.

Ditadura em vertigem.

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Recife- Sede do DOPS, Março de 1985.

          Segismundo havia sucumbido a tortura, o corpo cheio de hematomas e marcas de violência estava sendo removido da cela por dois policiais, enquanto isso, Joabson ligava para Severino.

—Oi seu Severino, o pacotinho que o senhor encomendou, hoje vai para a desova.

—Perfeito!

          No Savoy Matias aguardava ansioso por Mabel, com sua melhor roupa, esperava pelo amor de carnaval que havia se tornado sua namorada, ela chegou com um vestido vermelho.

—Oi Mabel.

—Oi, tu vai pedir chope?

—Antes, eu gostaria de pedir que se você quiser casar comigo...

—Quero.

           Dois meses após o fim da Ditadura que estava dando sinais que iria acabar, Matias e Mabel trocavam alianças na igreja de Santo Antônio, convidados, madrinhas, flores na igreja, a noiva vestida de branco com um ousado decote, os noivos carregavam estrelinhas do PT em seus trajes.

         O sonho de democracia após um regime ditatorial estava presente nas mentes Brasileiras e no casal que dançava no jardim do convento, onde foi a festa, como se não houvesse amanhã, quando Mabel jogou o buquê para uma dúzia de amigas esperançosas por casar, foi uma risada só, eles estavam felizes.

Recife 12 de junho de 1985.

Maria Elsa estava abrindo o portão da casa, naquele fim de tarde era o momento perfeito para fugir, do outro lado da rua estava Matias com flores para a esposa, ela sai correndo pela rua e esbarra nele, destruindo parcialmente o buquê destinado a Mabel.

—Tá doida?!

—Sai da frente!

—Sua cachorra desgraçada, volte pra dentro!

—Senhor, não a trate assim, ela é uma gestante.

—Cala a boca!

          Ela volta pra aquela casa e ele chega em casa com o buquê todo desfeito, Mabel estava fazendo uma leitura de Marx Weber.

—Oi e como tá o bebê?

—Um pouco de mal estar.

—Quer um remédio?

—Não, que buquê horroroso é esse?

—Eu esbarrei em uma moça na rua.

—Moça é? Diz ela soltando o livro.

—Só uma garota grávida.

—Hum.

      Maria Elsa detestava a lembrança do rapaz que impediu a sua fuga, há meses ela não via Segismundo que não sabia da gravidez, mesmo que não se encontrassem mais, ela não queria que o pai decidisse o destino do filho dela.