Sina parou o carro na frente do apartamento de Heyoon, ciente do quanto ela estava furiosa por causa do beijo no campo de golfe.
Sentada ao seu lado, ereta e silenciosa, a expressão em seu rosto era fria. A presença dela e sua insistência recusa em perdoa-la a perseguia o dia todo.
Apesar da ira que despertou, Sina não se arrependeu do beijo, passou o dia todo querendo toca-la e conseguiu, afinal, depois de lutar consigo mesma.
O que a deixou tão zangada? O fato de ter menosprezado seus dotes culinários? Não ter agradecido de joelhos por ter salvado a festa? Ela já reconheceu o ótimo trabalho que ela fez, o que estaria realmente acontecendo?
Tinha que admitir que não a compreendia. O estranho porém era que ela queria entender Heyoon. Não conseguia mais dizer para si mesma que Heyoon era apenas irmã de sua ex-noiva. Ela era bem mais que isso...
Heyoon abriu a porta do carro bruscamente, pegou a bolsa e o agasalho sem dizer sequer uma palavra.-Quer ir a um jantar comigo esta noite?- Sina a convidou, segurando a pelo braço num impulso.
-Você tem algum jantar de negócios?- Ela indagou hostil.
-Não, apenas quero jantar com você.
-Por quê? Para exibir sua grosseria em público?- Heyoon disparou.
-Não é nada disso, quero só passar alguns momentos com você.
Heyoon a fitou. A surpresa era evidente em seu olhar e tentou ver sinceridade em sua expressão.
-Por favor...
-Preciso tomar um banho e me arrumar- ela concordou após alguns segundo.
-Então faça isso- Sina disse tentando ignorar o alívio que a invadiu- Posso passar para te buscar daqui uma hora?
-Uma hora e meia- Heyoon corrigiu com um leve vestígio de seu sorriso alegre.
Sina a observou se afastar sem perceber o sorriso bobo que iluminou seu rosto quando ela lhe enviou um aceno.
Sina deu partida no carro e deixou o estacionamento, sem dar conta de que estava assobiando.^_^
Heyoon não via Sina frequentar ambientes tão simples desde os velhos tempos. Ela apoiou o queixo nas mãos e a fitou na pouca iluminação proporcionava pela vela fincada numa garrafa de vinho no centro da mesa. Adorava aquela pizzaria, apesar dos preços baixos a comida era excelente.
O beijo de Sina no campo de golfe a deixou atordoada. Não conseguia imaginar porque se rendeu aos seus carinhos se estava tão brava com ela. Mais tarde porém no carro, ela realmente pareceu querer sua companhia e sua sinceridade a desarmou.-Você já esteve aqui antes- Sina concluiu, observando a garçonete se afastar com o pedido- Em quanto tempo a pizza fica pronta?
-Quinze minutos, o serviço aqui é bem rápido- Heyoon contou sorrindo e torcendo para que Sina não percebesse a ansiedade que a dominava.
Não havia razão para nervosismo. Elas transaram, mas ela não tinha certeza que isso significa algo para Sina. Ponto final. Se apaixonar não fazia parte do acordo, agora que Sina se desculpou por menosprezar seus esforços para a festa, podiam voltar a uma relação estritamente profissional. Ainda assim não conseguia evitar que seu coração batesse mais depressa de pensar como seria bom se ficassem juntas.
Sina se encostou na cadeira, uma expressão alegre e descontraída no rosto. Sina vestia um vestido preto colado com sorriso no rosto ao contrario do que aconteceu pela manhã, o sorriso surgiu com mais facilidade.-Como vão os negócios no estúdio?
O tom amistoso da pergunta a surpreendeu, totalmente diferente das referências de avaliação rigorosa sobre o seu trabalho.
-Estão indo muito bem, meus horários estão todos lotados desde que Emma me apresentou no clube.
-Você deve estar muito feliz, principalmente por estar continuando o trabalho de seu avô.
-Sim- Heyoon respondeu simplesmente- Sinto a presença dele e o imaginando observando.
-Eu não o conheci, ele deve ter sido um homem e tanto.
-Ele era um máximo- Heyoon concordou imaginando que o avô teria gostado de Sina.
-Me fale dele.
-Bem, ele sempre estava disponível para nós, não importa o que acontecesse. Às vezes as coisas ficavam difíceis. Minha mãe não ganhava muito, as coisas que fazia nem sempre davam certo, mas éramos felizes e amadas. Meu avô era parte importante disso.
-Mas vocês mudavam muito, isso causa insegurança numa criança.
-Nem sempre. Eu gostava de frequentar novas escolas, fazer novos amigos...
-Isso não atrapalhou seus estudos? Nem todas as escolas ensinam a mesma matéria o tempo todo.
-Eu me virava. Os professores gostavam de mim, exceto quando eu fazia muitas perguntas.
-Mas não é normal fazer perguntas?
-Sim, mas eu fazia perguntas impertinentes.
-Ah, você era uma daquelas alunas...- Sina riu.
-Era sim. E quando me metia em confusão, chamava meu avô para falar com o diretor.
-Ele representou o papel de pai, não é mesmo?
-Sim- Heyoon assentiu e dobrou o guardanapo a sua frente.
-E seu pai?- Sina perguntou com cuidado como se temesse magoá-la.
-Meu pai não fez parte da minha vida- ela contou dando de ombros, as feridas quase cicatrizadas- Mas tudo bem. Minha mãe é meio inconsequente, mas é adorável. Há crianças que não tem nenhum dos pais.
Sina abaixou o olhar, com a expressão sombria.
-Ah, Sina me desculpe! Como fui insensível.
-Tudo bem- Sina garantiu com um sorriso triste- Minha infância parece muito longe agora e a vida poderia ter sido bem pior.
-Não acho. Pelo que eu ouvi...
-...deve ter sido pior para você, já que era a mais velha.
-Obrigada pelo apoio- Ela agradeceu, o sorriso quase meigo- mas aprendi muito. É claro que que as vezes não posso deixar de imaginar como tudo teria sido diferente se meus pais fossem vivos.
-Isso é natural.
-É verdade. Tenho certeza de que meus sonhos me ajudaram a atravessar aqueles tempos difíceis, mas agora eu sou uma adulta preciso não confundir fantasia e realidade- Sina continuou num tom mais leve- As dificuldades me ajudaram a chegar onde estou.
Sua infância não está tão longe quanto pensa, ela quis dizer, ao lembrar a tensão que percebeu quando Sina jogou golfe com Simon, ou quando a acompanhava aos tediosos jantares de negócios.
A intuição lhe dizia que seu acordo não agradava Sina, porque honra e integridade significava muito para ela. Porque mais teria se oferecido para casar com uma moça grávida e abandonada? Heyoon sabia que ela contrariava seus princípios ao fingir ser algo que não era e, no entanto, ali estava ela, lutando contra própria integridade.
Tal atitude era prova de que havia muitas questões não resolvidas na vida de Sina, mas ela não deveria se importar, não deveria se render ao amor e desejo que Sina despertava nela.-Não, claro que não. O que passou, passou.
-Mesmo?- Heyoon perguntou cética.
-Verdade. Você também não quer sucesso e dinheiro? Todos estão atrás disso, até você.
Heyoon a fitou, se perguntando se ele realmente não sabia o que motivava a trair sua natureza.
-Sim, eu quero sucesso e dinheiro o bastante para manter o estúdio, comprar comida para meus gatos e pagar o aluguel.
Sina sorriu como se as palavras dela confirmassem sua observação.
-Mas você quer mais- Heyoon disse suave. Muito mais.
-Meus gatos são maiores- Sina concordou brincando- E o aluguel, mais caro.
...
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LIPS I KISSED|Siyoon
RomansaUma boca pode ser beijada ? Sina precisa de uma pessoa educada e sexy, que concorde em se passar por sua noivo (a) para impressionar seus superiores e induzi-los a lhe dar o tão esperado cargo de confiança na empresa onde trabalha. Com sua deslumbr...