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Na manhã seguinte, Sina digitou a última linha do relatório de vendas e enviou via e-mail.
O café na xícara ao lado do computador exibia um brilho desagradável sob a luz fluorescente. Fazia uma hora que esfriou, e ainda eram sete e meia da manhã.
Se recostou na cadeira, ela esfregou o rosto com as mãos. Duas horas seguidas de trabalho e ela quase conseguia compensar a tarde dedicada ao amor. Seus lábios se apertaram numa linha fina. Foi uma tarde de loucura. Ainda não conseguia acreditar que foi capaz de sair de uma reunião e passar três horas na aconchegante cama de Heyoon.
Sina retornou ao escritório e encontrou as anotações sobre a reunião em sua mesa. As horas perdidas a deixaram ansiosa para recuperar o tempo perdido.
Chegou cedo a empresa deserta, onde os únicos ruídos audíveis eram o zumbido dos computadores e do ar-condicionado.
Não se sentia bem por ter fugido das responsabilidades após tantos anos seguindo uma rígida ética de trabalho. Mesmo assim, não pôde evitar o sorriso. O piquenique, momentos roubados no tempo, tinha sido maravilhoso. Sim ela veio muito cedo ao escritório, mas a lembrança de Heyoon em seus braços compensava. O sorriso suave, o brilho nos olhos dela quando a olhava.

Se sentia forte e poderosa quando estava com Heyoon. Ela iluminava sua vida, aquecia seus dias. Longe dela, se via querendo mais.
Sina sorriu ao relembrar os momentos de bom humor que partilharam após a transa. Heyoon era uma mulher maravilhosa, sensual, divertida...
Sina interrompeu os pensamentos de repente, o que acontecia com ela? Ali estava, devaneando sobre Heyoon, desejando ouvir sua voz tranquilizadora, pensando nela como se tivesse um futuro juntas!
Ela era irmã de Hina, que a abandonou por sua irmã. E ela sabia que Heyoon também não pensava duas vezes para dispensar uma namorada quando se cansava dela. Era um problema de família. Elas eram geneticamente incapazes de levar uma vida normal, racional e decente.

Sina respirou fundo e percebeu que a perspectiva de ser abandonada por Heyoon despertava nela emoções completamente novas. Se sentiu uma idiota quando Hina a deixou, mas Heyoon... significava muito mais.
Livrando-se dos pensamentos inquietantes, examinou a pilha de papéis em cima da mesa. Que tolice... Estava ali para trabalhar. Forçou-se a concentrar e começou a organizar os dados a sua frente.
Meia hora depois, uma batida na porta a fez erguer a cabeça. Ali estava Simon Fuller com um sorriso inamistoso no rosto.

-Bom dia- Sina cumprimentou ciente dos problemas que enfrentaria.

-Então você veio...- Simon respondeu irônico.

-Sim, estou aqui- ela confirmou sem contar que ficou no escritório até as oito horas da noite e que chegou às cinco e meia da manhã. Desculpas de nada adiantariam

-Imaginei que, depois de fugir da reunião de planejamento, você encontraria pista maneira de se divertir hoje. Como escolher jogos de porcelana para sua noiva.

Jogos de porcelana? Do que ele estava falando?

-Não, senhor- Sina replicou, com respeito para encobrir a crescente irritação.- O relatório de vendas que pediu está aqui.

-Sabe, Deinert, cautela nunca é demais- Simon advertiu entrando e fechando porta- Não preciso dizer que a promoção vai ser decidida logo. Você precisa definir suas prioridades.

-Elas estão bem claras- Sina afirmou em tom severo. Perderia a promoção por causa de uma tarde?

-Bem, sempre acreditei nisso, mas essa promoção é um grande salto, um nível totalmente diferente.

-Sei disso- Eles também não haviam perdido uma reunião para jogar golfe na semana anterior?

-Um nível totalmente diferente- Simon repetiu- Você sabe que negócios e política tem uma coisa em comum. Para ter sucesso, é preciso ter uma vida sossegada com uma mulher que entende bem o que a profissão exige.

LIPS I KISSED|SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora