Capítulo 20

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— Adorei suas novas músicas! — Caio exclamou. — Vai ser um sucesso como as outras!

Uma tosse meio seca soou pelo estúdio, era o nosso empresário.

— Senhor Barakiva — Caio, sendo o mais responsável do grupo, disse, com um sorriso gentil no rosto. — Tudo bem com o senhor?

— Tudo ótimo — ele devolveu o mesmo sorriso. — Eu apenas queria roubar o vocalista de vocês por alguns minutos.

— Ok.

O senhor Barakiva me pediu para segui-ló e eu o segui para fora do estúdio, esperando receber um grande elogio pelo álbum ou algo assim.

— Sente-se — me ofereceu uma cadeira e eu me sentei. — Quer beber alguma coisa?

— Não, senhor.

— Ótimo, então vamos direito ao assunto — ele apoiou seus cotovelos na mesa. — Você é gay?

Senti meu rosto queimar. Como ele sabia? Os meninos tinham contando?

— Nenhum dos seus amigos contou para mim, se é o que está pensando — disse, como se estivesse lendo meus pensamentos. — Eu vi com os meus próprios olhos, sexta-feira no bar, eu soube que o show estava sendo o maior sucesso e como um bom empresário resolvi dar uma olhada.

Claro, o show. Aonde eu estava com a cabeça de beijar Samuel na rua? Tão exposto, eu não deveria.

— Quando o show acabou eu sai bem a tempo de ver você beijando aquele garoto — ele fez uma careta. — Não quero ser homofóbico, mas você está ficando famoso, John. Até mais que os seus amigos, até porque você é o vocalista, você é quem escreve as músicas. E você não vai jogar isso fora, não é?

O encarei. Por que sempre vem algo horrível depois do "mas"?

— O que o senhor quer dizer?

— O que quero dizer é que não vai ser nada bom para a banda essa mancha — ele acha que eu sou uma mancha? — Esqueça aquele garoto, arranje uma garota, ou melhor, nem arranje. Se suas fãs pensarem que você está solteiro será melhor ainda!

— Mas senhor, eu o amo.

Barakiva me encarou, com um certo desgosto e meu estômago se embrulhou.

— Você não acha mesmo que...

— Freddy Mercury era gay — interrompi. — E hoje é um dos maiores astros do rock, então qual é o problema?

— O problema é que as pessoas só foram saber que ele era gay quando ele estava morrendo.

— E daí?

— Escuta, garoto, você quer ou não quer a fama? Você tem talento, não desperdice isso.

Suspiro fundo e encaro minhas próprias mãos. Não faz sentindo fazer isso, se não fosse pelo amor que eu sinto por Samuel, eu nunca teria conseguido escrever uma linha de todas essas músicas, desse álbum. Se eu o largasse, meu "talento" sumiria. Pensando por um lado, eu nem merecia estar aqui, na verdade, eu merecia mais.

— Se a fama vai me fazer perder o amor da minha vida — me levantei, decidido. — Então eu simplesmente não serei um astro do rock.

Barakiva me olhou, espantando, mas sem dizer nada. Então eu sai da sala. Não estou com raiva, apenas quero o Samuel.
Sai do estúdio sem ver os meninos e entrei no meu velho e adorável Fusca. Dirigi até em casa e encontrei Samuel se arrumando para ir ao trabalho.

— Você chegou mais cedo — sorriu pra mim. — Aconteceu alguma coisa?

— Eu posso explicar depois — o puxei pela cintura. — Não é tão importante assim.

O beijei e ele aceitou o beijo, esquecendo que precisava continuar se arrumando para o trabalho.

— Eu te amo, Samuel.

— Eu também te amo, guitarrista.

O seu amor é Rock And RollOnde histórias criam vida. Descubra agora