Capítulo 5

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- John Lennon! - Peter passou os braços em volta do meu ombro, assim que eu cheguei. - Você não vai acreditar no que a sua música maravilhosa nos ofereceu.

- Como assim?

- O dono do bar nos chamou para conversa ontem depois do show - Caio explicou. - E ele disse que se tocamos lá toda sexta-feira ele vai dar pra cada um de nós 500 dólares.

- 500 dólares?!

- Pois é! - Jason falou dessa vez. - Dinheiro pra caramba, não é?

- Eu disse que valeria a pena se o John escrevesse músicas. De nada - Caio disse e veio até mim com o que parecia ser 500 dólares na mão. - A gente concordou com ele e já fomos pagos, aqui está a sua parte.

- Caramba - peguei o dinheiro. - Valeu.

- Aonde você estava ontem à noite? - Jason perguntou. - Você sumiu com aquele tal de Samuel depois do show.

- Eu só fui pra casa cedo - dei de ombros. - Bem, de qualquer forma, eu não vim aqui pra ensaio.

- Como assim não? - Caio parecia não ter gostado da notícia. - A gente precisa decidir que músicas vamos tocar na próxima sexta. E você já acabou de escrever Electric Kiss?

- Já - tirei o papel com a música do bolso e entreguei à ele. - Mas olha, eu estou de mudança e preciso ir arrumar minhas coisas e tudo mais.

- Parece que o nosso John Lennon conseguiu um emprego - Peter brincou. - Vai finalmente morar sozinho?

- Na verdade eu não consegui um emprego e também não vou morar sozinho.

- Espera, então vocês e seus pais estão se mudando? - Caio parecia assustado. - Me diz que vocês não vão embora de Nova York! Como é que fica a banda?

- Calma, eu não vou embora de Nova York. Eu vou começar a morar com o Samuel, o garoto que vocês conheceram ontem - expliquei. - Ele estava procurando um colega de quarto e eu só preciso pagar 100 dólares pra ele todo mês.

- Que alívio - Caio suspirou. - Ok, podemos ensaiar hoje sem você, mas esperamos te ver amanhã. Não esqueça, agora temos show todas as sextas.

- Tá bom, tá bom - peguei o papel com a música de volta. - Agora eu vou indo porque quero terminar a mudança hoje mesmo.

- Tchau.

Todos acenaram pra mim e eu acenei de volta, saindo dali.

🎸

Eu pensei que a mudança poderia ser complicada, mas me dei conta de que não quando lembrei que a casa toda já estaria pronta para mim, eu só precisava das coisas pro meu quarto. Afinal, eu serei apenas colega de quarto do Samuel que já mora lá faz tempo.
Fechei o porta malas e olhei de relance para os meus pais. Eles ficaram felizes que eu finalmente iria morar sozinho, mamãe disse que já estava mais do que na hora porém que sentiria minha falta. Inclusive, ela estava chorando agora. Mães são sempre tão dramáticas.
Aproximei-me dos dois e demos um abraço em família demorado.

- Venha nos visitar sempre - meu pai disse. - Também iremos te visitar às vezes.

- Pode deixar - limpei algumas lágrimas da minha mãe. - Pare de chorar, mãe, eu não estou mudando de país.

- É que meu menino cresceu tão rápido! - revirei os olhos e sorri. - Não revira esses olhos para mim, mocinho!

- Tchau, mãe - beijei sua bochecha e dei outro abraço em meu pai. - Tchau, pai.

- Tchau, meu filho, se cuida.

Entrei dentro do fusca e acenei para eles lá de dentro, antes de dar partida no carro e ir embora.
A casa não era muito longe, então cheguei em 10 minutos. Por isso achei exagero da minha mãe chorar. São só 10 minutos com essa lata velha, imagina com um carro mais novo e potente.
Estacionei o fusca de frente para a minha nova casa e sai, para bater a porta, já que eu ainda não tinha recebido uma cópia da chave.
Bati duas vezes seguidas e esperei por Samuel, mas quando a porta foi aberta, eu literalmente fui atacado por lambidas de uma coisa enorme e peluda.

- Ei, garotão - comecei a rir e acariciar o pelo do cachorro a minha frente. - Como vai?

- Sushi! - o cachorro saiu de cima de mim e consegui ver Samuel. - Céus! Me desculpe pelo Sushi, John.

- Sushi? - gargalhei. - Você deu nome de comida pra um cão?

- Cala a boca.

- Tipo, você estava com fome quando...

- Vai querer ajuda com as malas ou não? - ele me interrompeu.

- Sim, eu vou querer.

- Idiota - tentei controlar minha risada e abri o porta mala do fusca. Peguei algumas malas e Samuel também. - Vem, o seu quarto fica lá em cima.

Subimos as escadas e ele abriu a porta do meu suposto quarto.
Coloquei as malas no chão e ele também.

- Falta mais alguma coisa?

- Não.

- Então, seja bem-vindo a sua nova casa.

- Obrigado.

- Aqui - ele me deu a cópia da chave e eu agradeci novamente. - Qualquer coisa eu estou no quarto ao lado.

- Ok.

Então ele saiu, me deixando sozinho.
Olhei em volta. O quarto era todo branco, tirando os móveis.

- Acho que vou pintar essas paredes de amarelo antes de colar meus pôsteres - falei sozinho, enquanto me jogava na cama. - Ou será que pinto de laranja?

Tirei meu tênis e decidi que séria amarelo, já que meu antigo quarto era laranja.
Então estou, finalmente em casa.

O seu amor é Rock And RollOnde histórias criam vida. Descubra agora