PRIMAVERA - 7

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Esperamos pelo retorno de Yuki e Kyoko sentados ao sol. Nas grandes rochas desabadas, de frente para o mar, gravei em minha memória a sensação do calor da mão da Sakura na minha. Aproveitávamos, perdidos em pensamentos, a luz da manhã antes de termos que voltar para o horror da morte naquela caverna.

Meu coração ainda estava acelerado. Nunca imaginei que um beijo pudesse dizer tanto a uma pessoa, mas ela havia me dito tudo o que eu precisava saber. Que ainda confiava em mim, que ainda me amava. Eu havia duvidado, em alguns momentos, que aquele amor que ela dizia sentir fosse sério e não mera paixonite de menina. Como em tudo o mais, eu fui tolo.

- Será que o Sasuke-kun foi enviado até aqui porque estava viajando aqui por perto? - Sakura perguntou baixinho. Estava quieta, certamente digerindo os mesmos intensos sentimentos que me consumiam.

Acho que estava com medo de que eu fosse embora de novo.

- Não, Sakura. Eu pedi para vir até você.

Ela me olhou como se não devesse acreditar completamente no que estava acontecendo.

- Eu voltei para casa – disse a ela suavemente – se você me aceitar.

Muitos sentimentos contraditórios se alternaram naquele olhar. Tristeza, felicidade, dúvida, saudade.

- Eu esperei você por todos esses anos, seu idiota – lágrimas não derramadas brilharam em seus olhos.

- Me desculpa - fiz uma careta e ela riu. 

***

Já havia enviado Garuda com uma solicitação de reforços ao Rokudaime, tínhamos pouco tempo para fazer uma varredura completa naquela caverna. Deixamos os dois Chunins de guarda caso os sequestradores voltassem. Iriamos devolver o corpo do menino para a família e retornar imediatamente a Konoha com as amostras de tecido biológico que Sakura havia retirado.

Segundo suas impressões enquanto escaneava o corpo do menino no processo de cura, havia algo de muito errado. Embora houvessem ferimentos causados pelo desmoronamento, seu corpo não foi à falha total por causa deles. Seu chakra havia se consumido em um instante, como combustível tocado pelo fogo e ela queria estudar no laboratório do hospital o que poderia ter causado aquele efeito.

Durante dois dias dividimos o caminho de volta. Era o início do nosso próprio caminho, juntos. Ela me fez contar as histórias das minhas viagens enquanto corríamos pelas trilhas de terra ou saltávamos entre os galhos das grandes árvores. Deitamos sob o mesmo céu estrelado a noite, dividindo o calor de uma pequena fogueira, como se fossemos as duas únicas pessoas no mundo.

Aos poucos eu relaxava os grilhões com que tinha prendido meus sentimentos muito tempo atrás. Sakura nunca escondeu o que sentia de si mesma, por mais que fosse doloroso, nada era soterrado ou ignorado e isso a fez forte. Ser forte é ter os sentimentos no lugar certo. Por isso, embora me sentisse desconfortavelmente vulnerável, permitiria que ela olhasse para aquela parte recém-descoberta de mim. 

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora