PRIMAVERA - 6

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Corríamos pela praia deixando pegadas fundas na areia fofa. A ninja sensorial ia à frente, tentando captar qualquer sinal a esmo. Seguimos na direção sul apenas porque o terreno parecia mais promissor. Quem quer que fossem os responsáveis pelos sequestros eram bem discretos.

Uma explosão fez a terra tremer. Grandes pedras rolaram para o mar alguns quilômetros à frente. Sakura e eu corremos encosta à cima, os outros dois se separaram para procurarmos pelos responsáveis.

Em certo ponto, a meia altura daquele despenhadeiro, uma fumaça branca fugia por entre as pedras. Sakura pôs-se a pulverizar as grandes rochas com socos potentes enquanto eu utilizava Doton para ajudá-la. Por fim, abrimos uma fresta grande o suficiente para entrarmos, por trás do deslizamento encontramos um salão parcialmente desmoronado.

Quase nada estava inteiro, mas claramente haviam equipamentos médicos ali. Vidro quebrado sob as pedras, um líquido viscoso manchava o chão. Em um canto, uma mesa de metal e, sobre ela, em meio a pedras, uma mãozinha estava visível.

Sakura correu, retirando as pedras apressadamente, e surgiu com um pequeno corpo em seus braços.

- Ainda está vivo – Disse, pondo sobre o peito da criança uma mão de onde emanava luz verde.

Precisaríamos revirar aquela caverna ao contrário. Se a fuga se deu às pressas e a explosão tinha o objetivo de ocultar quaisquer rastros, poderíamos encontrar alguma coisa ali.

- Ah não, não...

Virei-me para Sakura, suas mãos não emitiam mais nenhuma luz. Ela estava apenas lá, abraçada à criança morta. Fui até ela e peguei o corpinho, o menino devia ter apenas uns quatro anos de idade. Deitei-o cuidadosamente no chão e o cobri com minha capa. Parecia que estava dormindo, embora estivesse um pouco pálido demais.

Sakura olhava com pesar para o menino. Lágrimas silenciosas corriam por seu rosto sujo de poeira. O mundo é duro, as pessoas podem ser cruéis, eram lições que todo Shinobi aprendia cedo. Mas eram sempre lições difíceis demais.

Aproximei-me dela, secando uma lágrima com o dorso da mão. Já vi muitas daquelas lágrimas, era o responsável pela maioria delas. Ela agarrou minha camisa, enterrando o rosto no meu peito em meio a soluços.

Afastei-a alguns centímetros. Eu devia falar alguma coisa, tantas coisas na verdade, anos de coisas acumuladas que precisava dividir com ela, mas seu cabelo cheirava a flor de cerejeira e meus pensamentos estavam uma confusão. Eu daria qualquer coisa para que ela nunca mais precisasse chorar.

Senti meu rosto aquecendo quando encostei meus lábios suavemente sobre os dela, uma pergunta muda que eu fazia. Pareceu uma eternidade o segundo que levou para que ela, com um suspiro, colasse sua boca na minha quase em desespero. 

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