INVERNO - 2

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Na maioria das vezes o sonho começava como aquele genjutsu em que o Itachi me prendeu tantas vezes e que nunca saia realmente da minha cabeça. As ruas do distrito vazias e em silêncio, até que os corpos apareciam. Eu corria até minha casa e lá estavam meus pais caídos no meio da sala, mortos. Eu era só um garotinho. Então meu irmão entrava na sala, corria em minha direção e me escondia dentro da porta de um armário, fazendo sinal para que eu ficasse em silêncio. Uma sombra surgia por trás dele e a ponta de uma katana aparecia em seu peito. Ele sorria para mim, o garotinho escondido, e caia, escorregando pela parede ao meu lado. Então eu olhava para a sombra que ria insanamente, e a sombra era eu.

Abri os olhos e senti que eles ardiam. Pela janela, o sol lançava seus primeiros raios rosados nas nuvens e eu achei que não merecia presenciar algo que fosse tão bonito. Fechei novamente os olhos com força. Eu sentia dor. Também sentia raiva de mim mesmo. Eu era um monstro, havia concluído. Não tinha muito o que fazer nesses dias em que estava no hospital, a não ser desfilar em minha mente cada merda que eu havia feito, cada pessoa que eu havia machucado.

Naruto estava no quarto ao lado. Uma fila de pessoas querendo visitá-lo se formava todos os dias. Queriam agradecer ao herói da guerra. Eu ficava feliz por ele, mesmo. Ele era forte. Mais forte do que eu jamais fui. Ele nunca se perdeu, protegeu seus amigos, protegeu o mundo. E eu arranquei o braço dele em agradecimento.

Ele vai receber alta hoje. Graças ao chakra da Kurama já está novo em folha e doido para sair em missões de reconstrução do mundo ninja. Eu nem sei quanto tempo ainda tenho que ficar em observação e saio direto para a cadeia, segundo Kakashi.

São as duas únicas pessoas que vieram aqui, além da Sakura, que praticamente mora nesse hospital. Minha família, o time sete. Mesmo eles aparecem cada vez menos, estão todos muito ocupados com o pós-guerra. Eu gostaria de ajudar, é claro, mas nem as enfermeiras têm coragem de entrar aqui sozinhas, dois AMBU estão dia e noite na minha porta, outros dois de guarda fora da janela. Mas eu já aceitei o meu destino, como já diria o ditado, mais ajuda quem não atrapalha. 

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