INVERNO - 7

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Algumas horas e uma garrafa de sakê depois, Naruto roncava espalhado no chão da sala. Sakura estava perdida em pensamentos, e eu apenas a observava com o canto dos olhos, sentada com os braços em volta dos joelhos, os pés descalços, o rosto ligeiramente rosado pelo efeito do álcool.

- O que você pretende fazer agora Sasuke-kun? - Ela me perguntou finalmente.

Essa era a pergunta que eu me fazia todos os dias desde que abri os olhos naquele hospital. E imaginei que ela não ia gostar da resposta a que cheguei.

- Eu vou sair de Konoha.

Como suspeitava, seu rosto se transformou em uma máscara, mas eu podia ver em seus olhos toda a dor que sentia, como naquele dia em que a deixei desmaiada em um banco e fugi em busca de poder. Então me apressei em continuar:

- Eu tenho uma dívida a pagar. Tudo o que eu fiz, eu não posso desfazer, mas acredito que posso ajudar as pessoas, trabalhar por Konoha.

- Você sabe que pode fazer tudo isso aqui - Ela olhava para os dedos de seus próprios pés, como se fossem muito interessantes - existe muito a ser restaurado, quase não conseguimos atender todas as missões que chegam.

- Konoha tem ninjas fortes, como você e o Naruto. Imagino que existem lugares que foram igualmente destruídos pela guerra e que não tem essa sorte, ou dinheiro para contratar ninjas. Eu quero ir ver o que aconteceu nesses lugares, ajudar, se eu puder.

Claro que isso era apenas o que eu apresentaria oficialmente para obter a permissão do Hokage. Existiam motivos egoístas também.

Eu queria que Naruto e Sakura não se preocupassem tanto comigo, como faziam, gastando o tempo que mal lhes sobrava para vir me ver. Queria que Sakura pudesse construir aquele hospital para as crianças e ajudasse a evitar que houvessem mais guerras no futuro sem se distrair com minha presença. Queria que Naruto estudasse para ser Hokage sem perder tempo com rivalidades inúteis.

Além disso, eu precisava me livrar das distrações para enfrentar a sombra que existia dentro de mim, precisava de espaço e solidão, não seria algo rápido, fácil ou bonito. Precisava matar os meus demônios eu mesmo. Seu eu não me afastasse, tinha medo de ser fraco e aceitar o amor que Sakura me oferecia sem reservas, e eu apenas destruiria tudo o que era puro e belo nela.

- Acho que preciso ir agora - Ela se levantou, limpando uma lágrima solitária, e foi embora sem olhar para trás.

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora