PRIMAVERA - 8

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Assim que chegamos em Konoha, fomos tragados por um redemoinho de afazeres. Eu passava grande parte do meu tempo no escritório do Hokage, tentando juntar as peças daquele quebra-cabeças que a missão havia se tornado, ou resolvendo questões burocráticas do meu retorno à Vila da Folha. Só via Sakura quando o Sexto também a chamava para participar das reuniões. Quando ela não estava naquela sala abarrotada de papéis com a gente, estava enfiada no laboratório do hospital.

Ela me lançava sorrisos tímidos e pedia paciência com os olhos brilhando nos minutos que conseguíamos ficar sozinhos.

Estava perambulando perto do hospital certa noite, imaginando se Sakura ficaria muito irritada se eu atrapalhasse seu trabalho. Quando deparei com Ino, que saia pelas grandes portas de vidro do edifício que eu encarava.

- Sasuke! – ela acenou de longe enquanto vinha em minha direção – fiquei sabendo que você tinha voltado, como vai?

- Tudo bem – respondi sem muita paciência para conversa fiada – você sabe se a Sakura ainda está no hospital?

- A pergunta é quando ela não está no hospital – ela riu – é alguma coisa sobre a missão que vocês estavam? Fiquei na direção da Clínica Infantil para que ela pudesse viajar, mas ela não me deixa fazer meu trabalho. Quando não está no laboratório com Tsunade-sama, está atrás de mim cobrando relatórios.

- Não quero atrapalhar o trabalho dela– já estava me virando para ir embora quando senti a mão de Ino no meu ombro.

- Na verdade, tive uma ótima ideia – ela me empurrou escadaria acima e entrou correndo no hospital, em alguns minutos voltou com uma expressão satisfeita – se tem alguém que é capaz de tirar a Sakura daqui por algum tempo é você.

Será que ela sabia de alguma coisa?

- Porque não a leva para comer? Acho que ela está vivendo de lanches durante todos esses dias – dava batidinhas no queixo com o dedo, como se tentasse se lembrar das últimas refeições de Sakura – ela pode ficar muito obcecada quando tem um objetivo.

Pelo que me lembro, as duas só brigavam quando eram Genin, mas parece que Ino era uma boa amiga, afinal. Fiquei feliz que Sakura estivesse rodeada por pessoas que se preocupavam com ela.

- Agora preciso correr, Sasuke, Sai deve estar chegando em casa – ela corou um pouco e saiu correndo, enquanto acenava um tchau.

Sakura atravessou o saguão de entrada em seguida, vestia o jaleco e esticava suas roupas como se tentasse desamassá-las.

- Boa noite, Sasuke-kun! Aconteceu alguma coisa? - Ela parecia preocupada.

- Qual foi a última vez que você comeu?

- O que? - Ela inclinou a cabeça sem entender – na verdade... não me lembro.

- Vamos jantar – não era uma pergunta.

Ela olhou para mim, olhou para o hospital atrás de si em dúvida e suspirou.

- Tá – o sorriso que me deu não parecia de alguém desanimada. 

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora