PRIMAVERA - 19

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Seus olhos estavam escuros, perdidos em seu próprio desejo. Ela demorou alguns segundos para falar, meus pensamentos também não estavam muito coerentes naquele momento. Suas mãos estavam espalmadas no meu peito, e ela as subiu lentamente enlaçando meu pescoço.

- Está tudo bem, Sasuke-kun – ela sussurrou no meu ouvido.

Respirei fundo tentando pensar claramente, mas seu cheiro onipresente turvava a minha mente, eu precisaria de todas as minhas forças para parar se ela tivesse pedido por isso. Ante aquelas palavas, porém, meu lado racional apenas largou as rédeas.

Eu sentia uma urgência desconhecida e agia por puro instinto, eu precisava senti-la mais perto de mim. Minha mão, por baixo da capa de algodão, do colete verde, da blusa de manga comprida que ela vestia em missão oficial encontrou sua pele quente e macia. Minha palma era áspera enquanto eu traçava todo o caminho de sua coluna.

De alguma forma me livrei daquelas camadas de tecido enquanto ela própria desabotoava minha camisa com as mãos trêmulas. Queria a pele dela na minha, queria sentir aquela pele clara com meus lábios, com a minha língua.

Seu corpo era graciosamente esculpido, com músculos cultivados ao longo dos anos e curvas suaves nos quadris e nos seios. Não sei muito bem como não explodi sob o peso de todas aquelas sensações, de suas pequenas mãos que exploravam meu corpo, dos gemidos que escapavam de sua garganta.

Então eu apenas não suportei mais. Deitamo-nos sobre a capa que forrava o chão em um entrelaçamento de braços e pernas, nossos corpos se encaixando com uma sabedoria própria até que nos tornamos um só, e aquilo pareceu a coisa mais certa que eu já havia feito.

Enquanto encontrávamos o ritmo daquela dança, perdido nas sensações mais intensas que eu já havia experimentado, uma frase borbulhou na minha mente. E não parou de se repetir até que eu a dissesse em voz alta e me livrasse daquilo.

- Eu te amo – sussurrei baixinho, ofegante.

Ela congelou nos meus braços por um instante, olhando nos meus olhos, uma lágrima solitária correu por sua bochecha afogueada.

- Eu te amo, sasuke-kun, eu te amo, tanto que dói.

***

Nem que tentasse eu saberia pôr em palavras o que foi tudo aquilo, tudo que significou para nós dois aquele momento. Estávamos sob minha capa, aquecidos pelo corpo um do outro, ela traçava com a ponta dos dedos as cicatrizes que formavam uma teia no meu peito, nos meus ombros, no meu braço. Seu semblante estava um pouco triste, como se imaginasse como consegui cada uma daquelas marcas.

Lembrei-me de que sua pele era praticamente imaculada, apenas pequenas linhas pálidas muito antigas desenhavam seu corpo. E com essa, outras imagens voltaram à minha mente, meu sangue se tornou um turbilhão queimando sob a pele.

- Vamos nos vestir, está frio - Eu disse abruptamente, sentando-me enquanto procurava minhas roupas.

- Algum problema, Sasuke-kun? - Ela estava sem jeito, abraçada à minha capa, os longos cabelos bagunçados emolduravam suas bochechas rosadas e grandes olhos verdes.

- Não - pigarreei alcançando minha camisa e desviando os olhos de sua imagem perturbadora.

Ela parecia magoada enquanto vestia sua própria roupa. Eu já havia perdido o controle uma vez, precisava agir honradamente para com ela.

- Amanhã chegamos a Konoha, nós... precisamos nos casar.

Sakura riu, imagino que compreendendo o que se passava em minha cabeça.

- Você é adorável – ela disse plantando um beijo nos meus lábios.

- Espere passar o casamento para você ver o quão adorável eu sou – Fiz questão que estivesse claro no meu rosto tudo o que eu pretendia fazer com ela. 

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora