PRIMAVERA - 16

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A primeira coisa que eu havia percebido naquele lugar foi o silêncio. E só então me dei conta de que todas as lembranças que eu tinha da época em que vivi com Orochimaru eram acompanhadas de um burburinho longínquo, constituído do zumbido constante de motores e de gritos de desespero.

O laboratório em que entramos era fortemente iluminado, os computadores que monitoravam suas inúmeras experiências estavam desconectados, os grandes tubos de vidro que geralmente abrigavam toda espécie de monstros estavam vazios.

- Como pode ver, estou me comportando muito bem – Orochimaru indicou com a mão a sala sem utilização.

- Estamos contando com sua recente lealdade à Vila da Folha, Orochimaru – falei com os olhos fixos em seu rosto, pronto a ler qualquer reação - Queremos um parecer sobre os resultados de uma pesquisa feita por nossos especialistas.

- Imagino que essa mocinha em silêncio atrás de você seja um dos especialistas.

- De fato eu conduzi os estudos – Sakura disse com voz firme, se pondo ao meu lado de braços cruzados – Mas os resultados são confidenciais, só vamos apresentá-los porque você pode ter alguma informação, digamos, não ortodoxa, que esclareça as coisas.

Orochimaru riu do eufemismo.

- Claro... porque você não vai cumprimentar seus outros colegas enquanto essa bela jovem me apresenta essa pesquisa misteriosa, Sasuke-kun?

Estava pronto a me opor quando Sakura me lançou um olhar que dizia claramente "não me subestime". Com um suspiro, segui Suigetsu para fora da sala.

- Vou estar aqui ao lado – avisei.

Os outros dois membros do time Taka estavam de pé, esperando no corredor. Jugo se encostava na parede oposta, imerso em uma calma satisfeita, Karin parecia estar escutando com o ouvido colado à porta até o segundo anterior.

- Sasuke! - Fui atacado por um turbilhão de cabelos vermelhos, Karin me abraçou se afastando logo em seguida – você parece bem, fico feliz.

- Hm - Era o tipo de comentário que eu não sabia responder.

- Senti o seu chacra de longe. E ele está tão... – Com um dedo no queixo ela parecia vasculhar memórias sonhadoramente – luminoso... como se fosse o seu chacra original, mas com um pouco de calor, como o do Naruto e até uma outra coisa...

As vezes Karin começava a falar e esquecia de ponderar o que devia ser dito ou não, e aquilo já estava ficando um pouco constrangedor.

- Posso falar um minuto com você? - Pedi a Karin, queria que ela calasse a boca, mas também havia outra coisa. Queria me desculpar com ela apropriadamente. Eu sentia, de forma geral, que havia usado os integrantes do time Taka sem me importar com suas vontades ou segurança, apenas ferramentas para que eu atingisse meus objetivos, mas Karin eu quase matei deliberadamente. - Eu gostaria de pedir desculpas a você, vocês foram bons companheiros e eu não dei o valor merecido - tínhamos nos afastado alguns metros dos outros dois.

- Você já pediu desculpas e eu já desculpei, Sasuke.

- Pedi, mas eu não entendia a dimensão de tudo o que fiz na época. Então, por favor, me desculpe.

Ela deu um suspiro longo e sorriu sem graça.

- Ela está te fazendo bem, não é?

Olhei para ela como se não tivesse entendido.

- A Sakura – ela indicou com a cabeça a porta por onde eu havia saído momentos antes – eu posso sentir alguma coisa do chacra dela no seu chacra também. Como uma forte determinação e... amor?

Meu rosto corou contra minha vontade. Ela riu e deu dois tapinhas no meu ombro.

- Isso deixa você ainda melhor – disse se afastando com um suspiro.

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora