PRIMAVERA - 21

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Cheguei ao santuário do templo mais cedo do que precisava de fato, mas estava inquieto, nervoso sozinho em casa. Naruto chegaria em breve como meu padrinho, seria bom ter alguns momentos de paz antes disso. Já vestia meu quimono cerimonial, o papel com meus votos estava seguro em um bolso interno, finalmente havia conseguido escrever alguma coisa, espero que fosse o suficiente.

Depois de alguns minutos em silêncio observando as folhas dos salgueiros pacificamente ao vento, comecei a ouvir vozes se aproximando. Um dos monges auxiliares pediu que o seguisse até um quarto nos fundos do templo, eu devia ficar ali. O Quarto em que Sakura esperaria ficava de frente àquele, separado por um biombo e eu só a veria quando tirassem aquela divisória da minha frente. Se eu tivesse o Byakugan, certamente daria uma espiada. Esse pensamento me fez sorrir.

Finalmente Naruto entrou apressado e barulhento, vestindo um terno escuro e um grande sorriso no rosto, logo atrás, o monge de antes veio dar as orientações do que devíamos fazer. Ouvi a risada cristalina de Sakura do outro lado do biombo e, então, dado um passo à frente pude vê-la finalmente.

Seu kimono era constituído por várias camadas, imaculadamente branco, em completa oposição ao meu. Pequenas flores bordadas em rosa pálido se espalhavam pelo tecido, como se tivesse ficado parada sob uma cerejeira em uma manhã de primavera. Os cabelos estavam trançados em um padrão complexo, ornados por flores e fitas, visíveis através do Wataboshi. Ela parecia um lindo ser sobrenatural.

Começamos nossa marcha formal até o interior do templo onde nossos amigos esperavam. Naruto e Tsunade nos seguiram até o altar, onde se juntaram aos Haruno em suas roupas de gala. Enquanto o monge proferia uma benção inicial, pude ver ao nosso redor vários rostos conhecidos, Ino e Sai, Hinata ao lado de Naruto, Kakashi e Yamato.

Três taças de sakê nos foram oferecidas em um ritual de purificação. Não sei se me tornei mais puro, mas me ajudaram quando chegou o momento em que eu devia fazer meu juramento. Segurei aquele papel em minha mão trêmula, respirando fundo antes de começar.

- Sakura – ela me olhava ansiosa, tentei esquecer que havia tantas pessoas ali, queria falar aquelas coisas para ela, por ela – Para mim... você sempre foi a única. Mesmo nos momentos mais sombrios, você era uma pequena luz no fundo da minha alma. Agora posso ver claramente que você estava sempre lá. Eu não sei se sou o suficiente, mas é a sua luz que ilumina os meus dias, que guia os meus passos. Eu prometo te amar até o meu último suspiro e dar a minha vida para protegê-la.

Meus olhos marejados não me permitiram ver claramente as lágrimas que rolavam pelas faces dela. Uma chuva de gotículas geladas nos envolveram, lançadas de galhos frescos de Sakaki. Nos encolhemos de mãos dadas sob os risos dos convidados.

Estava feito, Sakura era oficialmente a minha esposa. E lembrando de todo o caminho tortuoso até aqui, de quantas sombras enfrentei, de quanta dor ela suportou, não há mais tempo para arrependimentos. Tudo o que passamos nos trouxe até o dia de hoje, fez de nós dois o que somos agora. E se eu puder tirar uma lição da minha história, que seja a de seguir em frente sempre, toda escuridão pode encontra sua luz, todo pecado pode alcançar o perdão, nada está eternamente condenado.

A honra do meu clã estava restaurada, e, agora, eu tinha a minha companheira ao meu lado. Não estaria mais sozinho, não seria mais o único Uchiha sobre a terra.

Um sorriso aberto estava colado ao meu rosto.

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora