PRIMAVERA - 18

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Só percebi a constante tensão e cansaço que senti no esconderijo de Orochimaru quando me vi ao ar livre, sob o céu estrelado. Me lembrava a sensação de anos antes, em que eu vivia em alerta, nunca realmente relaxado, nem quando trancado naquele que era o meu quarto.

Havíamos preparado o acampamento daquela noite em uma pequena caverna de encosta rochosa, boa para fugir do vento frio, da chuva fina que caia e acender uma fogueira.

- Eu sempre imaginei o Orochimaru como um monstro sem piedade, mas ele consegue ser gentil se quiser – Sakura falava enquanto comíamos uma parca refeição.

- Acredito que a mente dele funcione como a de uma cobra de verdade, pode até estar quieto, mas vai te atacar de surpresa em algum momento – O calor da fogueira e da refeição faziam meus músculos relaxarem, meus olhos pesavam depois de tantos dias sem dormir direito.

- Mas não podemos discordar que ele é um gênio.

- Hum – eu deslizava para o sono sem conseguir resistir.

Acordei sobressaltado com uma mão segurando meu ombro. Em menos de um segundo tinha minha katana em punho. Sakura me olhava com doçura sentada ao meu lado.

- Você estava tendo um pesadelo, anata.

Eles haviam rastejado para fora do meu subconsciente naqueles últimos dias, me rendendo noites inquietas. Esvaziei meus pulmões em um suspiro encostando novamente a espada na parede da caverna.

- Vem aqui – Eu disse afastando a ponta da minha capa para que ela pudesse se proteger do vento frio da noite chuvosa. Ela se aconchegou ao meu lado, estava gelada mesmo usando sua capa de algodão. Lamentei não ter aquele braço para poder protegê-la da dureza da parede de pedra atrás de nós.

- Pode dormir de novo, eu fico de guarda - Ela disse suavemente.

- Já dormi demais – Eu queria aproveitar aquela proximidade rara. Com ela protegida pela minha capa, seu cheiro parecia tomar todos os espaços ao redor, flor de cerejeira e algo que era único dela, um cheiro quente e reconfortante que eu reconheceria em qualquer lugar.

- Sasuke-kun – Ela encarava o chão tímida, o rosto corado.

Levantei levemente seu queixo para que ela olhasse para mim, tocando com o polegar os lábios entreabertos. Somente a visão daqueles olhos verdes conseguiria afugentar os fantasmas da minha mente. Beijei-a suavemente, meus dedos desenhando sua bochecha até se encaixarem em sua nuca, por entre os cabelos rosados.

Ela agarrou minha camisa com seus punhos pequenos quando nossas línguas se tocaram e senti sua pele se arrepiando sob a minha mão, sorri ao perceber que ela sentia falta do meu toque tanto quanto eu sentia dela.

Estávamos em uma posição desconfortável, sentados com os troncos meio torcidos um para o outro. As sombras da fogueira dançavam em seu rosto, dando a ela um ar misterioso, eu não conseguia ler seus olhos semicerrados, então, apenas puxei seu braço guiando-a até que se sentasse entre minhas pernas, de frente para mim.

Seus dedos traçaram linhas de fogo no meu rosto com um simples toque e ela se ajoelhou para que nossos olhos estivessem na mesma altura, me beijando languidamente em seguida. A intensidade que vi naquele olhar me tiraram o chão. Eu podia ouvir meu próprio coração batendo como um tambor, todo o resto do mundo havia acabado de desaparecer.

- Espera, Sakura - minha voz estava rouca - a gente precisa parar agora.

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora