PRIMAVERA - 1

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Faziam mais de dois anos que eu havia dado as costas à vila. Como pretendia, viajei pelas nações ninja, conheci de perto as consequências da guerra. Se nos grandes países a vida voltava a se organizar, nos pequenos as pessoas não tinham tanta sorte. Havia aqueles que perderam tudo, suas casas, suas famílias, seus sustentos, e tentavam se reerguer apenas com sua vontade ou desespero, o que já era ruim mesmo quando não eram também alvo de organizações de criminosos que se aproveitavam do caos que havia se instalado.

Achei que teria uma viagem contemplativa, mas, no fim, acabei trabalhando quase sem cessar. E ter me ocupado com aquelas pessoas que não se importavam com meu passado ou sequer sabiam quem eu era foi fundamental para que algo dentro de mim mudasse. Eu poderia não ser bom, poderia até ser essencialmente um ser das sombras, mas eu podia ser útil, eu era forte.

Depois de um tempo, passei a ser uma espécie de agente de campo do Hokage, resolvendo casos em que Konoha não poderia se envolver oficialmente. Havia muita atividade suspeita, potencialmente perigosa, como aquela vez em que havia uma cópia de mim criando confusão. Era necessário manter um olho em tudo que acontecia ao redor.

Então recebi um pergaminho com a notícia do casamento de Naruto com a garota Hyuga. Quem imaginaria isso? Mas eu não iria à cerimônia. Não atrapalharia aquele momento impondo a minha presença na festa. Mais que o casamento de um amigo, era o restabelecimento do clã do herói da guerra, provável futuro Hokage, todas as nações mandariam representantes, e eu era pouco mais que um renegado que nem todos haviam perdoado. Seria praticamente pedir para começar um incidente diplomático.

Mas havia certo alguém que eu gostaria de rever.

O casamento seria na época do seu aniversário.

Em algum momento da viagem me dei permissão para aceitar o que acontecia dentro do meu coração. Mas sempre afastava aquilo para depois da urgência que precisasse resolver no momento, não inteiramente preparado para o que isso significaria. Como as flores que se abriam lentamente depois do inverno ao meu redor, eu sentia que Sakura era o sol que, devagarzinho, derretia o gelo dentro de mim.

Uma imagem se fixou na minha mente, eu chegava ante os portões de Konoha, podia vê-la já a distância, seus cabelos rosados ao vento, as mãos juntas atrás do corpo.

- Estou em casa, Sakura - eu dizia.

- Bem vindo de volta, Sasuke-kun - ela respondia.

Mas precisava fazer uma última coisa antes. Agradeci aos moradores que me acolheram no vilarejo enquanto reconstruíamos o sistema de irrigação de suas plantações e fui para a estrada. Uma última viagem.

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora