De volta ao (primeiro) amor - COMPLETO 🥇🥇🥈

Animada? Sim ou com certeza?

     No dia seguinte me sinto como uma criança que aguarda um tão sonhado presente.

_Acordou animada hoje mom! - Observa Thomas. - Alguma novidade?
_Estou feliz! Hugo sai hoje da instituição. E os pais dele vão oferecer um jantar pra comemorar.
_Bacana! Gosto dele. - Ele olha o copo que tem nas mãos. - Quando tio Breno levou a gente na instituição, Hugo conversou muito. Falou sobre o perigo das amizades e das drogas. Foi bem legal!
_Que bom, filho! Espero que nunca esqueça essas orientações. Hugo sofreu bastante e sabe muito bem do que está falando. Se ele alertou, escute com atenção a voz de quem sabe a dor de escolhas erradas.
_Às vezes me perguntava como é o mundo fora da igreja. Hugo disse que muitos sorrisos que as pessoas dão, são pra camuflar as armadilhas que estão tramando contra nós, principalmente os jovens. Lembrei de quando a senhora chamou a gente lá na casa de praia e leu Provérbios  1. Ele disse que as coisas são exatamente como a Bíblia fala.
_E essa curiosidade passou?
_Acho que sim. - Dá de ombros. - Ele disse que viver longe da igreja e principalmente de Deus, não vale à pena. É muito sofrimento.
_Nossa! Você não tinha me contado sobre essas conversas.
_Coisas de homem, mom.
_Sério Thomas? - Abro a boca incrédula. -  Pois saiba que pode falar comigo sobre qualquer coisa!
_Falar com um homem é melhor.
_Tudo bem! Se aconselhe com o tio Breno ou com o Hugo então. Parece que estou  perdendo a vez. E o seu irmão? Também tem tido conversas de homem?
_A senhora sabe como é o Jean. Fala muito e pensa pouco.
_Não diga isso. Jean tem muito do seu pai. É espontâneo e inteligente. Quando quer aprende tudo muito rápido.
_Eu sei mom. Mas Jean precisa ser orientado com as amizades da escola. Está ficando popular entre as meninas, e se não se cuidar pode acabar querendo namorar quem não deve.
_Preciso conversar com Jean. Agora você me preocupou.
_Falei com ele! Mas acha que sabe tudo. Uma das garotas nem gosta de crente, mas está se aproximando porque ele é só sorrisos com todas as meninas. Está se achando o rei Salomão da escola.
_Livrai-me Senhor! Salomão teve muitas mulheres, Thomas! - Falo pensando nas setecentas esposas e trezentas concubinas. - Obrigada pelo dociê completo, amor! Vou falar com ele.
_A senhora foi convidada pro jantar?
_Sim. E vocês também. Hugo pediu!
_Show! Vou avisar ao Jean.
_Vou até a instituição com os pais dele,  depois volto pra casa, pego vocês e a vovó.
_A vovó vai? Por quê? Ela ficava o tempo todo brigando com a senhora por causa do Hugo. Talvez ele nem queira que ela vá.
_Isso é passado, querido. Foi o próprio Hugo quem pediu a presença dela.
_Isso que é perdão!
_Exatamente! Agora vá falar com seu irmão. - Sorrio balançando a cabeça e pensando no que conversamos.

     Criar filhos é uma tarefa difícil. Se fosse fácil a Bíblia diria, mas essas crianças crescem e tomam decisões que nem sempre concordamos. Porém o importante pra mim é que permaneçam nos caminhos de Cristo. Tenho que orientar Jean, andar por aí iludindo meninas está fora de cogitação. Ainda mais essa!
… 

     Chego à instituição no horário marcado pelos Peres. Assim que encosto o carro, os vejo me esperando.
_Estou atrasada? Achava que não.
_Diana! - Clara fala e abre um enorme sorriso.
_Não está atrasada. Nós é que chegamos cedo, ficamos impacientes em casa. - Declara o sr. Peres.
_Parecia que a hora não passava. - D. Sandra já está emocionada.
_Também estou feliz por esse momento. Acredito que ele vai conseguir se manter firme em Cristo.
_Vamos tocar a campanhia. - O sr. Peres toma à frente.
… 

_Boa tarde! - Nos recebe o diretor. - Vejo que o Hugo tem uma torcida. Bom saber disso.
_Boa tarde! - Respondemos juntos.
_Entrem. Ele está terminando de se despedir dos outros.

_Já terminei! - Hugo aparece logo atrás do diretor. - Bem na hora! 
_Você pediu e aqui estamos. - Declaro segurando a mão de Clara. - E você linda, dá um abraço no seu pai! 

     Clara ainda um pouco insegura, solta minha mão e anda devagar até chegar perto dele. Os dois se abraçam e Hugo a levanta do chão, girando com ela. Eles sorriem de forma tão leve e alegre. É um momento lindo de ver. Quando percebe nossos olhares, ele para.

_Diana vem aqui! - Me chama. 
_É o momento de vocês. Estão ótimos juntos. - Sorrio olhando para a menina em seus braços.
_Por favor! Você faz parte desse momento também.
     Meio relutante vou à passos curtos em sua direção. Ao chegar perto, ele segura minha mão.
_Sei que ainda não estamos preparados. Você tem medo e está confusa. Eu compreendo totalmente. Mas saiba que essa ainda será nossa realidade. Você, eu, os rapazes e Clara. Vou esperar o tempo que for preciso. - Ele solta minha mão e toca meu rosto. - O momento certo de ficarmos juntos vai chegar, e será um dos melhores da minha vida. Eu sei que vai! - E me abraça junto com Clara no colo.
_Depois a gente conversa. Não é hora agora. - Digo desconcertada com suas palavras.
_Tudo bem. Vamos indo! - Ele coloca a menina no chão, pega nossas mãos, uma em cada lado, e caminhamos em direção aos outros. - Quero agradecer diretor, por todo apoio que me deu durante esse tempo. Tenha em mente que esse trabalho é muito duro e difícil, mas gratificante. Você ajudou mais um. Eu. Sou muito grato a Deus por sua vida. Mas não pense que se livrou de mim. - Todos rimos emocionados. - Vou só organizar minha vida aqui fora e depois volto pra dar uma força. Sinto que é onde devo estar, ajudando essas pessoas. Então, não é um adeus.
_Sou eu quem agradeço por toda ajuda, Hugo! E por favor, volte mesmo. Realmente preciso de você aqui. Vá em paz!

     Todos nos despedimos. Chegando nos carros, ele caminha comigo até o meu.
_Tudo certo pra hoje à noite? - Me pergunta.
_Sim. Falei com os meninos e ficaram animados. Contei sobre nossas mensagens e convidei minha mãe. Não foi muito fácil, mas ela resolveu dar uma chance. - Dou de ombros. Precisava ser sincera.
_Tenho esperança que ela goste de mim. Sei o quanto se importa com a opinião dela. Se ela não me aceitar, é certo que você me manterá distante.
_Peço mais uma vez que não crie expectativas. Passei por uns problemas com um sobrinho do sr. Jonas. Foi onde tudo desandou pra eu ser demitida. Sinto como você se sente aqui fora, com medo e sem vontade de arriscar.
_Mesmo com medo, tive que sair e encarar a vida que me espera. Você também precisa fazer isso Diana. Temos uma história que não acabou. E quero muito vivê-la. Vou esperar até que você queira também.
_Realmente não sei… - Balanço a cabeça cheia de dúvidas.
_Apenas saiba que vou esperar… E tem algo que precisa saber; Rafaela estará no jantar de hoje. A convidei por que quero viver em paz com ela. Clara é nossa ponte, e minha filha tem o direito de ver os pais se dando bem. Ela vai com o namorado.
_Obrigada por avisar. O tal namorado é o mesmo do ano passado?
_Sim é. Tiveram um tempo separados depois daquela confusão. Mas reataram. - Ele suspira. - O vi uma vez quando fui pra casa num feriado. Conversamos respeitosamente, mas deixei claro que não o quero perto da minha filha. Acho que entendeu. Sempre pergunto à Clara por ele, e ela diz que quando chega na casa, Rafaela a leva pros meus pais. Fico aliviado em saber disso.
_Que bom que chegaram a um meio termo. Bom! É melhor a gente ir. Vou chegar com a turma por volta das 19h. É isso mesmo?
_Está ótimo. Até  mais tarde!
_Até! - Antes de entrar no carro, Hugo me beija no rosto. - Melhor não queimar etapas. Ao invés de me conquistar, vai acabar me afastando.
_Perdão! Não vai mais acontecer. - Ele levanta as mãos. - Te vejo mais tarde.

***Uma nova vida se inicia.***

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