Amigos?

73 11 0
                                    

No dia seguinte parece que passou um compressor em cima de mim. A enxaqueca aliviou, mas ainda me sinto tonta. Os meninos chegam no meu quarto perguntando como estou me sentindo.
_Ainda um pouco tonta. Mas a dor de cabeça passou.
_Mom, tenho tanto medo dessas dores de cabeça. Só penso no que aconteceu com o dad. - Jean desabafa querendo chorar.
_Não é assim meus amores. O dad nunca ia ao médico. Mesmo quando eu insistia. Essas dores de cabeça só acontecem quando passo por momentos de tensão. Já fiz exames e é isso. Não se preocupem, por favor!
_E o que aconteceu no jantar? A senhora não parecia bem, e logo voltamos pra casa. - Observador como águia, Thomas.
_Encontrei o sobrinho do sr. Jonas no jantar. Ele foi um dos motivos por eu ter sido demitida. Acabei ficando nervosa e a enxaqueca apareceu.
_Hugo mandou uma mensagem. Está vindo. - Thomas anuncia.
_Por quê? O que ele vem fazer aqui? - Pergunta o perdido Jean.
_Vem ajudar a mom. Eles não são amigos? Também quero conversar um pouco com ele.
_Sobre o quê? E vocês são tão amigos assim? - Jean indaga.
_Gosto da conversa dele. Hugo fala sobre tudo de forma aberta e fácil de entender.
_Humm! Também acho ele um cara legal. - Por fim Jean concorda.
_Então é melhor vocês irem recepcioná-lo. Porque não sei se vou conseguir levantar.
_Qualquer coisa chama a gente. - Se oferece Jean.
_Obrigada meus amores! Vocês são mais do que pedi ao Senhor.

     A campainha toca.
_Vamos atender Jean!
_Tudo bem! - Ele levanta da cama se arrastando.
     Penso por um instante no que fazer. Tenho medo de tentar levantar e acabar caíndo. Arrumo os cabelos com os dedos, tentando desalinhá-los.
Escuto duas batidas na porta e Thomas coloca a cabeça dentro do quarto.

_Mom? Hugo pode entrar?
_É melhor eu ir até à sala.
_Acha que consegue?
_Melhor ela ficar na cama. - Escuto Hugo atrás da porta.
_Você soa mandão falando assim. - Reclamo me enfiando debaixo dos lençóis.
_Vou entrar. - Ele diz já dentro do quarto.
_Eu dei permissão? - Pergunto só com a cabeça de fora. - Thomas! Me traz água. Estou com sede e vou tomar mais um comprimido.
_Já comeu alguma coisa hoje? - Hugo questiona desconfiado.
_Não. Acordei faz pouco tempo.
_Eu trouxe um caldo que minha mãe preparou. Não tome remédio em jejum. Vai dar vontade de vomitar.
_Mas estou com sede.
_Toma um pouco do caldo e depois bebe a água com o comprimido.
_Você é mandão.
_E você parece uma criança mimada, quando está doente.
_Afinal pego água ou não? - Thomas está parado na porta nos olhando.
_Sim. - Respondemos. E ele se retira.
_Caldo da d. Sandra é?
_Isso mesmo. Quando contei à ela a sua história e o motivo de vir te visitar hoje de manhã, entendeu a razão de você ter ficado sem ação quando viu aquele cara.
_Não vamos falar sobre isso. Os meninos não sabem.
_Não acha que os protege demais? Thomas é maduro pra idade dele, pega tudo no ar, e me faz muitas perguntas. Jean ainda está se descobrindo, mas é bastante esperto também. Não fique se escondendo e os protegendo, sabem ler você muito bem. Não se engane.
_Por isso Thomas prefere conversar com você. Ele me disse ainda pouco, que é muito franco e aberto, não esconde nada.
_Água chegandooo! Aqui mom. - Jean entra com um copo numa mão e o comprimido na outra. - Estamos na cozinha se precisar de mais alguma coisa. Thomas está fazendo café. Só espero que dê certo. - Ele finge se arrepiar e faz uma careta engraçada.
_Querem ajuda? - Hugo se oferece. - Faço um café legal. Pelo menos ninguém na instituição nunca reclamou. - Ele levanta as mãos.
_Você salvou o dia! Vem antes que o Thomas faça besteira.
_Já estou indo! - Ele me olha. - É melhor não fazer esforço. Volto daqui a pouco. Aproveite o caldo e beba tudo.
_Voltei a ter dez anos?
_De forma alguma! Nem a Clara fica assim quando está doente. - Ele ri com vontade. - Deixa eu ir.

As vozes se misturam na cozinha. Escuto risadas, canções, silêncio e mais risadas. Curiosa levanto, entro no meu banheiro e tomo um banho. Troco de roupa, tudo devagar. Saio do quarto e me deparo com Hugo sentado à mesa de jantar fazendo uma lista.
_O que está fazendo?
_Por que levantou? Se sente melhor?
_Um pouco melhor. Pelo menos sei que não vou cair.
_Vou ao supermercado comprar umas coisas. Os meninos pediram pra ensinar a cozinhar. Sei de um prato rápido, mas faltam alguns ingredientes.
_Vou pegar o dinheiro.
_Nada disso! Deixe comigo. São coisas simples. Apenas descanse. Já volto.
...

_Mom?! Hugo gosta da senhora, sabia? - Jean abre a caixa dos pensamentos.
_Sim! Como amigos... - 'Não se esconda'. - E como vocês se sentem em relação à isso?
_Por mim tranquilo. E você Thomas? - Jean cutuca o irmão.
_Gosto do Hugo! Só não sei como seria viver com ele.
_Viver com ele? Como assim? - Pergunto confusa.
_Se vocês se gostam, com certeza vão se casar. Não aceito marmanjo esquentando muito tempo nosso sofá. - Thomas fala como um pai bravo.
Eu tenho uma crise de riso, e começo a chorar ao mesmo tempo. Quando Hugo retorna estou vermelha e os olhos inchados.
_O que aconteceu? Por que você está assim?
_Não é nada demais. Quando ela tem ataque de riso e chora fica desse jeito. Pode ficar tranquilo. - Jean sutil como sempre.
_Ataque de riso? Choro? Podem explicar?
_Posso explicar. Mas preciso conversar com você primeiro. - Thomas é todo homem.
_Melhor deixar pra lá, Hugo. Vamos fazer essa tal comida.
_Vamos quem, 'cara pálida'? Eu vou cozinhar com os ajudantes aqui, e você descansa. Será seu dia de folga.
_Nossa! Há quanto tempo não escuto essa frase: Diana! Você está de folga. Sendo assim até aceito você sendo mandão. - Sorrio e bato os cílios.
_Vamos pra cozinha rapazes. - Ele balança a cabeça sorrindo.

A manhã passa rapidamente. Hugo prepara filé de peixe gratinado com batatas. A comida ficou bastante saborosa.
_Está muito bom! - Elogio me deliciando no prato. - E vocês? Aprenderam mesmo? - Aponto os meninos. - Por que sempre que quiser comer filé de peixe, fico de folga e vocês preparam.
_Ou a senhora pode pedir ao Hugo pra fazer. - Jean fala com sorriso matreiro.
_Se desejar faço toda semana. Não digo todos os dias por que logo iria enjoar. - Hugo se prontifica.
_Bom. Obrigada mesmo! Já me sinto muito bem. O caldo da d. Sandra, junto a esse peixe, levanta qualquer um.
_Por falar em d. Sandra... Preciso voltar. Clara quer ir à praia surfar um pouco à tardinha.
_Show! A gente pode ir? - Jean é serelepe, não?
_E vão me deixar sozinha? Ótimos enfermeiros eu tenho.
_E por que não vai todo mundo? - Hugo convida.
_Não tenho certeza se é uma boa ideia.
_Vamos mom! A senhora fica na areia enquanto a gente surfa. - Jean dá um jeito em tudo quando quer.
_Vamos todos no meu carro. Assim você não precisa dirigir. Vai ser bom respirar o ar salgado do mar! - Hugo apoia a ideia.
_Tudo bem. Vocês venceram.
_Massa! Vamos nos vestir. - Jean diz já se levantando para sair da mesa.
_Nada disso... Primeiro terão que limpar a bagunça que fizeram.
_Depois diz que eu sou mandão. - Hugo olha o estado da cozinha enquanto fala.
_Eu estou de folga. - Levanto as mãos. - Mas vou arrumar algumas coisas pra levar.

***Isso mesmo Diana. Bota ordem nesses homens! 😄***

De volta ao (primeiro) amor - COMPLETO 🥇🥇🥈Onde histórias criam vida. Descubra agora