O plano deu errado?

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Terceiro dia do nosso plano em prática. Até aqui as coisas vem funcionando bem. Porém, Clara não vai mais poder vir. Hugo disse que hoje iria deixar a menina na casa da mãe dela. Estamos esperando por ele, mas o mesmo não dá nenhuma notícia. Eu ligo para seu número e mando mensagens, contudo a resposta é o vazio.
_Gente estou ligando, mandando mensagens e nada. Acho que vou na casa dos Peres ver se aconteceu alguma coisa.
_Diana, chega! Você não vai atrás dele. - Minha mãe fala com voz exaltada.
_Mãe por favor, não me faça parecer uma mulher qualquer indo atrás de homem na frente das pessoas e muito menos dos meus filhos. - Falo com angústia na voz. - Estou preocupada com uma pessoa, um ser humano. Se fosse qualquer um de vocês faria o mesmo. Já disse e repito: não tenho nada com o Hugo, quero apenas ajudá-lo. - Vou em direção a porta e pego as chaves do carro. - Já volto!
...
Chegando na casa dos Peres encontro d. Sandra na porta de entrada com os olhos inchados de tanto chorar.
_O que aconteceu d. Sandra? - Pergunto em alerta.
_Oh Diana! - Ela se joga em meus braços soluçando. - Tenho medo do Hugo fazer uma besteira.
_Por que? A senhora está me assustando.
_Quem é Sandra? - Pergunta o sr. Peres da sala.
_Entre minha filha. Vou contar o que aconteceu.
_Boa noite sr. Peres! Estávamos esperando o Hugo no culto, mas ele não apareceu e nem atende ao telefone. Então vim ver se tinha acontecido alguma coisa, e pelo jeito não me enganei. - Falo olhando os dois.
_Vamos à cozinha. Vou fazer um chá. A história é um pouco longa. - D. Sandra diz me levando ao lugar indicado. - Sei que está aqui contra vontade de sua mãe. Ela já deixou claro o desgosto por essa amizade entre vocês. - Ela revela e eu me encolho.
_Sinto muito por isso! Minha mãe só quer me proteger. Entenda o lado dela como mãe.
_E não está errada. - sr. Peres se manifesta. - Hugo acha que só faz mal a si próprio. Mas todos que se importam com ele sofrem também.
_Agradeço muito o que vocês vinham tentando fazer. - Começa d. Sandra. - Hugo parecia animado. Estava mais comunicativo com Clara e conosco também nos últimos dias. Soube que vocês andaram conversando sobre o passado. - Ela diz baixando a cabeça e depois olhando a escuridão além da janela. - O passado que todos deixamos lá. Mas o Hugo não!
_Não julgo ninguém d. Sandra. Esse não é o meu papel. Deus conseguiu restaurá-los, e ele deveria ter permitido experimentar esse milagre também.
_Hugo sempre se sentiu errado no mundo. Parecia saber que existia alguma coisa fora do lugar. Tivemos de falar sobre a adoção quando ele precisou fazer uns exames de sangue, e foi diagnosticado um tipo sanguíneo diferente do nosso. Como todo adolescente curioso, começou a fazer muitas perguntas. Então decidimos revelar a verdade. - D. Sandra olha para o marido. - Foi quando tudo ruiu de vez. Hugo não queria ficar em casa, andava com pessoas que não conhecíamos e se afastava cada vez mais da igreja. Perdemos totalmente o controle.
_Tentamos algumas vezes interná-lo. Mas sempre voltava antes do prazo de término do tratamento, não queria cumprir o período necessário. Até que demos um basta e o deixamos se virar por conta própria. Passou a fazer pequenos bicos, e em alguns lugares os patrões gostavam mesmo dele. Mas gastava tudo num final de semana e voltava para o trabalho fora de si. - Sr. Peres fala com tristeza. - Ninguém confiava mais nele.
_Então conheceu a mãe da Clara. Ela não era exatamente um sonho de nora, porém queria muito ajudá-lo, daí passamos a apoiar o relacionamento. - Conta d. Sandra. - Juntos resolveram montar uma loja de pranchas e acessórios aqui na praia. Começaram a lucrar, e decidiram expandir para a cidade. Aí veio a Clara. Devido o bebê Rafaela não podia mais se dedicar tanto às lojas, se sentia presa. A partir daí iniciaram as brigas e desconfianças. Ela me ligava chorando perguntando por ele, e nós não sabíamos de nada.
_Hugo tem o hábito de fazer coisas sem dizer ou consultar nada a ninguém. Não imaginávamos que ele estava surfando e até dando aulas. Foi uma confusão - Sr. Peres balança a cabeça enquanto fala. - Mas a bagunça já estava feita e ele não desmentia quando ela o acusava do uso de drogas, roubo e traição.
_Desanimado com tudo ele voltou a usar e sair com mulheres. Não encontrava paz em casa. Então preferia a rua. Até não conseguir suportar mais. No dia que chegou com a mala na mão eu chorei, e pedi que voltasse a ficar com a gente. - d. Sandra diz emocionada.
_Estávamos na cidade organizando os papéis das lojas e vendo judicialmente ao que se referia à guarda, quando comentou ter encontrado você na padaria. Falou da sua aparência cansada e abatida porém, estava mais bonita do que na adolescência. - Sr. Peres deu um pequeno sorriso triste enquanto falava.
_Tivemos receio em relação a amizade de vocês. Sabia da reprovação da sua mãe. Alertamos ao Hugo para se afastar, mas ele dizia não conseguir. Se sentia incentivado, calmo e cheio de paz nos versículos Bíblicos que você recitava. - D. Sandra sorri. - Ele não queria devolver a Clara, estava se apegando à menina nos últimos dias. Ela andava pela casa cantando e falando que queria ser cantora quando crescer, por que acha sua voz muito linda. - D. Sandra deixa cair algumas lágrimas.
_Hugo vinha discutindo ao telefone com a mãe da menina, queria ficar mais tempo com ela. Clara também não queria ir embora. Rafaela fez um escândalo, ameaçou de chamar a polícia caso não fosse deixar a criança. - Sr. Peres baixa a cabeça e chora. - Clara nos contou que não gosta do namorado da mãe, por que quando ela não está presente, ele a abraça, aperta e a cheira de um jeito estranho. No instante em que a menina falou isso, Hugo saiu de casa no limite do controle, e pediu que eu fosse deixar a pequena uma hora depois da sua saída. E agora não sabemos onde está.
_A gente teme que cometa alguma loucura. - D. Sandra extremesse.
_Pra onde ele vai quando está assim? - Pergunto imaginando a resposta.
_O vilarejo. É onde costuma se entorpecer e ficar alguns dias. Hugo não iria até a polícia, quem acreditaria em um usuário que já foi até detido? Mas o medo maior é que procure o namorado da Rafaela e faça justiça com as próprias mãos. - Sr. Peres diz com expressão preocupada.
_O namorado estava lá na casa quando o senhor foi deixar a menina, sr. Peres?
_Não filha, não estava. Mas Rafaela parecia muito aborrecida. Disse que Hugo a tinha ofendido e saído como um louco. Por isso desconfio ter ido procurá-lo. O namorado é advogado, se conheceram na época da separação, por conta das lojas e da criança. Imagina o problema que isso pode gerar? - Ele diz passando as mãos no rosto e nuca, como Hugo também costuma fazer.
_Só temos uma maneira de confirmar onde o Hugo está... Indo até o vilarejo.
_De forma nenhuma você vai àquele lugar, Diana! - Declara d. Sandra com espanto na voz. - Ali não é ambiente para você, filha.
_Concordo com Sandra, Diana. Todos sabem que o vilarejo é perigoso. Estive lá algumas vezes procurando o Hugo. E acredite, é hostil. - Sr. Peres afirma concordando e abraçando a esposa pelos ombros.
_Certo. O senhor vem comigo, já que conhece o lugar. Não adianta falar pra eu não ir, gente. Estou preocupada. Como vou dormir sem saber o que está acontecendo? Certamente vou ficar a noite em claro. - Olho para o sr. Peres e suplico. - Por favor, estamos perdendo tempo. Vamos atrás dele.
_Diana, sua mãe...
_D. Sandra, minha mãe não precisa saber disso agora. Quando tudo se acalmar, eu mesma conto a ela. Certo?
_Então vamos os três. Não vou conseguir ficar aqui sozinha. - D. Sandra olha o marido e seguras suas mãos. - Vamos pegar nosso filho, mais uma vez.
_Não é uma boa ideia ir com vocês duas... - Sr. Peres diz angustiado.
_Vamos sr. Peres e confie em Deus. Quando parar de refletir sobre isso, Hugo já estará em casa. - Digo e saio puxando os dois, antes que desistam.

***E vamos de mais revelações...***
😶😲🥺🥺

De volta ao (primeiro) amor - COMPLETO 🥇🥇🥈Onde histórias criam vida. Descubra agora