As lágrimas vem em meio a uma enxurrada de emoções, perguntas e dor. A dor na alma, é só o que consigo sentir. Nos últimos dias minha vida se resumiu em chorar, soluçar e lamentar.
Não sou uma pessoa fácil de cair em prantos, mas quem não ficaria assim depois de dizer adeus a alguém que se amou tanto? Estávamos juntos há dezessete anos, bastante tempo! Desde o primeiro momento em que conversamos sentimos que existia algo diferente.
E hoje, quatro dias após sua morte preciso de forças e coragem para limpar sua parte no armário e me desfazer de seus pertences. Não consigo mais olhar suas coisas, sei que ele gostaria que tudo fosse doado. Uma pessoa altruísta, esse era David, sempre pensando no próximo.
Entro no nosso quarto, vou até o closet, e a emoção me invade. Ele era mais organizado do que eu. Sorrio triste tocando em suas camisetas. Respiro fundo e sinto seu cheiro, que ainda está em tudo aqui. Olho os sapatos devidamente polidos e alinhados, os perfumes, loções para a barba, e nas gavetas, os acessórios. Observo suas camisas na comprida arara, como sempre bem passadas e enfileiradas pelas cores, metódico, reflito com pesar.
Pego um banquinho, subo e me estico toda tentando alcançar a mala grande no alto de uma prateleira. Desequilibro e termino por cair sentada no chão junto com a mala e mais duas caixas de sapatos. Pelo menos a mala está vazia, mas não posso dizer o mesmo das duas caixas; papéis se espalham por minhas pernas e chão, formando um tapete colorido. Ali contém uma mistura de contas pagas, extratos bancários, cartões não usados, documentos antigos, e algumas cartas que eu escrevi quando ainda namorávamos, bons tempos aqueles!
Me ergo para ficar de joelhos e começar juntar a bagunça. Ver o que realmente é importante e jogar o resto fora. Fazendo a tal seleção, uma coisa me chama atenção! Em meio a desordem surge um caderno enfeitado e bonito. Sua capa é emplastificada, as folhas estão presas a uma mola espiral de silicone, que parece ter sido branca um dia, porém hoje está amarelada por conta do tempo, adesivos diversos colados e laços o ornamenta, há bastante poeira também, aparenta ser uma espécie de diário, por causa do botão de pressão já enferrujado.
Então puxando da memória consigo lembrar desse caderno, é o mesmo que, quando na adolescência, fazia anotações dos acontecimentos da minha ''sem grandes emoções,'' vida. Me pergunto, como ele veio parar aqui?! A saudade me belisca e quero esquecer um pouco do momento presente. Pego uma flanela e retiro o pó. Abro o diário cheio de recortes de revistas, fotos, versos, textos, folhas amareladas e com a tinta da caneta um tanto desbotada. Folheio algumas páginas e começo a ler. Parece que tenho algumas histórias. Afinal, minha vida tem sido cheia de emoções SIM…..***Quem já me acompanha no instagram, sabe que fiz vídeos relacionados a esse livro. Então é só clicar lá em cima!😉 ***
![](https://img.wattpad.com/cover/237983246-288-k202168.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
De volta ao (primeiro) amor - COMPLETO 🥇🥇🥈
RomanceQuando adolescente Diana se apaixonou por Hugo. Os dois frequentavam a mesma igreja, porém viviam de formas diferentes. Em uma aposta Hugo fica com Diana, que recebe seu primeiro beijo. Ele desaparece e ela continua sua jornada na fé. Anos depo...