Clara

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     Quando vou me aproximando da casa, sinto os olhares em mim. Nem eu sei explicar do porque saí correndo atrás dele. Pisando na cozinha dou de cara com minha mãe e d. Sandra conversando.
_Onde está o Hugo, Diana? - Pergunta d. Sandra.
_Ele quer ficar sozinho. - Respondo sem olhá-las.
_Parecia animado em vir. Não sei o que aconteceu. Ele vem apresentando melhoras.
_Não se culpe d. Sandra. Hugo tem muitas feridas. Precisa deixar Jesus o curar, senão elas sempre vão arrebentar.
_Nunca foi fácil. Mas desde que falamos da sua adoção na adolescência, piorou, e sempre nos rejeita.
_Não sabia que o Hugo é adotado. - Digo olhando para minha mãe.
_A Diana voltou? Ótimo. - Lígia chega falando na cozinha. - Vamos cear? As pessoas lá fora estão com fome.
_É uma longa história Diana. Depois a gente conversa. - Minha mãe diz aborrecida.
_Vou só me retocar e depois ajudo vocês.
Tudo que eu quero agora é subir e ficar trancada sozinha. O Hugo é adotado? Mas como? Nunca tinha percebido isso. Essa é a razão de toda a revolta? Ele se sente rejeitado, acha que não é querido e amado, se os próprios pais biológicos o abandonaram.
_Ah Senhor! Isso não faz sentido. Também somos filhos adotados por Ti. E sou tão grata por que o Senhor me ama. Qual a razão desse rancor?... Mas agora é melhor eu voltar. E pelo olhar da minha mãe, sei que vou ouvir, e muito. - Digo enquanto me organizo.
     A ceia transcorre sem maiores problemas. No entanto, cansada, Clara começa a reclamar querendo dormir. É compreensível, a menina se encontra rodeada de pessoas das quais não são do convívio dela, e ainda o próprio pai a deixa. Isso continua não fazer sentido para mim. Se ele foi abandonado, por que está fazendo o mesmo com a menina?
_Clara! Vem aqui! - Chamo com voz doce. Ela já começava a fazer um escândalo com os avós. - Vem linda! Vamos dar uma volta.
     Pego a mão da criança impaciente e vou levando-a para o quarto. Conversando, cantando e fazendo cócegas nela nos direcionamos até a varanda. Sento e coloco-a em meu colo. Começo a cantar e contar histórias, afagando seus cabelos.
Ela lembra o Hugo na fisionomia. Cabelos pretos lisos, estilo branca de neve, parece um pouco assustada. Observando o mar e ouvindo o barulho das ondas, Clara adormece em meus braços.
_Diana? Os Peres estão indo embora. - Lígia fala baixinho.
_Diga que ela dormiu. Amanhã a levo pra casa.
_Tudo bem. - Lígia diz com uma sobrancelha erguida. - Sabe o que está fazendo Diana?
_Não. Não tenho a menor ideia. - Confesso em um suspiro cansado. - Mas quero ficar com ela agora. Abençoar sua vida. Clara está segura aqui. É só o que posso dizer.
_Vou falar com os avós dela.
_Obrigada. Também diga pros meninos dormirem com minha mãe.
_Você sabe que ela está muito chateada, não é? Acha que vocês tem alguma coisa. E por falar nisso, existe algo que eu não sei Diana?
_Não há nada entre nós além de amizade, Lígia. Amanhã resolvo com minha mãe. Estou apenas tentando ajudar uma pessoa a encontrar Deus. É só isso.
_Certo. - Ela diz se retirando.
_Ah pequena Clara! Você será uma mulher maravilhosa, cheia de temor ao nosso Deus, forte em Cristo, linda e usada por Ele. Que o seu pai possa ter um encontro real com o Senhor e uma vida completa em Cristo Jesus. Confesso não saber como orar por ele. Com certeza sua avó já fez todas as orações possíveis e imagináveis, clamou, chorou e até jejuou. Só peço ao Senhor que responda às orações dela.

***

     Na manhã seguinte Clara acorda um pouco assustada, mas quando me vê sorri. A levo até o banheiro e ajudo na sua higiene.
_O que você come no café da manhã? - Pergunto.
_Gosto de comer pastel. - A menina fala toda animada, e eu fico surpresa.
_Deixa ver se eu entendi. Você gosta de pastel, mas não no café da manhã, certo?
_Como sim! Todo dia minha mãe compra pastel na padaria pra mim.
_Oook. Vamos fazer assim; eu vou te deixar na casa dos seus avós, e lá você come, porque aqui não tem pastel. Pelo menos não tão cedo.
_Por que vocês não tem pastel?
_Ahhh... Bom... A gente costuma comer pães, frutas e beber suco, até leite com café. O problema é que pastel não faz bem à saúde. Na escola falam sobre alimentos saudáveis?
_Falam sim, mas eu não gosto.
_De nenhuma frutinha? Suco pelo menos?
_Gosto de suco de uva, morango e abacaxi. Eles vem nas caixinhas.
_Uhhh... Aqui também não temos suco de caixinha. Vem! Vou te levar.

   Clara

***Diana, Diana!***

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***Diana, Diana!***

De volta ao (primeiro) amor - COMPLETO 🥇🥇🥈Onde histórias criam vida. Descubra agora