A devoradora de humanos

Monstro

- Comece me contando sobre os pesadelos - Disse o Doutor a Mel quando começou a sessão.

Mel estava com sua saúde mental piorando mais a cada, tanto que ela começou a ter pesadelos com tudo que havia acontecido e isso a fazia acordar gritando no meio da noite então seus pais resolveram contatar um médico amigo da família para ajudar, ele era psicólogo e neurologista. Embora ela tenha relutado no começo depois de pensar bem achou que seria uma boa idéia pois precisava estar forte pensar em um plano pra ajudar Evan a fugir.

- Estou esperando... - Disse o Doutor novamente. - Não precisa me contar tudo agora comece devagar. Que tal começar falando o motivo pelo qual você acha que está tendo esses pesadelos.

- Eu não sei por onde começar... - Falou Mel nervosa - Bom, todas noites eu tenho o mesmo sonho com as mesmas coisas.

- Prossiga...

- Tipo desde que os pesadelos começaram eu sonho que vejo meu amigo Evan ser levado pra um lugar escuro por essa coisa que me atormenta. Essa coisa que aparece em todos os meus sonhos e meus pensamentos toda hora. Ela aparece como se estivesse me observando aonde quer que eu vá.

- Interessante, e o que é essa "coisa"? Como ela é?

- É um monstro de olhos vermelhos carmesim, ela tem o formato de uma garota e de um demônio... - Mel começou a ficar nervosa, ela queria contar tudo mas ao mesmo tempo tinha medo de Victória saber e fazer alguma coisa com ela ou com Evan que ainda era seu refém. -... Eu não sei explicar a aparência dela mas é como se eu olhasse e visse os dois ao mesmo, como eu olhasse pra menina e visse o demônio e quando eu olhasse pro demônio eu visse a menina...

- Que motivo você acha que tem pra ver tal criatura? - Respondeu ele parecendo estar bem interessado naquela parte da conversa - Essa coisa representa alguém real na sua vida? Se sim que motivo você acha que ela tem pra você sonhar com ela arrastando seu amigo?

Nessa hora o coração de Mel acelerou e ela sentiu sua garganta dar um nó, ela estava se segurando pra não contar tudo pois sabia que o Doutor não ia acreditar na história dela, ele iria dizer que aquilo era fruto da sua cabeça.

- Pode me falar Melissa eu estou aqui para ajudar. - Quando ele disse aquilo Mel pensou que por um momento ele leu seus pensamentos. - Você pode me falar tudo, eu não vou te julgar, muito pelo contrário.

- Tem uma garota... O nome dela é Jade - De repente Mel começou a falar como se não tivesse mais controle da própria boca - E eu acho que ela é uma psicopata.

- Continue, que motivos você tem pra achar isso dessa moça?

- Simplesmente porque eu vi, ela contou tantas mentiras, manipulou muita gente... - Mel não queria ter dito aquilo mas quando ela percebeu já tinha falado e o Doutor pareceu mais interessado quando ouviu.

- Hum, isso é muito interessante agora pode me explicar o que tem a ver essa moça com seus pesadelos?

- Tem tudo a ver pelo fato de que ela é a criatura, é ela que eu vejo quando olho pro monstro. Ela seduziu o Evan e meu medo é que ela faça algo contra ele.

- Okay, quando percebeu isso? Me conte como tudo começou.

- Começou quando o Evan meu amigo queria grava um curta metragem sobre uma lenda urbana da cidade então eu fui com ele mais outros amigos e a Jade...

- Desculpe interromper mas pode me falar que lenda é essa? - Mel ficou surpresa quando o Doutor perguntou aquilo pois ele falou como se estivesse mais interessado naquilo.

- É sobre uma garota que se tranformou em um demônio canibal depois de "ser morta" pelo pai adotivo ai dizem que ela está naquele hospital.

- Certo prossiga, você foi com ele mais alguns amigos e essa Jade.

- Bem é que, desde criança eu ouvi histórias sobre essa lenda urbana e... - Mel sentia como se seu coração fosse pular de seu peito de tanto que ele batia e ela começava a suar frio.

- Olha você não precisa me contar todos os detalhes se não se sentir confortável com isso. - O Doutor falava com uma voz calma e tranquilizante e até um tanto confiável. - Se acalme, feche os olhos e respire fundo e me conte como tudo começou está bem?

- Eu quero contar, eu quero contar tudo - Mel dizia mais pra si mesma do que pra ele - Mas eu não posso e nem consigo.

- Olha Melissa, lembre que estou aqui pra ajudar você pode confiar em mim eu juro, seja lá o que essa Jade fez a você eu vou ajudar você pode confiar em mim.

- O senhor não entende nem numca vai entender, se eu contar ela vai saber - Mel se segurava pra não chorar, ela não aguentava mais aquela pressão.

- Não se preocupe ninguém vai saber, preciso que me ajude a te ajudar, tudo que você me falar aqui fica aqui.

- ELA VAI SABER SIM. - Gritou Mel de repente assustando o psicólogo - VOCÊ NÃO ENTENDE...

Mel começou a chora e a tremer mas o médico permaneceu calmo, ele levantou e pegou um copo de água e ofereceu a ela.

- Se acalme vai ficar tudo bem.

- Eu não aguento mais, eu não aguento mais. - Repetia ela pra si mesmo. - Ela sempre sabe de tudo não importa o que eu faça... Ela não é um ser humano.

- O que? - Quando Mel disse aquilo o Doutor pareceu impressionado. - O que disse?

- Eu passei a infância inteira achando que ela não era real, mas ela é.

- De quem está falando?

- Da devoradora de humanos, eu sempre ouvi a história dela, minha mãe me contava, já contei essa historia na minha roda de amigos sempre achando que ela não era real mas acredite ou não ela é, e deve ser por isso que ela me atormenta tanto.

- Desculpe eu estou confuso achei que quem lhe atormentava era essa tal de Jade, você falando parece até que ela é essa lenda urbana.

- Pois é... - Disse Mel levantando pra sair pois já havia acabado a hora da consulta - Até semana que vem.

Depois que Mel saiu o Doutor ficou sentado em sua mesa pensando em tudo que ela havia dito.

- Mas será mesmo? - Disse ele abrindo uma das gavetas atrás da mesa e pegando uma espécie de ficha médica junto com uma foto de uma criança que devia ter uns dez anos de idade.

"Victória Heloisa Winters"

O Doutor lia aquele nome e olhava aquele foto com certa animação.

- Achei você minha garota problema favorita. - Disse ele novamente olhando pra aquela foto com um sorriso no rosto. - Depois de muito tempo eu finalmente te achei.