Addicted

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— ME AJUDA AQUI, ASANO-KUN! — O azulado gritou, forçando a porta para ficar fechada. Karma empurrava do outro lado.

O alaranjado levantou em um pulo do sofá, puxando uma cômoda para colocar na frente da porta. Levaria um tempo consideravelmente curto para que o outro pudesse abri-la, mas era tempo suficiente para que os dois pudessem escapar da casa. Posicionaram a cômoda na entrada, depois ambos arrastaram um dos sofás contra ela. Karma já havia aberto uma fresta considerável, porém essa logo fora fechada novamente com a pressão do móvel recém realocado.

Juntos, Nagisa e Asano pegaram seus respectivos celulares e algumas mudas de roupas, jogaram-nos dentro de mochilas separadas e correram para a entrada. A porta do porão estava sendo aberta mais uma vez e a voz do Akabane soava abafada do outro lado, dizendo que iria encontrá-los e que os faria pagar pelo o que tinham feito. Nagisa parou na sala por alguns instantes e olhou para o espaço entre a porta e o batente, por onde Karma estava os vigiando com um olhar extremamente irritado, então repensou se deveria sair. Gakushuu gritou com ele, perguntou-lhe o que estava fazendo parado. Observou Karma uma última vez, seus olhos marejaram, correu até a porta de entrada e virou-se para o porão.

— NAGISA, NÃO, POR FAVOR!

Sentiu a dor do namorado no próprio peito. Karma estendeu a mão pela fresta como se fosse impedi-lo desta forma. Engoliu em seco e acenou para ele, despedindo-se; mas no fundo, sabia que era temporário. Era seu amado Karma, afinal.



~*~



Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Continuou a escrever essas exatas palavras em seu caderno. A voz de Koro-sensei estava distante, distorcida, abafada, enquanto as batidas de seu coração soavam alto demais dentro do peito, feito um alarme de segurança apitando próximo do ouvido. Karma bateu a cabeça na mesa. Ainda assim ouvia a voz de Maehara à distância. Não queria problemas, tampouco magoar os sentimentos de seu pequenino, mas era complicado fingir não os ver trocar mensagens quase a todo momento. Pouco a pouco perdia uma parte de sua sanidade, mas lutava para manter-se são e proteger Nagisa de sua própria raiva.

— K- Karma, 'tá tudo bem? — Seu anjo se pronunciou, tocando a cabeça do namorado.

— 'Tô ótimo — Resmungou entre dentes.

Estava puto', preparado para socar o primeiro que aparecesse em sua frente — com exceção, é claro, de Nagisa.

— Tem certeza? — E que anjo maravilhoso que ele tinha como namorado. Se pudesse cortar suas asas, pelo menos, então Nagisa não fugiria. Seria exclusivamente seu para sempre, sem escapes. Demorou tanto tempo para perceber que elas ainda estavam lá, apenas escondidas pois este anjo não tinha conhecimento delas. Então, Karma as manteve em segredo; do mundo e de Nagisa.

— Você ainda está aqui, não é? — Levantou o rosto para mirá-lo, recebendo um olhar preocupado do garotinho. Karma sorriu e o puxou para sentar em seu colo. — Estarei bem enquanto meu amado Nagisa estiver comigo.

Amado Nagisa — seu coração vibrava quando ouvia-o referir a si desta forma. Porque Karma era a pessoa mais doce que já havia conhecido, embora houvesse relâmpagos que o tornavam em alguém assustadoramente amargo, Nagisa apenas fechava os olhos e esperava a tempestade desaparecer, depois Karma poderia lhe abraçar novamente e enchê-lo de beijos e promessas que, no fundo do âmago, Nagisa iria questionar; temeria a realidade assim como sentia medo das mentiras. Elas cresciam silenciosamente, arrastavam-se para perto de seus pés e tentavam tocá-lo em segredo, movimentando seus dedos esqueléticos com receio. Eram o ponto mais profundo e duvidoso desse poço que ele chamava de amor, mas não tinha coragem alguma para levantar a mão e exigir respostas. Talvez não houvesse respostas para serem dadas.

The Porcelain BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora