everything i wanted

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Parou de caminhar assim que avistou o prédio à distância. Apertou a mão que segurava a sua, baixou o rosto e soltou um longo suspiro, já cansado antes mesmo de ter chegado. Karma olhava-o de canto, preocupado com o que acontecia dentro daquele apartamento minúsculo. Não conseguiu nenhuma resposta relevante do garotinho, apesar de ter insistido, Nagisa se esquivou de toda e qualquer pergunta relacionada aos machucados que foram espalhados em seu corpo. 'É desnecessário', disse ele depois de receber cuidados, sorrindo enquanto olhava para o braço, onde havia um enorme hematoma. 'Isso vai voltar'.

Respondeu prontamente que iria voltar a cuidar de cada ferimento, não importava quantas vezes fosse preciso, faria de tudo para estar lá. E após isso, recebeu somente um riso baixo, talvez duvidando e zombando desta promessa, talvez achando engraçado tamanha persistência. Não importava o motivo, mas Nagisa riu, e com esse riso Karma se apaixonou mais uma vez. Sentiu-se um idiota por estar tão encantado com um mísero riso, mas gostava de ser idiota. Gostava daquele riso.

O amor funcionava desta forma, não é?

— Está tudo bem? — Indagou ao menino, cujo continuou cabisbaixo sem movimentar os pés, sem avançar nem para recuar.

— Eu não quero ficar lá — Sussurrou e virou-se para o Akabane. — Karma, podemos ir para o parque?

— Você disse que estava tarde, logo a senhora Shiota estará em casa.

Suspirou e apertou a mão dele mais uma vez, espiando o prédio novamente. Ela já estava em casa, sabia que, de alguma forma, estaria os observando, e quando ficassem a sós, apenas mãe e filho, Hiromi o espancaria. O Akabane fez menção de prosseguir, mas Nagisa tornou a interrompê-lo e propor outros planos para um passeio, forçando um sorriso animado para o convencer. Karma não acreditou nele, podia ver em seus olhos.

— Me diga, o que foi? Por que não quer ir?

— P- Por nada! Só quero... Passar mais tempo com v- você? — Soprou rapidamente, puxando-o para mais perto. — Eu só quero ficar contigo, Karma!

Continuou a receber um olhar desconfiado, seus tremores não ajudavam e não podia ignorar a sensação terrível de estar sendo vigiado. Queria tirá-lo da reta, dos olhos dela, talvez pudesse proteger Karma, pelo menos.

— Nagisa, eu 'tô falando sério!

Abriu a boca para o responder, porém vira uma silhueta sair de um dos apartamentos, justamente de seu andar, e aquela sombra desceu as escadas vagarosamente, parando no fim dela com um sorriso gentil. Acenou para ele, inclinou a cabeça e o sorriso desapareceu ao reconhecer seu acompanhante. Karma notou sua expressão de assombro, logo virou-se para ver do que se tratava e, após encontrar Hiromi os encarando com desprezo, esboçou um sorriso estranho; sombrio, assustador. Devolveu o olhar enojado para a mulher.

— Oh, Shiota-san, é um prazer revê-la depois de tanto tempo! — Começou o ruivo, soltando a mão de Nagisa e direcionando-se para a mulher de cabelos azuis. Ela somente forçou outro sorriso, balançando a cabeça como cumprimento. — Está linda, exatamente como eu me lembrava!

— Não tente me comprar com meros elogios, Akabane-kun — Abanou a mão para ele, ordenando silêncio, então voltou-se para seu filho. — Nagisa-chan, vamos para casa. Está tarde, seu jantar ficará frio.

— Eh? — Karma curvou o corpo à frente de Hiromi, recebendo um olhar de desdém. — Não serei convidado para comer? Fazíamos dessa forma, lembra? Eu trazia Nagisa-kun para casa e a senhora me convidava para jantar-

— Tch. — Interrompeu-o — Não chame minha filha com esses termos.

— Filha? — Zombou, dando uma risada em seguida. — Ainda o chama no feminino? Quando a Shiota-san irá perceber que Nagisa tem um p-

The Porcelain BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora