Demons

224 21 221
                                    

*Flunitrazepam: é um medicamento que causa forte depressão do sistema nervoso central, sendo usado esporadicamente para diminuir crises de ansiedade e distúrbios do sono. Também usado como "Boa Noite, Cinderela".




"Derramaria lágrimas vermelhas se pudesse. Encarou as próprias mãos, banhadas em um tom carmim do líquido viscoso, escorrendo calmamente por dentre os dedos para alcançar seus pulsos e gritar "Corte-os! Mate-se! Desfaça-se das próprias pulsações!", roubando o pouco de paz que ele tinha no coração. Não estava tudo bem. Cobriu o rosto e pintou as bochechas de vermelho. Marcas de uma guerra intensa contra a besta que acolhia dentro de si mesmo.

— Karma...? — Paralisou, virando-se para a direção da porta. Estava chorando tanto, por pouco não conseguiu reconhecer seu pequeno. Esticou o braço na direção de Nagisa, as pernas vacilaram, levando-o de encontro ao chão. Não tinha forças restando. Desesperado, o Shiota correu até ele e puxou para levantar, sujando as mãos com o tal líquido vermelho-carmim. Os olhos azuis encheram-se de lágrimas, logo ergueram para encarar o rosto pasmo do ruivo. — Karma? Karma, o que é isso?

"Eu tenho medo de perder para meus demônios também", recordou dessa fala no instante que notou o inchaço nos olhos do Akabane. Começara a tremer, assustado: — por favor, diga que não fez isso.

— E- Eu sinto muito — Respondeu em um tom profundo, porém baixo, antes de tombar de joelhos no chão novamente. — Eu te amo, Nagisa... Eu te amo tanto...

— Você me prometeu, Karma — Choramingou, abraçando o namorado fortemente. Nagisa chorou pesadamente conforme a respiração do maior tornava-se mais leve, pouco a pouco as batidas pararam. Apertou-o contra o peito; já sem vida, lá estava Karma dormindo em seu colo. — Eu te amo, Karma. P -POR FAVOR, NÃO ME DEIXE! KARMA!"


Levantou rapidamente, batendo a cabeça contra Karma. Ambos se afastaram, levando a mão para a região dolorida. O ruivo grunhiu de dor. Reabriu seus olhinhos avermelhados, as írises azuis não podiam focar, mas sabia que ele estava bem ali, sentado à sua frente enquanto resmungava. Nagisa pulou para o abraçar, afundando o rosto no pescoço dele.

— KARMA! Karma! Karma... Karma...

— Ei, ei, calma! O que aconteceu? Você 'tava se debatendo e chorando — Ele indagou antes de o abraçar.

— E- Eu... Eu sonhei que v- você tinha se m- matado... Você tinha- s- se matado na minha frente, K- Karma! — Balbuciou contra a pele do Akabane, afastando-se para o mirar nos olhos. Tocou a bochecha do mesmo com as mãos trêmulas, tentando controlar o choro; não conseguiu, no entanto. Quase não conseguia acreditar que esta era a realidade. — Você tinha cortado seus pulsos — Continuou.

— Ah, meu príncipe... — Sussurrou e colou suas testas, deslizando os dedos no rosto molhado do Shiota. — Eu nunca faria isso de novo. Eu nunca vou deixar você.

— Eu te amo, Karma. Eu prometo sempre amar, vou sempre te amar, Karma. Por favor, não me deixa!

Um mero fantasma; sua assombração que tanto temia deixar partir. Amava-o e sentia medo de perdê-lo. Aquele rapaz estava fazendo tanto por ele, Nagisa recusava-se a aceitar que estavam realmente namorando, pois não o merecia. Sempre tão cuidadoso, atencioso, compreensivo, protetor, amoroso... Karma estava sempre lá para ele, mas quando o ruivo precisava de sua companhia, Nagisa nunca sabia o que fazer. O deixava na mão, e odiava o sentimento de arrependimento que surgia depois. Seu namorado também precisa do melhor para continuar sendo forte — Nagisa não era o melhor, embora se esforçasse para se tornar.

The Porcelain BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora