XII. Sexo frágil

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Querido diário,

Eu não sei o que estava acontecendo comigo mas a aflição estava falando mais alto que tudo. Os meninos conversaram e nós decidimos que vamos esperar até o anoitecer para irmos pro outro lado da ilha, achei essa ideia muito sem sentido. Acho que eles não perceberam que estamos em uma ilha e que em ilhas e florestas tem muito bicho durante a noite.

Aquilo começou a me deixar aflita, eu morria de pavor de cobra e acho que se eu vesse uma na minha frente eu seria capaz de morrer. Fui pra fora e fiquei andando na beira do mar. Não tinha absolutamente nada pra fazer naquele lugar e a unica coisa que me acalmava no momento era o mar.

Eu fiquei pensando na minha mãe. Era estranho ela não ter ido me visitar esse tempo todo que eu fiquei em Cambridge. Eu sei que pra umas pessoas duas semanas não é muito tempo, mas qualquer mãe em si ia correr atras e pelo menos ligar para saber como a filha estava. É, as pessoas nos surpreendem.

— Você esta um pouco pensativa.

Eu tomei um susto tão grande, eu sei que qualquer um dos garotos e até mesmo Ashley poderia chegar ali a qualquer momento mas eu não estava esperando por isso. Vinicius estava andando pela ilha com Samuel e Ashley estava descansando. Quando olhei pra trás era o Vinicius.

— Que susto Vini. — resmusguei colocando a mão no meu peito. 
— No que você estava pensando? — perguntou enquanto me abraçava por trás. 
— Nada. — coloquei minha mão em cima da dele e fiquei olhando pro mar — é bobagem.

— Nem tudo é uma bobagem. — afirmou beijando minha cabeça; 
—Eu quero que isso tudo acabe logo, quero voltar pra cas.. — inclinei minha cabeça pra trás e encostei no ombro do Vinicius — é melhor esquecer esse assunto de casa. 
— Pare de pensar no futuro, e pense no aqui e no agora. — Vinicius virou meu corpo pro dele e me encarou seriamente.

Era difícil para mim não pensar no futuro. Tudo estava preste a acabar. Todo esse sofrimento essa vida de ficar se escondendo em grutas no meio da mata. Não era nada disso que eu queria pro meu futuro. Ficar em Cambridge, presa em um ilha sem nada o que fazer, não é o que eu planejava para os meus próximos anos.

Eu estava tentando o máximo não deixar o Vinicius e os outros preocupados. Calma era o conteúdo numero um para uma boa parte da nossa fuga. Vinicius me deu um selinho rápido e me puxou pela mão.

— Que isso? — perguntei confusa. 
— Vem comigo! — respondeu rápido e sorridente.

Vinicius estava andando pra entrada da trilha da floresta. Meu Deus, como esse garoto adorava uma aventura! Ele me puxava rápido na esperança que eu fosse andando tão rápido quando ele. Suas pernas eram longas por isso era impossível para mim acompanha-lo.

— Onde a gente esta indo? — perguntei olhando pros lados.

Nós já estávamos na trilha, e tinha mato para todos os lados.

— Eu quero que você conheça uma das 7 maravilhas do mundo. — Vinicius começou a correr e me chamar com a mão — Vem logo!

Nesses últimos três dias que fiquei presa nessa ilha, uma coisa eu pude afirmar. Essa vida selvagem não é pra mim. O Vinicius começou correr e eu como louca tentei acompanha-lo. Eu sei que não ia conseguir, mas valia a pena tentar.

— Vinicius espera! — gritei bem alto. 
— Anda logo, como você é lenta! 
— deixa de ser debochado e me espera! — disse brava.

Vinicius parou de correr e só assim consegui acompanha-lo. Ele colocou a mão sobre meus olhos, como se fosse uma venda.

— Você esta me deixando cada vez mais curiosa! 
— Fica calma pequena, nós já estamos chegando. — Vinicius respondeu em uma voz risonha.

Destrua este diárioOnde histórias criam vida. Descubra agora