III.Bem Vinda a Cambridge

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Querido diário,

Você não pode imaginar o inferno que a minha vida tornou depois que decidi falar toda a verdade. Minha mãe deixou com que os homens me levassem, ela deixou que eles me amarrassem com uma louca. Por mais que eu tentasse me livrar daquilo não teve jeito. Eram quatro homens para me segurar. Eu tentava chuta-los, mas isso só pirava minha situação, eles me colocaram em uma camisa de força e amarraram minhas pernas juntas.

É, André tinha ganhado essa batalha. Ele conseguiu o que ele sempre quis. Os enfermeiros me arrastaram para fora de casa e me jogaram dentro do manicômio toda imobilizada, tudo o que eu conseguia fazer era chorar e espernear mas não adiantava. Minha mãe estava assistindo tudo pela porta, e não moveu um dedo se quer para me ajudar.

Eles fecharam as portas do manicômio e me levaram. Eu tinha que provar que não estava louca, aquilo era um grande mal entendido. Eu estava bastante agitada então os enfermeiros me deram um sedativo na veia para que eu acalmasse. Tentei não dormir, fiquei lutando contra a vontade de fechar os meus olhos mas não adiantou. O sedativo foi mais forte do que eu.

Quando acordei a primeira coisa que eu vi foi uma luz forte no meu rosto. Apertei os olhos com vontade. Tentei levar minhas mãos até meu rosto, mas algo me impediu. Levantei para olhar e eu estava amarrada na cama. Meus pulsos e pés estavam amarrados. Eu fiz força tentando desamarra-los, mas não adiantou.

— Me tira daqui. — gritei o mais alto que pude — Alguém me ajuda por favor.

A porta do quarto abriu. Levantei a minha cabeça para ver quem era. Uma freira entrou no quarto junto com outros dois homens.

— Fiquem de olho, essa é a rebelde que o Senhor Phillips falou. — a freira disse em um tom baixo. 
— Me tira daqui. — disse tentando me livrar — Eu não sou louca. Eu não sou louca! 
— Isso é o que todos dizem. — sorriu e colocou a mão na minha testa. — Sou a Madre Ester e eu farei o que for preciso pra você voltar ao normal, e não queira tirar a minha paciência, sou uma pessoa ótima mas quando quero ser má eu sou bem pior. 
— Madre me desamarre por favor, eu vou me comportar. — respondi tentando ficar o mais quieta possível

Ela me olhava como se não acreditasse no que eu estava falando, mas só tínhamos nos conhecido a menos de 5 minutos. Ela me deu um voto de confiança. Fez um sinal para os guardas me desamarrarem. Meus pulsos doíam, eles amarravam aquelas coisas bem apertadas. Os enfermeiros me desamarraram e me sentaram bem devagar, o sedativo ainda me deixava um pouco tonta. Eles se afastaram um pouco para que eu pudesse me levantar sozinha. Olhei pra porta um pouco de lado, se eu conseguisse correr bem rápido, o mais rápido que eu pudesse, talvez eu tinha uma chance de sai daqui, ou não. Mas valia a pena tentar. Levantei rápido e corri pro lado da porta. Antes que eu conseguisse chegar a um metro de distancia da porta, os guardas me seguram forte. Eu sacudia meu corpo tentando fazer com que eles me soltassem. Me diga, eu sou burra ou o que diário? Esses homens eram mil vezes mais forte do que eu. Sem querer acabei acertando um tapa no rosto da Madre Ester. Parei de me movimentar com o barulho e com o eco que o tapa deu. Ela virou o rosto e me olhou com muita raiva.

— Desculpa Madre Ester.. Eu não queria acertar a senhora! — disse em um tom constrangedor. 
— Levam ela para a terapia elétrica. — sorriu ironicamente — acho que vou adorar colocar essa garota de volta em seu devido lugar, acho que ela esta precisa acordar para esse novo mundo.

Terapia elétrica? O que isso significa diário? Com certeza não era nada bom. Os homens saíram me arrastando pelos corredores de Cambridge. Eu gritava, na esperança que alguém fosse me ajudar a sair daquele lugar, na esperança que alguém chegasse e impedisse eles de me levar para essa tal terapia elétrica. Quando eu cheguei na sala, tinha só uma cadeira e uma maquina enorme atras dela. Tentei me acalmar um pouco, eu já estava me machucando fazendo tanto esforço pra nada. Eles amarraram meus pés e minhas mãos na cadeira. Aquilo já estava me assustando. Um deles já ia colocar a mão no gerador de energia mas a Madre Ester o impediu.

Destrua este diárioOnde histórias criam vida. Descubra agora