XI. A verdade dói

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Querido diário,

Eu não estava acreditando nas coisas que Vinicius me contava. Era uma barbaridade atras da outra. Parece que Samuel estava mesmo envolvido em tudo, ele estava do lado de Ester e André, mas quando ele resolveu sair e entrega-los pra justiça, André arrumou um jeito de mata-lo. Fique horrorizada com as coisas que eu ouvi.

Segundo Vinicius, Samuel tinha levado um envelope pra ele que ainda estava fechado e estava na nossa frente. Ele disse que o que tinha dentro do envelope podia incriminar tanto André quanto Ester e provar que eles mataram minha mãe. Eu estava com medo de abrir. Imagina se fosse fotos ou algo do tipo? Eu ia morrer!

Vinicius fugiu do hospital por que ele sabia que André e Ester iam atras dele pra procurar alguma coisa sobre esse misterioso envelope. Então quando eu cheguei lá André já tinha passado pelo quarto e me fez pensar que ele estava com Vinicius. Canalha! Eu só não sabia como Vinicius tinha feito pra dar o fora do hospital sem ninguém perceber mas não perguntei. Nós tínhamos assuntos mais importantes a tratar.

Ashley me deixou sozinha com Vini, eu estava tensa. Confesso que estava com a consciência pesada depois do Davi ter me beijado. Eu fiquei olhando pro envelope em cima da mesa sem dizer uma palavra de quer.

— Não vai abrir? — Vinicius perguntou sentando do meu lado. 
— Não sei. — suspirei — Eu acho que devíamos entregar isso pra policia e acabar de vez com essa historia. 
— Luí, você tem que saber o que está dentro desse envelope — Vinicius entrelaçou nossos dedos e me olhou — Vai dar tudo certo. A gente sempre dá um jeito.

De certa forma ele me fez sorrir. Era bom ter o Vini de volta na minha vida, ele realmente me fez muita falta nesses últimos dias.

— Eu não sei o que eu faria sem você na minha vida sabia. — falei, provavelmente com um sorriso bobo no rosto. 
— Eu fico feliz que você esteja bem e fico feliz em saber que tudo está dando certo. — Vini beijou minha testa. 
— Não importa o que esteja dentro desse envelope. Se for salvar nossas vidas e deixar Ester e o canalha do André longe de todos nós, eu topo entregar pra policia. 
— Mas você não vai abrir? — Vinicius perguntou franzindo a testa. 
— Não, o que eu mais temia aconteceu. — disse desanimada — minha mãe está morta Vini e não tem como eu mudar isso. Tudo que eu posso fazer agora é fazer com que André pague por tudo que ele fez com ela e comigo.

Eu tinha certeza que o Vinicius estava se matando de curiosidade pra ver o que tinha naquele envelope. Mas ele respeitou minha opinião como sempre. Eu tinha que arranjar alguma maneira de encontrar o André, eu sei que parece loucura mas era a unica maneira de ter certeza que a policia ia levar ele.

O medo dominava o meu corpo, confesso que eu temia que esse plano de entregar esse envelope pra policia desse errado e Vinicius acabasse mal no meio dessa confusão toda. Vini me olhava, esperando minha decisão mas eu não queria falar nada. Eu acho que isso era um caso resolvido. Respirei fundo e abracei-o bem forte. Que saudade do Vini!

— Pra que isso? — perguntou em uma voz risonha. 
— Eu só quero que você saiba que eu te amo! — disse olhando em seus olhos. 
— Você o que? — perguntou dando um sorriso de canto dos lábios. 
— Eu amo você, e aconteça o que acontecer.. saiba que nada vai mudar isso. 
— Por que está falando isso Luísa? — Vinicius franziu a testa. 
— Nada, só me deu vontade de falar! — disfarcei — só isso.

Eu não gostava de mentir, ainda mais mentir para o Vini. Mas de algum modo eu sentia que tinha traído ele, mesmo que entre mim e o Davi só tenha rolado um beijo. Vinicius balançou a cabeça positivamente e inclinou pra me dar um beijo, mas eu virei meu rosto! Acredita nisso diário? Eu virei meu rosto!

— Desculpa Vini, eu não to com cabeça pra isso. — respondi me levantando. 
— Tudo bem Luísa. — Vinicius inclinou pra trás e apoiou as costas no sofá — Eu entendo.

— Vini, eu.. 
— Relaxa, eu já entendi. — respondeu seco.

Porra, a ultima coisa que eu queria no momento era brigar com o Vini, ainda mais por causa de um motivo besta e sem sentido. Revirei os olhos e respirei fundo. Ashley entrou e ela logo percebeu que o clima estava tenso entre mim e o Vinicius.

— Ih, alguma noticia ruim? — Ashley perguntou encarando-nos. 
— Não! — suspirei — eu vou entregar esse envelope pra policia. Você vem comigo?

Ela viu que Vinicius parecia irritado. Ashley balançou a cabeça negativamente e me olhou.

— Eu vou levar pra policia, você fica ai com o Vini. — Ashley disse pegando os papeis da mesa.

Passei a mão na minha testa e joguei o meu cabelo pra trás. Eu precisava de paciência pra isso por que eu não tinha nenhuma. Balancei a cabeça negativamente, e antes que Ashley pudesse sair novamente eu gritei seu nome.

— Fala! — Ashley voltou a me encarar. 
— Eu quero que você entregue esse bilhete para policia.

Peguei um papel que estava em cima da mesa e comecei a escreve uma mensagem. Eu precisava bolar um plano pra pegar o André ou ele ia fugir antes que os policiais colocassem as mão nesse envelope. Dobrei o papel e entreguei na mão da Ashley.

— Por favor, não abra e entregue diretamente pra policia!

Eu sabia que Ashley era curiosa e não ia aguentar. Mas ela não podia ler aquele bilhete. Minha vida dependia daquilo. Ela assentiu com a cabeça e foi logo saindo, deixando Vini e eu a sós novamente. Fiquei olhando pra janela e observando a Ashley entrar em seu carro e dirigir seu carro pra longe. Aquele silencio estava me matando e sei que Vinicius não é bobo, alguma hora ele ia perceber o que realmente tinha acontecido. Ele levantou e se aproximou de mim. Fechei meus olhos e tentei controlar a minha respiração.

— Luísa, tem alguma coisa que você quer me contar? — Vinicius perguntou com a voz baixa. 
— Como assim? — franzi a sobrancelha. 
— Olha pra mim!

Eu não conseguia olhar pra ele. Merda! Ele estava certo, eu não podia ficar escondendo nada do Vini. Nada mesmo! Eu virei pra ele e o abracei o mais forte que pude. Meu Deus, como eu precisava daquele abraço. Vinicius não estava entendendo nada.

— Luí, você esta bem? — perguntou acariciando meu cabelo. 
— Desculpa Vini, desculpa mesmo.. eu não queria fazer nada disso e nem sentir o que estou sentindo agora. — desabafei. 
— Do que você esta falando? 
— Estou falando de mim. — Encarei-o — O motivo da minha mudança com você, é por que eu.. 
— Fala logo Luísa, não enrola. — Vinicius disse bravo. 
— O Davi me beijou.

Vinicius ficou calado, parecia que ele não estava acreditando ou não sabia o que falar. Eu abaixei a cabeça envergonhada. Não tinha o que falar agora né? Aquele silencio estava me matando. Ele se afastou de mim e ficou andando de um lado para o outro na sala.

— E o que você sentiu? — Vini perguntou calmo.
— O que eu senti? — perguntei confusa. 
— É Luísa, o que você sentiu quando ele te beijou?

Eu não estava entendendo aquilo. O que o Vini queria afinal? Por que ele estava perguntando o que eu senti quando beijei o Davi?

— Era algo bom, diferente.. mas isso não vem ao caso Vini. — Me aproximei dele e levei minhas mão em seu rosto — Eu amo você Vini. 
— Luísa, eu.. — Vinicius tirou minhas mãos de seu rosto. 
— Desculpa amor, me desculpa. — Franzi a sobrancelha. 
— Luísa, eu não sou teu namorado. Você não me deve satisfações! — Vinicius respondeu ignorante. 
— Vini..
— Não. Não fala nada, é melhor deixar assim do jeito que está.

Ele saiu e me deixou ali, sozinha. Ai que ódio! Por que eu fui falar isso logo agora? O Vini não merecia passar por isso, alem do mais por minha causa. Balancei a cabeça negativamente e me joguei no sofá.

Sempre sua, 
Luí..

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