Destrua este diário

II. Nada é o que parece

Querido diário,

Posso até dizer que o Davi dirige bem. Quer dizer, bem não.. ele tem muito o que aprender ainda. Coisa do tipo, no vermelho é pra você parar, não para acelerar o carro como um louco desgovernado mas isso ele aprende com o tempo.

Quando chegamos na cadeia o Davi preferiu ficar do lado de fora. André nunca me disse como ele conhecia o Davi, tampouco o Davi me disse por que ele não se dava nada bem com André mas era evidente que esses dois não gostam um do outro. Prometi que não ia demorar alias eu não podia abusar da boa vontade de Davi.

Entrei na cadeia e dei minha informações, diário você não faz ideia do tanto de coisa que a gente tem que fazer apenas para ter 20 minutos de conversa com uma pessoa lá dentro. Eu tive que ir para uma sala, ser entrevistada por um policial. Uma mulher veio e começou a me revistar de cima a baixo. Eu não podia entrar com nada no patio de visita. Só com minha roupa do corpo.

Assim que eles acabaram, um dos policiais me guiou até o patio de visita e ele me disse que André estava sentado na mesa 7, isso queria dizer que ele já tinha uma visita. Fui andando bem devagar, tinha um monte de presidiário que não tira os olhos de mim aquele lugar era tenebroso. Eu vi de longe André conversando com um homem, aquele rosto não me era estranho. Eu já conhecia ele de algum lugar. Me aproximei mais deles tentando ver quem era esse homem com quem André estava conversando bruscamente. Bem, aquilo não parecia uma conversa e sim uma briga. Parecia que os dois estavam discutindo mas assim que André viu que eu estava me aproximando eles pararam de conversar.

O Homem me olhou e logo esbanjou um sorriu exatamente igual ao do André. Claro, eu não poderia confundir aquele rosto de canalha nojento que minha mãe odiava tanto. Era o Nico! O Pai do André.

André olhou pro pai dele nervoso, Nicolas disse alguma coisa idiota com certeza! Mas como eu estava longe não pude escutar a conversa dele, me aproximei e Nico se levantou para me cumprimentar.

— Pequena Luísa. — Nicolas disse esticando a mão e sorrindo.
— Oi Nicolas! — respondi séria, sem nem pegar na mão dele olhei pro André — Precisamos conversar.

Nicolas encarou André com aquele sorrisinho mais canalha no rosto. É, tal pai tão filho.

— Ela cresceu nervosinha, que orgulho. — Nicolas disse cruzando os braços. 
— Olha acho que você não entendeu ainda Nicolas Phillips, isso quer dizer que eu quero ficar sozinha com ele. — sentei e encarei-o — Sem ninguém por perto. 
— Mas eu.. 
— Nossa conversa acabou Nico. — André estava serio.

Parece que Nicolas entendeu perfeitamente o que André queria dizer, ele balançou a cabeça positivamente e ficou parado ainda olhando pra gente. Pela expressão de seu rosto deu para ver que Nicolas não gostou nem um pouco do fato de ver que André parou de conversar com ele para me dar atenção. Acho que quando ele caiu na real acabou saindo, me deixando cara a cara com André.

É, parece que a cadeia tinha mudado muito o jeito do André. Ele estava diferente diário e não estou dizendo isso por causa da barba ou pelo jeito que ele falou com seu pai mas havia algo diferente nele. Eu só não sabia o que era.

— Luísa, é bom te ver novamente. — André sorriu. 
— Olha vá guardando seus discursos de "saudade", o que eu quero falar com você é rápido e objetivo.

André suspirou e continuou me encarando, eu não queria prolongar a conversa mais do que o necessário. Ficar naquele lugar com aquele cheiro de gente suada me dava arrepios.

— O que eu posso fazer por você? 
— Você matou minha mãe, isso você mesmo disse. Então já que você desgraçou tanto a minha vida, esta na hora de fazer alguma coisa certa por mim. — disse rápido — eu quero que você me dê uma emancipação. 
— Emancipação? — André franziu a testa — por que você quer isso? 
— Simples, por que você matou minha mãe e você é o meu responsável agora André! — disse bem irônica — E se você não fizer isso eu vou para o abrigo de menores. 
— Eu vou sair da cadeia logo Luísa, você não precisa disso! — respondeu calmo — se quiser pode vim morar comigo e eu prometo que vou cuidar bem de você.