💚 capítulo 34 💚

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BÁRBARA PASSOS

Merda. Eu não acredito que eu esqueci que tínhamos que visitar meus primos hoje. Eu estava amando conhecer um pouco mais do Victor...e fico feliz em saber que ele confiou em mim para contar sobre seu passado.

Queria ter ficado e aproveitado mais. Porém sempre tem alguma coisa para estragar o momento.

Iríamos visitar meus primos mais novos. Depois do falecimento da minha tia, tudo se tornou difícil, até o convívio com a nossa própria família. Os meus primos moravam com meu tio na cidade ao lado.

Quando éramos um pouco menores brincávamos juntos e em todos os finais de semana meus primos estavam na minha casa. Apesar de eu sempre ter sido mais velha, eu amava passar um tempo com eles.

Quando meu tio ficou sabendo que minha tia faleceu, ele ficou imóvel, não se mexia por nada. Passou alguns meses bem deprimido e infelizmente ainda continua assim.

Meu primo de 14 anos, ligou para a minha mãe dizendo que não tinha comida em casa e que não tinha dinheiro para comprar. Esse é o motivo de estarmos aqui. Eles precisam de ajuda e meu tio não está nada bem e claramente não está em condição de cuidar dos seus filhos, já que a mãe deles os abandonou a alguns anos.

Eu havia tido uma curta conversa com minha mãe sobre o assunto, mas ela não falou muito, apenas disse que isso era um problema de família e que não era para eu me meter, coisa de mãe. Mas fiquei sabendo que meu tio e meus primos vão ter que se mudar para perto de nós, assim fica mais fácil de minha mãe administrar as coisas.

– Eaí, meninos. Como estão? - Pergunto olhando para os dois garotos à minha frente, um mais alto que eu e um mais baixo. Minha mãe pediu para sair um pouco com meus primos enquanto ela resolve com meu tio.

– Estamos bem. - Lucas, meu primo de 14 anos e o mais velho, responde com os braços cruzados.

Meu primo mais novo de 10 anos, Arthur, nem nota a minha presença. Hoje em dia as crianças estão cada vez mais obcecadas por videogame.

– O que acham de fazer um lanche? É por minha conta. - Pergunto animada, olhando apenas para o Lucas, já que o Arthur nem está prestando atenção no que digo.

– Não estou afim. Prefiro jogar meu videogame mesmo. - O menor fala e ganha a minha atenção, fazendo-me baixar o olhar para encára-lo, que ainda estava concentrado em seu jogo. Que garoto rebelde.

Quem recusa comida?

Quem recusa comida em troca de um videogame?

– Vamos logo, seu tapado. Você pode jogar isso o resto do dia. - Lucas fala, dando um leve tapa na cabeça do seu irmão.

– Podemos comer o que vocês quiserem. - Faço um agrado, enquanto estamos caminhando pela rua calma. – Hambúrguer, pizza, sorvete...apenas escolham o que quiserem. - Digo colocando minha mão dentro dos meus bolsos. Aqui era um pouco frio, esqueci da droga do casaco.

– Ainda preferia ficar jogando meu videogame. Eu estava quase passando de level. - Arthur diz bufando e pisando duro. Desde quando ele se tornou tão rebelde? Chega até ser engraçado, um ser desse tamanho com essa autoridade toda.

– Já escolheram o que vão querer? - Pergunto mais uma vez, tentando mudar de assunto. Eu não vou brigar com uma criança.

– Eu vou querer dois hambúrguers, três porções de batata frita, porque vem pouco, dois copos de 500 ml de refrigerante e para a sobremesa um pudim de leite. - Arthur fala simples e fico boquiaberta. Tudo isso?

– Você vai dividir isso com seu irmão? - Pergunto incrédula. A quanto tempo esse garoto não come?

– Não. Esse é o meu pedido. - Meu deus, como assim? Eu vou ter que gastar praticamente minha mesada inteira em lanches?

– Ham...tudo bem, eu posso pagar. - Dou um sorriso. É, eu tenho que ser compreensiva, eu posso pagar. Olho em seguida para Lucas que está mexendo no telefone. – E você...? O que vai querer? - Pergunto, segurando a mão do pequeno, já que ele queria sair correndo por aí. Essas crianças não param quieta.

Ele para de mexer no telefone e me olha.

– Pode ser somente um hambúrguer, não estou com tanta fome assim. - Lucas explica e guarda seu telefone no bolso.

– Tudo bem. - Apenas digo e logo entramos na lanchonete e fiz o longo pedido do Arthur, já que por exigência dele tinha que ser o primeiro a sair.

– Como vai na escola? - Me sento junto a eles.

– Já faz um tempo que não vamos à escola. - Arthur diz, com as mãos no queixo fazendo cara de entediado. Lucas apenas olhava para nós desanimado.

Sei que não deve estar sendo fácil para o Lucas. Ele é o irmão mais velho e ter que cuidar do pai e do Arthur não deve estar sendo nada fácil, principalmente porque ele só tem 14 anos.

– Ah...entendi. - Foi a única coisa que eu disse.

Ficamos em silêncio enquanto o pedido não chegava. Quer dizer, o Arthur não parava de resmungar e falar que ele estava numa fase super-importante do seu jogo e não poderia ter parado de jogar naquela hora.

– Três hambúrguers, três porções de batata frita, 3 refrigerantes de 500 ml, um suco de uva e um pudim de leite. - A garçonete repetiu o pedido, segurando a bandeja.

– É aqui mesmo. - Respondo com um sorriso.

– Mais alguma coisa? - Ela pergunta.

– Não, obrigada. - Agradeci e a garçonete logo saiu de perto, indo limpar outras mesas.

Apenas pedi um suco de uva. Não sabia que o Arthur comia tanto assim, não trouxe o dinheiro suficiente para nós todos.

– Está tudo bem, Lucas? - Tomo um gole do meu suco, olhando Lucas comer lentamente seu hambúrguer.

– Está sim. Obrigado por perguntar. - É a única coisa que ele fala. Eu sei que não está tudo bem, essa situação toda é uma merda...

– E como vai os namoradinhos? - Arthur pergunta, dando uma mordida no seu segundo hambúrguer. Quase engasgo com sua pergunta. Mas o que? Que garoto atrevido.

– Namoradinhos? Eu não sei do que está falando, Arthur. - Tomo mais um gole do meu suco, olhando para os lados tentando disfarçar. Ok, espero que ele mude de assunto. É apenas uma criança.

– A titia sabe que você está namorando? - Ele pergunta.

– Eu não estou namorando, Arthur. Da onde está tirando essas coisas?

– Então é escondido...- Ele sussurra pensativo. – Não é uma má ideia...

– Eu já falei que não estou namorando. Não tenho tempo para isso, eu estudo o dia inteiro. - Ok, essa mentira foi feia. Caramba, como uma criança de 10 anos pode ser tão irritante assim?

Ouço a risada do Lucas e lanço um olhar mortal para ele. Até ele?

– Do que está rindo? Eu estou falando sério. - Digo. Lucas levanta os braços para cima, se rendendo. – Tá, já que vocês terminaram, vamos logo embora. - Me levanto da mesa junto com eles e vou até o caixa pagar.

Por pouco não faltou dinheiro.

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Autora: oi seus lindos e lindas, como foi o início do ano de vcs??

gostaram da participação do Lucas e do Arthur?

queria agradecer pelos 42K de leitura...nem sei de que forma agradecer, mas estou muito feliz e nunca imaginei que a fanfic chegaria a esse número. tudo isso é graças a vocês e eu estou muito grata por todo o carinho, de verdade. obrigada por muito, vocês são fodas 🥺❤

𝑃𝑂𝑆𝑆𝐸𝑆𝑆𝐼𝑉𝐸 - babictor Onde histórias criam vida. Descubra agora