Capítulo 21 - Amor

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Ainda na mesma noite, depois de terem se afastado do trio de humanos que tentaram assassinar Naraku, ele e a família resolveram fazer uma parada em meio à mata fechada para enfim discutirem a situação.

Yeda estava sentada no chão, recostada numa árvore, e com Kanna com a cabeça apoiada na coxa dela. Naraku estava em pé e à frente da companheira, e Kagura sentada em uma pedra um tanto mais afastada. Yeda acabara de sugerir uma localidade para a qual eles poderiam partir e Naraku meditava em silêncio.

– Não, essa ideia não me agrada... - disse ele enfim.

– Fomos insensatos, Naraku. Precisa reconhecer - rebateu Yeda.

– Eu reconheço, mas nos mudarmos para o vilarejo onde Inuyasha e o irmão têm vivido não me parece a melhor solução também.

– Ao menos sabemos que as pessoas de lá convivem pacificamente com youkais... E sinceramente, Naraku, eu sinto falta daquele lugar.

– Aí já é outra história... - suspirou ele. – Eu não sei. Não é tanto por mim e sim por eles. Não está pensando em morar junto com eles, está?

– Naquela casa não. Mas nas redondezas não poderia ser?

– Não entendo porque ficamos divagando sobre isso enquanto aqueles vermes se apossam das nossas coisas... - bronqueou Kagura.

Naraku e Yeda olharam na direção em que ela estava.

– Porque eram apenas coisas, como você mesma acabou de dizer. Não faz sentido provocarmos mais aqueles humanos só por isso - falou a youkai lobo.

– Hunf! Você sempre fazendo pouco caso... - rebateu Kagura. – Não havia uma agulha naquela casa que era coisa roubada. Tudo fruto de trabalho honesto! E agora somos obrigados a abandonar nosso lar só porque vocês dois não querem dar àqueles trastes o que eles merecem! - disparou indignada.

– E o que eles merecem? - interpôs Naraku.

Kagura corou as faces e silenciou.

– Responda, por favor - insistiu ele. – Não irei repreendê-la. Quero saber o que pensa, pois me parece haver divergência nisso entre Yeda e eu. Concordo com você que não devíamos deixar tudo para eles assim.

A Mestra dos Ventos envergou uma sobrancelha, surpresa, enquanto Yeda não esboçou qualquer reação.

– Podem ficar com o casarão, mas temos o direito de levar as coisas! - falou Kagura.

– E onde vamos guardar aquele monte de tralha? - retrucou Yeda, fazendo Naraku a encarar com certo espanto. – Além do que, há essa altura, tudo quanto tinha de valor lá já deve ter sido saqueado. Mas, se mesmo assim, vocês querem tentar recuperar alguma coisa, vão. Eu espero vocês aqui.

Diante do despojamento da companheira, Naraku se sentiu um tanto embaraçado. Ponderou um instante e então lembrou que Yeda vivia errante antes de conhecer os irmãos youkais. Viver sob um teto, rodeada de luxos e mordomias, não era algo tão primordial a ela, como parecia ser para sua cria mais jovem.

– Vamos voltar ao assunto do nosso destino então... - disse ele em tom resignado.

– Como assim? Não vamos lá, Naraku?

– Não, Kagura. Isso seria apenas uma perda de tempo.

Inconformada, a jovem bufou e cruzou os braços.

– Nosso destino? - indagou Yeda, encarando-o fixamente. – O vilarejo da velha Kaede.

ooOOOoo

Naraku Apaixonado?Onde histórias criam vida. Descubra agora