Capítulo 7 - Desejo

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Sesshoumaru se aproximou em um lento caminhar, com olhar fixo em seus dois protegidos, Rin e Jaken. Arurun estava logo atrás dele.

– Senhor Jaken, é o senhor Sesshoumaru! - vibrou a menina e veio de encontro ao youkai. – Que bom que voltou, senhor Sesshoumaru.

– E quanto àquelas pessoas? - ele indagou.

– Devem ter voltado pro vilarejo onde moram - respondeu Jaken.

– Muito bem, vamos... - ele chamou, mas se atentou a um brinquedo na mão de Rin. – O que é isso?

– Foi a senhorita Yeda quem me deu. Não é bonita, senhor Sesshoumaru? - perguntou, exibindo uma bola colorida.

Ele se atentou à expressão contente dela. Tratando-se de uma criança era natural que ficasse feliz com aquilo. Apesar de protegê-la e cuidar de seu sustento, o novo quimono era um dos poucos presentes que ele lhe dera.

– É sim... - assentiu, sem querer magoá-la com sua costumeira indiferença.

Mais contente ainda, Rin montou em Arurun junto com Jaken, enquanto Sesshoumaru seguiu andando um pouco mais atrás.

– Não seria legal, senhor Jaken, se tivéssemos uma casa, e a senhorita Yeda morasse com a gente?

– Que é isso, Rin! - exclamou o youkai sapo receoso de que o mestre a tivesse escutado.

E Sesshoumaru escutou mesmo.

Numa outra circunstância, ele não teria dado a mínima, mas sendo Rin a dizer acabou levando em consideração. Vinha perambulando há anos, sem rumo ou ambições, mas, ultimamente, as coisas estavam mudando. Lembrou-se então da cena de seus protegidos encolhidos junto a si, na manhã daquele mesmo dia, e do quanto aquilo mexeu com ele. Não podia mais ignorar que se importava, e muito com eles, trouxe inclusive à mente o temor que sentira das vezes em que suas vidas ficaram ameaçadas nas mãos de inimigos.

– É isso que você quer? - Sesshoumaru perguntou, o que fez a humana e o youkai sapo se voltarem pra ele com expressões confusas. – Quer ter uma casa, Rin? - indagou de novo naquele tom gélido.

A menina ficou vermelha e abaixou a cabeça.

– Quero estar sempre com o senhor Sesshoumaru... Só isso.

Ela não diria, ele soube. Rin nunca exigia nada, nem reclamava de nada. Assim como Jaken, a devoção que lhe dedicava era totalmente desinteressada, bastava-lhes estar junto dele.

Suspirou e virou o rosto para o lado. Naquele momento de sua vida, ainda mais forte, ele poderia acumular riquezas muito facilmente. Podia dar uma casa a Rin se era isso que ela queria. O único empecilho que realmente existia era o temor com o que aquilo poderia desencadear. Se começasse a ceder à todas as vontades dela, se começasse a pensar em restabelecer um clã, se começasse a querer uma família...

– Vamos - ele falou, tomando a frente.

ooOOOoo

O sol alto ardeu nas costas de Naraku. Sangue encharcava seu nariz, quase obstruindo o difícil respirar. O corpo inteiro doía, mas pior que isso, era a angústia. Num ritmo desenfreado vislumbrava em sua mente a real ameaça à sua ambição de ter Yeda: o envolvimento dela com Inuyasha e Sesshoumaru. O primeiro se empenhara em vir resgatá-la, enquanto outro, o desafiou mesmo tendo perdido o interesse de enfrentá-lo.

Rolou para o lado e deixou a mão sobre os olhos, escondendo-os da luz. Inspirou fundo, então, a cena de Yeda sendo carregada nas costas de Inuyasha ficou nítida em sua mente. Estremeceu de ódio.

Naraku Apaixonado?Onde histórias criam vida. Descubra agora