Capítulo 22 - Tradições

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Logo após ter deixado Rin sozinha no jardim, Sesshoumaru foi à procura da senhora Kaede, pois estava decidido em tomar a protegida por esposa e, assim sendo, ninguém melhor que a anciã para auxiliá-lo com a decisão.

Ao chegar à ala em que Kaede residia - a ala leste, adjunta à ala do monge e da ex-exterminadora de youkais -, ele reparou na quietude do lugar; Inuyasha e a companheira não haviam retornado do mercado ainda e o filhote de youkai raposa só podia estar com eles, assim foi a própria anciã quem notou a chegada dele e o convidou ao salão principal.

Apesar da idade já bastante avançada, Kaede mantinha plena lucidez. Morosamente, ela se ajoelhou em um futon e depois apontou ao youkai branco um outro, bem à frente ao que ocupara. Tão logo se acomodou, Sesshoumaru foi direto ao ponto:

– Senhora Kaede, eu pretendo me casar com a Rin - anunciou com toda seriedade.

A anciã se manteve em silêncio algum tempo, apenas o encarando, visivelmente espantada, mas, aos poucos, seu semblante foi amenizando e, após um indecifrável sorriso, ela retrucou:

– Mas isso é formidável.

Sesshoumaru se surpreendeu, não esperava que ela fosse reagir tão bem à notícia, e esse fato ficou tão evidente em sua expressão, que a anciã logo tratou de se explicar:

– Sempre que olho para o senhor e a jovem Rin, me lembro da minha irmã Kikyou e de Inuyasha. Eles se amavam tanto e o destino foi tão cruel com eles. Mas penso que a história deles poderia ter sido outra, se minha irmã tivesse aceitado o Inuyasha mesmo ele sendo um meio-youkai, ao invés de ter almejado transformá-lo num humano para só então se unirem. Agora o senhor, diferente dela, quer tomar Rin por esposa mesmo ela sendo humana e o senhor youkai, colocando o amor que compartilham acima de suas origens.

Foi a vez dele se manter em silêncio por um tempo, apenas ponderando, então meneou a cabeça em concordância.

– Essa é uma maneira bastante sábia de ver as coisas - ele comentou bem ameno. – Não foi sempre assim, mas passei a acreditar que não escolhemos quem iremos amar, apenas amamos; tentar ir contra essa verdade é uma batalha inútil. Por isso há tempos deixei de lutar contra meu coração, e se esperei até hoje para estar ao lado daquela que amo, foi apenas em função de sua pouca idade.

– Compreendo. Então, só me resta lhe dar minhas sinceras felicitações, senhor Sesshoumaru. Rin é uma menina tão querida por mim quanto Kagome. Por isso fico feliz de ainda estar viva para poder presenciar esse momento tão especial da vida dela.

– Muito obrigado, senhora Kaede. Bem, além de comunicá-la, eu também vim pedir seu auxílio para que a cerimônia do casamento seja conforme as tradições humanas. A senhora deve entender tão bem quanto eu que não teria qualquer sentido seguir a tradição de meu clã, uma vez que uma união assim não seria tida como legítima pelos de minha raça.

– Claro... Pois fico honrada com a incumbência.

Ele assentiu, mostrando-se grato, e acrescentou:

– A senhora tem total liberdade para adquirir tudo que for necessário, tanto para a cerimônia quanto para a festa, apenas do traje nupcial eu mesmo me encarregarei. Desejo que um aliado meu o prepare, é o mesmo youkai que confecciona os quimonos que dou de presente a ela em seus aniversários.

– Sim, senhor, como quiser.

– Irei agora mesmo encomendar esse traje e como esse meu aliado não vive muito distante daqui, devo voltar hoje ainda. Nesse meio tempo, peço, por favor, que a senhora inteire melhor Rin da situação.

– O senhor pode contar comigo.

A conversa seguiu por algum tempo ainda, tanto que quando Sesshoumaru deixou a ala, percebeu que seu irmão e a companheira já estavam de volta.

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