Capítulo 28 - Desconfiança

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O dia do casamento de Inuyasha e Kagome se aproximava, e devido à intensiva mobilização já não havia muito a se fazer, então Kagome resolveu passar um fim de semana com sua família na era moderna.

Depois de ter acompanhado Kagome até o Poço Come Ossos, Inuyasha retornava para a mansão. Ele meditava na conversa que acabara de ter com a noiva acerca de Naraku. Compartilhara com ela a dificuldade que estava sendo para ele acreditar na mudança de caráter do antigo inimigo. Diferente de Miroku e Sesshoumaru, Kagome não o repreendera por sua desconfiança e o incentivara a não cobrar tanto de si mesmo, pois acreditava que se um dia ele fosse conseguir perdoar Naraku isso aconteceria de um modo natural.

As palavras de Kagome o tranquilizaram um pouco, mas ainda assim ele resolveu dar uma espiada no casebre que Yeda estava morando com sua nova família youkai. Seu intento era tentar flagrar Naraku fazendo algo suspeito, mas não foi bem isso que ele encontrou lá.

Ele aprendera com Yeda a ocultar seu youki, então se aproximou do local sorrateiramente. Observou o interior, a morada se resumia em um único cômodo, no centro do qual quatro futons estavam estendidos, os dois que Naraku e Yeda ocupavam estavam bem próximos, o que devia pertencer a Kanna estava logo ao lado desses dois e o último estava atravessado no sentido contrário e um pouco mais afastado dos outros três, devia ser o de Kagura, mas Inuyasha percebeu que não sentia o cheiro dela, ela devia estar zanzando pelo vilarejo. Kanna e Yeda estavam abraçadas uma de cada lado de Naraku. A pequena youkai dos cabelos brancos parecia estar adormecida, enquanto o casal conversava.

Inuyasha ficou observando a cena por algum tempo, reparando e nas trocas de carinhos entre o casal. Naraku alisava as madeixas de Kanna e Yeda enrolava os dedos nos fios ondulados do companheiro. Eles pareciam uma autêntica família e uma família como qualquer outra, comum e pacífica.

– Será que esse miserável tomou jeito mesmo? - ele se perguntou num murmúrio e pouco depois, resolveu tomar o caminho de volta.

Chegando à mansão, Inuyasha procurou por Kaede. Em circunstâncias normais ele teria procurado Miroku, mas já se cansara de debater a questão Naraku com ele. Algum tempo depois, ele e a anciã se achavam no salão principal da ala leste, assentados frente a frente.

– O que te perturba, Inuyasha?

– É essa situação com o Naraku... Não consigo me acostumar com a presença dele aqui. Me diga, Kaede, você acredita na mudança dele?

– Alguns dias atrás, Sango me fez essa mesma pergunta. É muito difícil para ela também suportar a presença dele.

– Pra você também devia ser, afinal de contas ele destruiu a vida da sua irmã e por duas vezes!

Kaede tomou um pouco de chá.

– Mas para mim só a primeira vez conta, porque aquele ritual que trouxe minha irmã Kikyou de volta à vida teve um propósito maligno. Aquilo não foi uma dádiva, estava mais para uma maldição.

– Como assim, Kaede? Você achou ruim quando a Kikyou reviveu?

– Foi uma grande alegria poder revê-la, mas as consequências daquela profanação do descanso dela foram pesarosas. Por um lado, ela foi liberta de carregar na alma a tristeza com sua suposta traição; ela ficou sabendo que foi Naraku o responsável pela morte dela e não você. Mas, por outro lado, ela precisou ver você junto de Kagome e claro que isso a encheu de amargura e ciúmes.

– Eu nunca tinha pensado nas coisas desse jeito.

– Eu já imaginava e sempre reparei no quanto você parecia se sentir dividido entre as duas.

Naraku Apaixonado?Onde histórias criam vida. Descubra agora