Capítulo 15 - Indecisão

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Yeda ficou vários instantes em silêncio, depois de Sesshoumaru ter perguntado por onde ela estava e porque sua expressão parecia tão aflita.

– Eu... - começou ela, gaguejando um pouco. – Já é tarde, acho melhor irmos embora.

– Pode ser, mas você não respondeu minha pergunta.

– Vamos, chame a Rin... - desconversou ela, e seguiu para perto de Inuyasha e Kagome.

Um pouco depois, o grupo todo seguia pela estrada de terra. Sesshoumaru à frente, Yeda por último. Com exceção destes dois, os demais cantavam cantigas animadas, enquanto caminhavam descontraídos.

Yeda sentia-se apreensiva e ansiosa. E se fechasse momentaneamente os olhos, a face de Naraku se imprimia em sua mente. Aquele belo rosto que já começava a sumir de sua lembrança, tornava-se novamente vívido para seu tormento.

Ao chegarem à mansão, a youkai lobo até tentou ditar algumas ordens, mas estavam todos ainda tão exaltados que nem lhe deram ouvidos. Ela não se importou.

Pouco depois, Yeda adentrava o salão de sua ala da casa, exausta, como quem estivesse voltando de uma impetuosa batalha, e de certa forma, aquilo refletia bem a realidade. Em seu quarto, ela se atirou na cama do jeito que estava e largou o braço sobre o rosto.

– E agora?

A mente dela fervilhava entre diversos raciocínios, mas não achava solução para o impasse de partir ou ficar, sendo que queria tanto uma coisa como a outra.

– Se eles fossem capazes de perdoá-lo...

Ela murmurava de tempos em tempos, contudo, tão logo a sentença deixava seus lábios, convencia-se de sua impossibilidade.

Girando a vista pelo luxuoso quarto, apertando as costas contra o colchão macio, ela chorou sentida. Estabilidade, segurança, conforto. Um lar, uma família... Tudo conquistado por meio de tanto trabalho. Como podia ser capaz de cogitar abandonar tudo aquilo?

Sentiu-se fraca como nunca antes, como se sua energia vital escapasse de si. Seu rosto tombou para o lado e uma letargia a venceu, fazendo-a submergir num sono sepulcral.

ooOOOoo

Naraku montara um acampamento nos arredores da floresta próxima ao vilarejo. Uma pequena fogueira servia mais para iluminar o espaço do que aquecer, mesmo porque, ele não sentia frio algum, graças a seu youki.

Estava satisfeito e sorria sempre ao lembra-se dos doces lábios de Yeda. Como era difícil se conter. A vontade de ir buscá-la naquele mesmo instante era quase irresistível.

Contudo, o novo momento em sua vida, tinha como característica honrar uma palavra empenhada. Por isso, nunca ansiou tanto por um alvorecer. Mal podia esperar para reencontrá-la e, dessa vez, não mais se separar dela.

– Talvez fosse bom ter um trunfo na manga, caso ela insista em ficar, mas o que poderia ser?

ooOOOoo

Yeda acordou perturbada e piscou ante a luminosidade, sem acreditar que tinha conseguido simplesmente dormir com a mente tumultuada daquele jeito. Inspirou fundo e, ao tentar erguer o corpo, sentiu as pernas dormentes. Devia ter ficado na mesma posição a noite inteira.

– O que vou fazer se ele vier aqui mesmo? Claro que Sesshoumaru e Inuyasha vão enxotá-lo. Mas e depois? Não seria melhor eu sumir daqui? Mas e se ele os ameaçar? Não posso deixá-los a mercê de Naraku...

Erguendo-se, Yeda foi retirando as partes do quimono até restar só o último, que era branco e terminava um pouco abaixo dos joelhos. Arrancou a presilha dos cabelos e chacoalhou a cabeça, passando os dedos entre os fios, que cobriram suas costas como um manto.

Naraku Apaixonado?Onde histórias criam vida. Descubra agora