Capítulo 16 - Lembranças

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Aviso: Este capítulo contém cenas românticas, hentai leve.

Horas depois de terem deixado o vilarejo, Naraku e Yeda caminhavam lado a lado em passadas vagarosas, rumo ao sul, com a lua de prata como companheira de viagem, num majestoso céu estrelado.

Yeda sentia um misto de alegria e ansiedade, além de um pouco de receio, é claro, afinal, não conhecia assim tão bem aquele meio-youkai que conquistara seu coração. Havia diversas perguntas que gostaria de fazer.

– No que está pensando? - Naraku indagou, reparando no olhar divagante dela.

– Ah, são tantas coisas... Antes que nos conhecêssemos, você já tinha metade do mundo como inimigo, Naraku. Tivemos nossos impasses, mas as coisas que sei sobre você foram quase todas contadas por outras pessoas.

– Hum...

Yeda deteve os passos.

– Eu gostaria de ouvir sua história... De seus próprios lábios.

Naraku alcançou uma das mãos dela e beijou-lhe os dedos.

– Meus lábios podiam entretê-la de um jeito bem mais interessante...

Ela riu graciosamente.

– Imagino que sim, meu caro! Mas ainda assim, eu insisto.

– Está certo, como quiser.

Adiante, no caminho pelo qual seguiam, havia um arvoredo denso, onde eles resolveram parar, numa pequenina clareira. Não tinham sacos de dormir ou bagagem, nada, e nem precisavam, eram youkais de resistência física sobre-humanas.

Yeda sentou-se próxima de um tronco caído e Naraku no chão diante dela. A brisa noturna agitava levemente os cabelos deles e acariciava suas faces.

– Muito bem, para começar minha história pelo início, lembro-me de uma caverna, de um humano ganancioso e de uma mulher. Aconteceu há quase sessenta anos. O homem se chamava Onigumo, ele fora um ladrão que acabou sendo incendiado, mas sobreviveu miraculosamente. A mulher era a irmã mais velha de Kaede, a sacerdotisa Kikyou.

– Ah, sim... A velha Kaede me falou sobre isso.

Naraku assentiu com um gesto de cabeça e continuou:

– Kikyou cuidava das feridas de Onigumo e ele se apaixonou por ela. E esse amor, ou melhor, a obsessão que ele passou a ter por ela, foi a razão de tudo. Ele estava desfigurado, não tinha mais como se mover, então ofereceu seu corpo debilitado e sua alma aos youkais em troca de um novo corpo. Eu era um desses youkais. Um parasita apenas, praticamente irracional.

Yeda vidrou os olhos, muito espantada.

– A intenção da consciência youkai não era ajudar aquele pobre coitado, mas sim se apossar da Joia de Quatro Almas, da qual Kikyou era a guardiã. No momento em que os vários youkais se uniram à Onigumo, eu, Naraku, nasci.

Ele silenciou por alguns instantes, por causa da expressão de choque dela, mas logo prosseguiu.

– A parte youkai daquele ser híbrido detestava Kikyou, afinal ela era uma sacerdotisa, inimiga de youkais, enquanto Onigumo a amava e a queria de todo jeito. Mas então Onigumo soube que o coração de Kikyou já tinha dono, Inuyasha. Aproveitando-me do estado abalado dele, eu assumi a forma de Inuyasha e feri Kikyou gravemente, na intenção de que eles se matassem.

Yeda levou à mão aos lábios, pasma.

– Sentindo-se traída, Kikyou selou Inuyasha numa árvore. Eu só não imaginava que depois disso ela fosse se destruir junto com a Joia de Quatro Almas. Meus planos foram frustrados, assim só me restava continuar aperfeiçoando aquele corpo. Então selei Onigumo dentro de mim e comecei a absorver outros youkais e conforme ia me transformando, acabei me esquecendo da existência dele.

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